A Inteligência Artificial (IA) pode ser uma ferramenta poderosa para aprimorar a educação em todos os níveis, desde o ensino fundamental até o ensino superior. Por exemplo, ela pode ajudar a personalizar o aprendizado para cada aluno, fornecendo recomendações de conteúdo com base nas habilidades e interesses individuais.
Além disso, a IA pode ajudar os professores a avaliar o progresso dos alunos, identificar pontos fracos e fortalecer habilidades específicas. No entanto, enquanto há os que defendam que recorrer à tecnologia facilite a absorção de conteúdos, outros veem as novidades com visão mais conservadora, questionando até mesmo se o excesso de recursos não pode até mesmo dificultar o aprendizado
“As tecnologias que a IA proporciona permitem simular comportamentos humanos relacionados à inteligência, tais como o raciocínio, solução de problemas, percepção e, até mesmo, a tomada de decisões, mesclando o conhecimento humano ao artificial”, explica o professor de Química e influenciador Michel Arthaud, da Plataforma Ferretto – focada em preparação para o Enem e vestibulares.
Atenção com o uso da IA
A personalização do ensino é um dos pontos mais importantes para a absorção de conteúdo. Com o uso da Inteligência Artificial, os alunos tendem a se interessar mais pelos tópicos abordados, havendo uma disposição para compreender as disciplinas e ampliando as frentes de conhecimento.
Ainda assim, o seu uso tem sido alvo de intensos debates ao redor do mundo, principalmente por aqueles que acreditam que as habilidades humanas serão cada vez mais substituídas. “É inegável que a tecnologia deve ser aproveitada no aprendizado, mas alguns cuidados são necessários para que o método tradicional não seja 100% colocado de lado”, pondera Michel Arthaud.
Pensando nisso, o docente lista 4 pontos a se atentar no uso de IA na educação:
1. Reprodução de desigualdades
No Brasil, o uso da Inteligência Artificial pode criar uma desigualdade entre aqueles que têm acesso à tecnologia e aqueles que não têm, o que pode perpetuar a exclusão educacional. Além disso, a tecnologia pode ser projetada para atender às necessidades de certos grupos ou indivíduos, deixando outros de fora.
“Atualmente, grande parte das tecnologias educacionais são utilizadas no setor privado, e o que não queremos que aconteça, é a exclusão do setor público em mais uma camada. O uso de IA na educação é, sim, importante, mas é preciso garantir que todos os alunos tenham as mesmas oportunidades de acesso”, destaca o professor.
2. Dificuldade em identificar plágio
É comum que os alunos façam pesquisas e se inspirem em textos disponíveis na internet ao realizar um trabalho solicitado pelo professor. Entretanto, o problema é quando em uma tentativa de economizar tempo, o estudante copia todo o material acessado e entrega como se fosse autoral, resultando em plágio.
”O Chat GPT, ferramenta baseada em IA, é um dificultador desse processo. Existem softwares anti-plágio que verificam as semelhanças entre os textos localizados na internet e os ditos autorais, se o material foi criado a partir da tecnologia mencionada, muito provavelmente não será identificado”, explica o professor de Química.
3. Desenvolvimento de habilidades essenciais
Com o avanço da Inteligência Artificial, os alunos podem acabar tendo deficiências no desenvolvimento das habilidades necessárias para o aprendizado, como: leitura, interpretação de textos, escrita e compreensão. “A IA pode impactar diretamente na absorção de conhecimento e competências dos alunos. Isso acontece pois o sistema gera automaticamente um plano de estudos, facilitando o modo de pesquisa de campo. É importante haver um equilíbrio entre o estudo tradicional e tecnológico, para que todas as capacidades sejam desenvolvidas de forma correta”, recomenda Michel Arthaud.
4. Falta de contato pessoal
Por mais que a IA seja uma revolução na educação, tanto para os professores quanto para os alunos, é válido considerar que os planos de ensino podem ser afetados de forma direta ou indireta. “A tecnologia reduz o tempo de planejamento para a criação de uma aula, assim como pode reduzir o período de aprendizado dos alunos”, analisa o docente.
Por outro lado, ainda segundo ele, o contato entre alunos e professores também é afetado pela IA. “Quando as aulas são lecionadas de forma presencial, os professores têm um contato direto com seus alunos, conseguindo sanar dúvidas e questionamentos que surgem durante as explicações. Com o uso da IA essa interação diminui. Ou seja, os professores e alunos ganham por um lado, mas acabam perdendo por outro”.
Simulado inteligente
Buscando contribuir com o processo de aprendizagem dos estudantes, principalmente daqueles que já prestaram ou irão prestar vestibular, a Plataforma Professor Ferretto inaugurou o “Simulado Inteligente”, uma ferramenta que ajusta simulados de provas diariamente conforme a necessidade do aluno.
Questões de nível fácil, médio e difícil são geradas e adicionadas ao simulado conforme as respostas do treineiro. Dessa forma, o aluno consegue praticar o conteúdo aprendido de uma maneira muito mais efetiva e de acordo com as próprias particularidades.
“A Inteligência Artificial tem muito a somar com o setor da educação e com o desenvolvimento dos alunos, desde que a sua implementação seja muito bem pensada e discutida pelas instituições de ensino”, acrescenta.
Por Julia Calanca