Com a proximidade da Copa do Mundo Feminina de Futebol, uma das maiores preocupações é o joelho, uma estrutura muito afetada por lesões. “Isso porque é uma articulação grande, complexa e responsável pela sustentação do corpo e pela absorção de impacto, sendo muito demandada durante a movimentação”, explica o Dr. Marcos Cortelazo, ortopedista especialista em joelho e traumatologia esportiva, membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Nesse sentido, o especialista explica que as mulheres devem tomar cuidado redobrado com a saúde dessa articulação, visto que lesões dos joelhos são mais frequentes no sexo feminino por 5 principais motivos. Veja quais são eles!
1. Anatomia
Homens e mulheres têm anatomias diferentes. “De maneira geral, as mulheres possuem uma bacia mais larga (ginecoide), tendem a ter joelhos valgos (arqueados para dentro) e apresentam um ângulo do quadríceps maior. Esses fatores causam alterações biomecânicas e de alinhamento, especialmente nos membros inferiores, aumentando assim a suscetibilidade das mulheres de sofrerem com condições como a condromalácia patelar, caracterizada pelo amolecimento da cartilagem da patela”, diz o especialista.
2. Ciclo menstrual
As flutuações hormonais que ocorrem durante o ciclo menstrual possuem impacto significativo nas articulações, o que faz com que a mulher seja mais ou menos propensa a lesões dependendo da fase do ciclo em que se encontra.
“As articulações, assim como as cartilagens que as protegem, possuem receptores de estrogênio, hormônio que contribui para a manutenção da saúde dessas estruturas. Logo, quando os níveis de estrogênio sofrem alterações durante do ciclo menstrual, essas estruturas tornam-se mais frágeis. Pode ocorrer uma maior frouxidão dos ligamentos, o que favorece, por exemplo, a ocorrência de lesões do ligamento cruzado anterior (LCA)”, afirma o ortopedista.
3. Menopausa
A menopausa é outro fator na vida das mulheres que influencia a saúde das articulações, justamente por causar alterações hormonais. “Conforme a produção hormonal é alterada na menopausa e os níveis de estrogênio diminuem, as articulações ficam mais inflamadas, o que causa dor em regiões como mãos, joelhos e ombros e favorece o surgimento de condições como a artrite e artrose”, acrescenta o Dr. Marcos. Ele ainda afirma que essa alteração hormonal que ocorre na menopausa também favorece a perda da massa óssea, levando à osteoporose e, consequentemente, aumentando o risco de fraturas e lesões no joelho.
4. Uso de salto
Os saltos fazem parte do guarda-roupa de praticamente toda mulher. No entanto, o uso excessivo desses calçados pode prejudicar a saúde dos joelhos. “Ao usar um salto alto, a distribuição do peso ao caminhar é alterada, concentrando-se no joelho, o que acaba exigindo mais da articulação da região, favorecendo, assim, o desgaste, principalmente, da cartilagem da patela. Como resultado, há aumento do risco de condições como a condromalácia patelar e a artrose”, explica o médico.
5. Prevenção
Então, como fazer para prevenir essas lesões? No caso do salto alto, é simples: “o ideal é evitar o uso desse tipo de calçado quando possível e, quando não, optar por opções com saltos mais baixos e bicos mais largos”, aconselha o especialista. Porém, a maior parte desses fatores não são modificáveis, afinal são características inatas das mulheres.
Contudo, alguns cuidados gerais podem ser tomados para prevenir problemas no joelho, como fazer alongamentos, controlar o peso, adotar uma alimentação balanceada, praticar exercícios de fortalecimento muscular, evitar a sobrecarga nos treinos e realizar os movimentos com técnicas adequadas e devidamente adaptadas para as características femininas.
“Especificamente tratando-se da menopausa, a reposição hormonal pode ser indicada, mas a avaliação deve ser feita caso a caso por um ginecologista”, diz o Dr. Marcos Cortelazo. Por fim, o profissional alerta que, ao sinal de dor, inchaço ou dificuldade de movimentar o joelho, o mais importante é buscar ajuda de um ortopedista para receber diagnóstico e tratamento adequados.
Por Maria Cláudia Amoroso