O ser humano é um agente transformador da Terra. Apesar de muito discutido – e principalmente abordado nos exames – é responsável por diversos problemas atuais sobre os quais tanto ouvimos falar (atualidades). Essas transformações humanas acontecem em razão das necessidades sociais. Influenciam a economia, o fluxo de migração, o meio ambiente, as indústrias, a tecnologia, o turismo, a agropecuária, os conflitos no campo, as atividades sociais, políticas e culturais, enfim, todas as relações humanas com o globo terrestre. Vejamos como relacionar isso.
Demografia
Área do conhecimento que estuda o comportamento e as transformações da população através da pesquisa e estatística. A população é o número de pessoas que habitam um espaço ou território. São considerados para compreensão de seu ciclo: natalidade, mortalidade, migração, nível médio de renda, distribuição, entre outros fatores. A população mundial atingiu, em 2019, 7,7 bilhões de habitantes, segundo pesquisa do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP). A distribuição da população é desigual nos continentes e países, veja as tabelas:
De acordo com pesquisas demográficas, a tendência é de redução de crescimento, algo em torno de mais 80 milhões de habitantes a cada ano (0,2% ao ano). Entretanto, o desenvolvimento tecnológico ligado à medicina, os cuidados com a saúde, o saneamento básico, entre outros, têm aumentado a expectativa de vida.
Sobre as migrações (movimentos da população), veja os principais conceitos.
- Imigração: entrada de população.
- Emigração: saída de população.
- Crescimento horizontal: diferença entre imigrações e emigrações.
- Crescimento vegetativo: diferença entre as taxas de natalidade (nascimentos) e de mortalidade (mortes).
- Transição demográfica: passagem de uma situação de alta taxa de natalidade e mortalidade para uma situação de estabilidade.
- Migrações pendulares: são sazonais quando acontecem em determinado período do ano por fatores naturais ou econômicos. Conhecidas como transumância quando relacionadas aos pastoreios migratórios de acordo com as necessidades de água e pastagens.
Crescimento da população
A partir dos anos 60, houve um elevado crescimento demográfico que retomou as ideias de Thomas Malthus, um economista inglês que relacionou o crescimento demográfico e a produção de alimentos. Adaptada à situação da época, ficou conhecida como Teoria Neomalthusiana. Para Malthus, a população iria crescer tanto que seria impossível produzir alimentos suficientes para alimentá-la. Propunha uma política de controle de natalidade para que houvesse um equilíbrio entre natureza e população. Tal teoria, mais tarde, contribuiria para as políticas efetivas de “planejamento familiar”, evitando outros males como a pobreza e o desemprego.
Urbanização
Significa a aglomeração populacional nas cidades em virtude dos polos industriais, da circulação de mercadorias, pessoas e dos fluxos de capitais, gerando uma série de implicações.
A urbanização torna a paisagem tipicamente marcada pelos prédios, pavimentação, obras estruturais e iluminação, acompanhada por uma série de problemas sociais e ambientais como falta de saneamento básico, enchentes, violência, favelização, falta de infraestrutura, poluição de várias modalidades, degradação ambiental, sistema de transporte ineficiente, aumento da informalidade etc.
Segundo a ONU, atualmente a população urbana corresponde a 54%. Nos países desenvolvidos (industrializados), essa média é de 77,7%, contra 46,5% nos países subdesenvolvidos. No Brasil, 84,72% da população é urbana (dados do IBGE 2015), sendo a região Sudeste mais urbanizada, com 93%, e a região Nordeste mais rural, com 73%.
Veja a urbanização por continente:
As megalópoles superam 10 milhões de habitantes em uma cidade:
Dos problemas das metrópoles, citamos:
- Poluição do ar: causada pela emissão de gases poluentes no ar, principalmente o monóxido de carbono (CO), o dióxido de carbono (CO2) e o dióxido de enxofre (SO2), prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Produção pelas indústrias e pelos veículos automotores.
- Poluição das águas: grande quantidade de lixo e esgoto jogada nos rios, afetando a saúde da população. Contribuem para a poluição a falta de coleta de lixo e a falta de tratamento de esgoto adequado.
- Ilha de calor: aumento da temperatura em determinadas partes de uma cidade, pela concentração de concreto (prédios, asfalto, vidros).
- Inversão térmica: a poluição do ar impede a troca normal de temperatura do ar na superfície: o ar frio e pesado fica em baixo (com as partículas da poluição) e o ar quente e mais leve fica em cima.
- Efeito estufa: aumento da temperatura no planeta em virtude dos gases poluentes emitidos pelas cidades. É chamado estufa, pois o planeta mantém a temperatura aquecida.
- Erosão: uso e ocupação irregular de áreas como encostas, margens de rios, excesso de peso das edificações, compactação do solo etc.
- Chuva ácida: os gases poluentes reagem com a água da umidade do ar, ocasionando chuvas com componentes ácidos e prejudicando plantações, edificações, automóveis e o ser humano.
- Enchentes e desmoronamento: chuvas que não têm para onde escoar, causando enchentes e desmoronamentos, destruindo e matando em razão da urbanização.
- Falta de áreas verdes: áreas urbanas desprovidas de matas, causando o aumento da temperatura e poluição do ar.
- Poluição visual e sonora: propagandas excessivas e o barulho alto dos grandes centros (indústria, comércio e veículos).
Transportes
Possuem três elementos:
- Infraestrutura: malha de transporte rodoviário, férreo, aéreo, fluvial, tubular.
- Veículos: automóveis, bicicletas, ônibus, trens e aeronaves, que utilizam essa malha.
- Operações: formas como os veículos utilizam a rede, como leis, diretrizes, códigos, de fim comercial, particular etc.
Nos centros urbanos, o transporte de pessoas divide-se em dois grupos: transporte público (para qualquer pessoa) e o privado (particular).
Os meios de transporte ainda podem ser divididos em:
- Terrestre: carros, ônibus, trem etc.
- Aquático: navios, canoa, barcos etc.
- Aéreos: aviões, helicópteros etc.
- Tubular: gasoduto, oleoduto etc.
Agricultura
- Agricultura tradicional: cultivo de determinada cultura sem utilização de defensivos agrícolas, sementes não selecionadas, sem correção do solo, com técnicas rudimentares como arado de tração animal. Com essas características, a produção é baixa.
- Agricultura moderna: cultivo intensivo em pouco espaço cultivado. Com modernas técnicas e máquinas (tratores e colheitadeiras), correção do solo (química), sementes selecionadas (transgênicos), fertilizantes, estudo do tempo para executar o plantio na época certa. Com essas características, é garantida alta produtividade.
- Revolução Verde: foi uma evolução biotecnológica no meio rural (década de 60) para aumentar a oferta de alimentos a fim de combater a fome. Não conseguiu eliminar o problema da fome e provocou uma aceleração da desigualdade fundiária, pequenas (tradicionais) e grandes (modernas) propriedades rurais.
- Agrossistemas Alternativos: forma de produção ecologicamente correta (produtos orgânicos, sem agrotóxico) para amenizar os problemas sociais e ambientais. Não há adição de substâncias químicas, mas o produto final (saudável) é pequeno em quantidade (se comparado com a população) e fica pouco acessível devido ao alto preço.
Para a harmonia do ser humano com o meio ambiente, uma prática está muito atual para conservar os recursos naturais e fornecer produtos saudáveis: a agricultura sustentável.
Diferentemente do que se pratica desde o primeiro plantio (poluição, queimada, destruição), a agricultura sustentável é idealizada em diversos círculos intelectuais, científicos e políticos sofrendo pressão global para ser implantada na sociedade como um todo, considerando que a agricultura permanece sendo a atividade humana que mais relaciona a sociedade com a natureza.
Poluição Química
É provocada por dois tipos de poluentes: biodegradáveis (detergentes, inseticidas, fertilizantes) e persistentes (DDT-Dicloro-Difenil-Tricloroetano, mercúrio) que causam sérios problemas a partir da contaminação.
A contaminação acontece quando os fertilizantes e os agrotóxicos são transportados pelas águas da chuva. Parte penetra no solo, que atinge o lençol freático e contamina o aquífero; outra parte é levada até os mananciais, como córregos, rios e lagos. Com a contaminação, toda a cadeia é afetada, inclusive o ser humano que utiliza a água que ficou sujeita à poluição pela produção agrícola.
Agropecuária
- Pecuária tradicional: criação de gado sem preocupação com a genética, com a saúde animal, com a qualidade das pastagens, os animais são criados soltos em grandes áreas sem receber maiores cuidados e com baixa produtividade.
- Pecuária moderna: é a criação a partir de cuidados com a genética, analisando as vantagens da criação de uma determinada raça, utilização de medicamentos, além de acompanhamento de um veterinário. Nesse sistema de criação, a área pastoril é de pastagens de qualidade e com elevado índice de produtividade.
Na agropecuária é onde a contaminação química é mais evidente em razão da utilização de insumos agrícolas como fertilizantes, inseticidas e herbicidas com objetivo de alcançar uma produção de melhor qualidade e, assim, obter melhores lucros e aceitação no mercado.
Transgênicos
São organismos geneticamente modificados para produzir plantas que são adaptadas a climas, solos e outros elementos diferentes dos naturalmente encontrados.
Para favorecer a rentabilidade na agricultura, o desenvolvimento de pesquisas e estudos recombina genes (preservando a essência através da engenharia genética) e insere genes de outros organismos. O objetivo é fazer um produto capaz de obter aspectos mais rústicos e de extrema produtividade.
Propicia a versatilidade de produtos diferenciados como, por exemplo, carne suína com menos colesterol. No caso dos vegetais, a intenção é obter uma quantidade maior de nutrientes e, ao mesmo tempo, mais resistente a pragas.
A polêmica dos transgênicos continua atual, uma vez que trata de alimentos destinados a humanos. Apesar de aparentemente não oferecerem nenhum tipo de risco, podem ocasionar sérias complicações, pois pouco se conhece sobre esse assunto. Não se sabe que consequências podem ocorrer caso haja rejeição de um organismo que recebe um gene estranho.
Industrialização
A industrialização é um dos principais fatores transformadores do meio ambiente. Provoca efeitos no movimento populacional, geração de metrópoles, interfere no interesse de produtos, entre outros. É a transformação de matérias-primas em produtos por meio do trabalho e uso de máquinas, sinônimo de modernidade e evolução. É dividida em três tipos básicos de indústrias:
- Indústrias de base: que fabricam os bens de consumo (duráveis não perecíveis e não duráveis perecíveis), consumidos por pessoas ou por outras indústrias para a fabricação de mercadorias mais específicas. Exemplo: máquinas industriais, alumínio, ferro, petróleo, alguns extrativismos etc.
- Indústrias de bens duráveis: que fabricam os produtos de extensa vida útil: eletroeletrônicos, automóveis etc.
- Indústrias de bens não duráveis: que produzem mercadorias perecíveis, de rápido consumo: alimentos em geral, vestuário etc.
Com o crescimento das indústrias, ocorre uma mudança no poder socioeconômico de uma cidade, que passa a se modernizar e consequentemente evoluir em todos os sentidos com o aumento de pessoas residindo em um mesmo local (crescimento populacional), procurando por mais espaço (transformando a paisagem com a urbanização), gerando maior procura pela atividade comercial (lojas) e serviços (profissionais qualificados), que se expandem e produzem mais empregos.
G8+5 até Rio+20
Muito se discute sobre os problemas mundiais sobre todos os aspectos. Em 2007, aconteceu uma reunião entre as oito principais potências econômicas (EUA, Canadá, Japão, França, Itália, Alemanha, Reino Unido e Rússia) e as cinco principais economias chamadas emergentes (Brasil, México, Índia, África do Sul e China) para discutir acerca do aquecimento global, na qual ficou confirmado que todas as alterações são causadas pelo ser humano. Embora o intuito seja sempre de estabelecer cooperação entre as economias para o desenvolvimento sustentável (no Brasil: Eco-92, Rio+10, Rio+20), pouco foi feito até agora.
Crise Hídrica
Em nosso planeta azul, mais de 97% da água é salgada (oceanos e mares). Do restante, apenas 0,4% está na superfície territorial (água doce). Com esses dados, não é difícil perceber que a necessidade de preservação deste bem está em alta. Mudanças climáticas, contaminação das fontes, mau gerenciamento dos recursos hídricos e crescimento demográfico são os principais vilões para a crise dos próximos anos.
Temos 132 mil km³ de água que pode ser realmente usada e esse número não mudou muito desde a origem do planeta. O que mudou foi a quantidade de humanos: a população cresceu. Em 1950, a população era de 2,5 bilhões. A estimativa da ONU é que, em 2050, sejamos 9,3 bilhões.
Não pense só na água para consumo. Junto ao aumento populacional, aumenta a demanda por mais energia, mais comida, mais roupa, mais indústria, mais tudo (que também necessita de água: hidrelétricas, agricultura, pecuária, indústrias). Só a indústria e a agropecuária consomem 90% da água do mundo.
Efeitos das mudanças climáticas
O aquecimento global intensifica a chuva em algumas regiões e castiga outras com longos períodos de seca. As geleiras derretem, o nível dos oceanos sobe e o mundo inteiro aquece. No Brasil, a seca atinge quase 10 milhões de pessoas. São 3,6 bilhões de reais em perdas de lavouras e mais de 16% do gado nordestino morto pela seca. O governo teve de intensificar os programas de assistência técnica e social, como o financiamento da produção agropecuária, venda subsidiada de milho e distribuição do Bolsa Estiagem, (auxílio financeiro para famílias de agricultores em municípios em emergência).
Com o panorama de chuvas abaixo da média, os reservatórios que abastecem as grandes cidades chegaram a níveis críticos, como em São Paulo. Uma das alternativas estudadas são os aquíferos (reservas de águas subterrâneas) como o Guarani, que ocupa uma área de 1,2 milhão de km² (70% sob o Brasil). Água doce suficiente para abastecer a população brasileira por 2,5 mil anos, mas, como implica alto investimento do governo, a opção mais imediata para a falta de planejamento é o racionamento do fornecimento de água à população.
Nos últimos quatro anos, a crise hídrica mudou o comportamento da população, das indústrias e do comércio em relação ao consumo de água tratada, que reduziu em 15%. Entre as medidas para driblar a escassez de água estão: mecanismos de reuso de água para limpeza, vasos sanitários, irrigação; sistemas de captação de água da chuva; dispositivos reguladores, sensores e válvulas de torneira. A boa notícia é que a adoção de bons hábitos para o uso racional de água é geralmente mantida, mesmo quando não existe crise.
Por Tao Consult