A exibição cuidadosa de objetos que refletem nossa personalidade e história pessoal é uma maneira poderosa de expressão em nossos espaços. Seja um troféu de conquista, uma coleção de livros amados ou vasos que trazem a natureza para dentro de casa, cada item tem seu significado especial. Para destacar esses tesouros, nichos e prateleiras desempenham um papel fundamental na decoração de interiores.
No entanto, a escolha e instalação desses elementos requerem cuidado e planejamento para garantir funcionalidade, estabilidade e estética harmoniosa. “É uma missão que demanda expertise e atenção aos detalhes, pois, para evitar imprevistos, é preciso levar em consideração o que e como se pretende expor”, diz Bruno Moraes, arquiteto do BMA Studio.
A seguir, confira algumas dicas para usar nichos e prateleiras nos ambientes corretamente!
1. Atenção com o dimensionamento
A importância da instalação correta de nichos e prateleiras vai além da questão prática, pois, quando bem posicionados, otimizam o uso do espaço e influenciam na percepção do ambiente. Para o arquiteto do BMA Studio, o dimensionamento inadequado resulta em ambientes em que o desequilíbrio compromete a estética geral.
“Os desafios inerentes ao design de nichos e prateleiras são muitos e começam pelo balanceamento das dimensões. Altura, profundidade e distância devem ser calculadas minuciosamente, considerando não apenas a funcionalidade, mas também a harmonia”, ressalta Bruno Moraes.
Primeiramente, deve-se ter noção do que será exposto, uma vez que essa informação influenciará, principalmente, na altura. “Um objeto importante e de valor sentimental merece destaque; por isso, é interessante estar na altura dos olhos. Outra possibilidade é dispor em um ponto mais alto, permitindo uma ampla visualização”, exemplifica o profissional.
Já a localização dos nichos e prateleiras devem ter em vista a entrada de luz natural, a circulação no espaço e a integração com outros elementos. Além disso, quando se trata de nichos, a espessura da parede ou do móvel onde eles serão embutidos precisa ser averiguado tanto em profundidade como nas dimensões do item a ser exposto.
2. Cálculo de carga
Calcular o peso dos itens que serão acomodados nos nichos e prateleiras é outro ponto que Bruno enumera para garantir a segurança. O descuido pode provocar riscos significativos, incluindo desabamento, instabilidade estrutural, lesões e danos materiais, além de prejuízos financeiros. Ele aponta que, com o auxílio técnico de profissionais especializados, o projeto assegurará as especificações técnicas do material usado, sua resistência à flexão ou compressão e outros fatores como o método de fixação.
“Para entender a carga suportada, analisamos o material da própria prateleira. Uma de vidro é diferente de uma de madeira que, por sua vez, também não é semelhante a um modelo de metal”, compara o arquiteto.
Na sequência, ele examina o local de fixação, pois de nada adianta um item robusto se a parede não aguentar o peso. Em uma parede de drywall, ele diz que o ‘problema’ é resolvido com a instalação de um reforço nos montantes internos da estrutura. “Isso é muito comum e executamos frequentemente em reformas e obras”, diz.
3. Cuidado com a estética
A delicadeza do design está na capacidade de integrar os nichos e as prateleiras de maneira a contribuir com a atmosfera desejada sem monopolizar a atenção. “Um nicho mal alinhado ou com espaçamento incorreto compromete seu foco principal, que é o de valorizar o objeto exposto”, explica Bruno. O arquiteto também discorre sobre a confusão visual causada pelo excesso, pois o olhar humano fica perdido – uma expectativa oposta ao pretendido.
Para o profissional, prateleiras flutuantes são sinônimos de leveza e, para tanto, precisam ser estruturalmente sólidas. Aço inox e pedras naturais possuem uma resistência superior em áreas externas e outros materiais vão depender do local, pois cada casa é um caso.
Em apartamentos pequenos, esses componentes se tornam soluções para maximização do aproveitamento do espaço. A funcionalidade se torna imperativa e o design inteligente permite a organização eficiente de objetos, livros e adornos, promovendo não apenas a beleza visual, mas também a praticidade cotidiana.
O arquiteto conta que já chegou a realizar nichos em apartamentos pequenos ao quebrar, literalmente, a parede para surgir o fundo do nicho. “Fiz isso, pois o apartamento era tão pequeno, que um nicho sobreposto na parede, atrapalharia a circulação”, recorda-se.
4. Uso de nicho em banheiros e áreas externas
Segundo Bruno, um nicho dentro do box pede o uso de pedra natural, porcelanato ou cerâmica. Já do lado de fora, o banheiro pode ter nichos e prateleiras executados em marcenaria. Por conta das intempéries, as áreas externas requerem, por exemplo, o nicho ou as prateleiras de aço inox, galvanizado com a aplicação de um fundo e pintura própria para áreas suscetíveis ao tempo, ou de madeira maciça, desde que devidamente impermeabilizada para sua integridade.
5. Iluminação como aliada
A iluminação adequada enfatiza elementos decorativos, realça características e concede pontos focais no ambiente. O uso de perfis de LED é o mais recomendado, mas o profissional do BMA Studio também sugere spots direcionáveis e luminárias de sobrepor. Ele também adverte sobre a atenção em considerar a temperatura de cor da luz, IRC e intensidade dos lumens como meios de prover uma iluminação mais atraente.
Por Emilie Guimarães