O transplante renal é uma opção de tratamento vital para pacientes com doença renal crônica avançada. Nesse procedimento, um receptor recebe um rim saudável de um doador, que pode ser uma pessoa viva ou falecida. Esse transplante restaura a função renal, melhorando significativamente a qualidade de vida e a sobrevida dos pacientes.
A doença renal crônica consiste em lesão renal e perda progressiva e irreversível da função dos rins. Esses pacientes necessitam de diálise, mas aqueles que recebem um rim doado têm, geralmente, uma maior sobrevida ao longo dos anos.
“Por esse motivo, a doação de órgãos é uma atitude nobre e deve ser encorajada. E a boa notícia é que as funções renais do doador vivo podem ser realizadas de forma normal por um único rim”, explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
Cuidados essenciais após o transplante renal
A médica explica que, no transplante renal, o rim saudável de uma pessoa viva ou falecida é retirado por meio de cirurgia e implantado no paciente, de forma que o órgão passa a exercer as funções de filtração e eliminação de líquidos e toxinas.
“É claro que toda pessoa que se submete a uma cirurgia e anestesia geral corre riscos, mas estes são minimizados com os exames pré-operatórios e os avanços nas técnicas anestésicas e cirúrgicas, que tornaram o procedimento muito seguro. Por outro lado, existem cuidados que o paciente receptor deve tomar”.
Após o transplante de rim, os remédios imunossupressores são prescritos para diminuir a chance de rejeição do órgão que ele recebeu. Os pacientes transplantados devem usar medicações durante todo o tempo que forem transplantados. O abandono da medicação pode ter sérias consequências como a perda do rim transplantado e outras complicações.
A seguir, a Dra. Caroline Reigada responde as principais dúvidas sobre transplante renal. Confira!
1. Quem pode ser um doador vivo?
Parentes e não parentes podem ser doadores, mas é necessária uma autorização judicial. “Vários exames são feitos pelo doador para se certificar que apresenta rins com bom funcionamento, não possui nenhuma doença que possa ser transmitida ao receptor e que o seu risco de realizar a cirurgia para retirar e doar o rim seja reduzido. O sangue do doador será cruzado com o dos receptores, para evitar riscos de rejeição”, explica a médica nefrologista.
Segundo a Dra. Caroline “as condições necessárias para ser um doador vivo é manifestar desejo espontâneo e voluntário de ser doador. É necessário enfatizar que a comercialização de órgão é proibida”, destaca.
2. Como é a doação de um falecido?
No caso de doadores falecidos, os rins são retirados após se estabelecer o diagnóstico de morte encefálica e após a permissão dos familiares. “O Conselho Federal de Medicina tem padrões rigorosos sobre a definição de morte encefálica”, explica a médica. Para receber um rim de doador falecido é necessário estar inscrito na lista única de receptores de rim, da Central de Transplantes do Estado onde será feito o transplante.
3. Quais são as orientações para o doador?
A vida de quem doa é mais comum do que se pode imaginar. “Não há comprometimento da vida e da saúde, desde que, o outro rim continue saudável. Mas orientamos o acompanhamento frequente junto ao médico nefrologista”, explica.
4. O doador pode beber?
O doador do rim pode consumir álcool, mas não é recomendado, uma vez que o consumo excessivo de bebidas alcóolicas é maléfico para os rins e pode ser perigoso para o doador e o receptor do órgão.
5. A doadora pode engravidar?
Não há restrição ou impedimento para as mulheres que doam o rim nesse sentido. “Elas podem engravidar normalmente (não haverá nenhum impedimento). Porém, é importante estar atenta à pressão arterial, buscar evitar a pré-eclâmpsia, diminuir e controlar ao máximo fatores de risco como a diabetes, obesidade etc.”, explica a médica nefrologista e intensivista.
6. O doador precisa tomar remédio após a doação?
Diferentemente do receptor, o doador não precisa de medicações contínuas após a doação, pois o procedimento em si não altera sua saúde a longo prazo. No entanto, no período pós-doação, é comum prescrever medicamentos para controlar a dor e o desconforto resultantes da cirurgia. Esses remédios são temporários e visam garantir uma recuperação tranquila e sem complicações para o doador. É importante que o doador siga rigorosamente as orientações médicas e mantenha um acompanhamento adequado para garantir sua saúde e bem-estar após a doação.
7. O rim transplantado dura para sempre?
Segundo a Dra. Caroline Reigada, alguns pacientes permanecem com os rins transplantados funcionando por vários anos (mais de 10 anos), mas em alguns casos o tempo de duração de funcionamento do órgão não é tão longo. Características relacionadas ao paciente que recebeu o órgão, como número de transfusões sanguíneas, transplantes anteriores; intercorrências ocorridas no momento do transplante renal e ao próprio órgão que foi doado terão impacto na duração do funcionamento do órgão.
“O rim transplantado também pode ser acometido com algumas doenças que poderão alterar sua função, como as infecções urinárias, obstruções na via de saída de urina e rejeições agudas ou crônicas (nesta situação, o organismo do paciente passa a reconhecer o rim recebido como estranho). Cada uma dessas situações tem um tratamento específico, e quanto mais cedo for iniciado, maiores as chances de manter o funcionamento do rim. Bons hábitos de vida são indicados para preservar esse órgão”, finaliza a médica.
Por Paula Amoroso