Na segunda-feira (19/09), a atriz Claudia Raia anunciou no Instagram que, aos 55 anos, está esperando o terceiro filho – o primeiro com o marido, Jarbas Homem de Mello. “Quando a médica me pediu um beta, o exame de sangue de gravidez, eu falei: ‘Amor, você está bem louca. De onde que você tirou isso? Eu tenho 55 anos de idade’. Aí ela falou: ‘Mas eu preciso investigar por que todas as suas taxas estão diferentes, estão estranhas’”, contou a artista na rede social.
Qualidade dos óvulos ao passar dos anos
Um dos fatores de maior impacto nas chances de gravidez espontânea é a idade da mulher. Isso porque elas já nascem com uma quantidade pré-determinada de óvulos, que também envelhecem com o passar dos anos. Como consequência, ocorre uma diminuição da qualidade dos óvulos, que passam a apresentar mais alterações cromossômicas e menos energia para gerar um embrião saudável.
Fertilização In Vitro e gestação tardia
Esse fato fez com que alguns se surpreendessem com o anúncio da atriz. Contudo, técnicas de reprodução assistida e preservação da fertilidade podem aumentar as chances de sucesso do procedimento.
“A Fertilização In Vitro (FIV) é um dos tratamentos de reprodução humana mais populares. No entanto, suas taxas de sucesso também são afetadas pelo processo de envelhecimento, já que a idade do óvulo utilizado é que determina a chance de gravidez”, explica o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da clínica Mater Prime, em São Paulo.
De acordo com o ginecologista obstetra, a chance de gravidez na Fertilização In Vitro com óvulo próprio aos 44 anos é de 5% e aos 45 anos é menor que 1%. “É claro que existem exceções à regra, como mulheres com reserva ovariana acima da média ou que congelaram os óvulos anteriormente. Mas, quando esse não é o caso, a solução é o tratamento conhecido como ovorecepção”, destaca o especialista.
O que é ovorecepção?
De acordo com o médico, a ovorecepção consiste no uso de óvulos doados para a realização da Fertilização In Vitro, que serão fecundados em laboratório com o sêmen do parceiro ou também de um doador para, em seguida, serem inseridos no útero da mulher que gerará o bebê.
“Através desse método, as chances de gravidez por meio da Fertilização In Vitro aumentam para cerca de 60% por tentativa mesmo em mulheres que já apresentam uma idade mais avançada, com mais de 40 anos”, explica o Dr. Rodrigo Rosa.
Conforme explica o ginecologista obstetra, a gestação por doação de óvulos ou de espermatozoides não reduz o papel de pais do casal receptor. “E é fundamental que temas como esses sejam cada vez mais discutidos para conscientizar a população sobre a importância da doação de gametas e para naturalizar a recepção dos óvulos e espermatozoides em tratamentos de fertilidade”, complementa.
Como é feito o procedimento da ovorecepção?
Uma vez optada pela ovorecepção, a Fertilização In Vitro ocorre como qualquer outra, com os óvulos doados sendo fertilizados em laboratório com os espermatozoides. “No período que precede a fertilização dos óvulos, os embriões vivem em um prato, em um forno aquecido à temperatura corporal. A equipe monitora seu crescimento e desenvolvimento e, eventualmente, escolhe o correto para transferir de volta para o útero”, explica o Dr. Rodrigo Rosa. O especialista conta que o embrião é transferido “de volta ao útero em um processo semelhante ao do teste de Papanicolau. Se você tiver muitos embriões saudáveis neste estágio, eles podem ser congelados para uso posterior”.
Início da gestação após a fertilização
Cerca de uma semana e meia a duas semanas depois que o embrião foi transferido, é feito um teste para ver se ele está aderido ao útero. “Um simples exame de sangue, ou mesmo um teste de gravidez caseiro, detectará os níveis de gonadotrofina coriônica humana (HCG), um sinal de que você finalmente está grávida”, diz o médico.
Com o teste positivo, inicia-se o período final de espera: as 38 semanas até o parto. A partir daqui a gestação segue normalmente como qualquer outra. Mas, é claro, um pequeno número de gestações é interrompido por abortos, sendo fundamental então adotar bons cuidados obstétricos para evitar complicações.
“Aqui os hábitos de vida dizem muito. Checar os níveis de Vitamina D também precisa ser feito, uma vez que a própria atuação da vitamina D no sistema imunológico também pode ter impacto na concepção. Níveis baixos podem resultar em rejeição da implantação do embrião pela gestante, tanto na Fertilização In Vitro ou na gravidez espontânea. Na dúvida, não tenha medo ou vergonha de fazer quantas perguntas quiser ao seu médico e de pedir clareza quando não entender algo, afinal, a gestação é um grande sonho”, finaliza o médico Dr. Rodrigo Rosa.
Por Maria Claudia Amoroso e Redação EdiCase