Um estudo recente da Universidade Stanford, publicado no final de maio, ressalta a importância da triagem para a doença renal crônica. De acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia, essa doença afeta aproximadamente uma em cada dez pessoas adultas no Brasil.
No entanto, o prognóstico da doença, que costuma ser fatal e onerosa, poderia ser melhorado se todos realizassem exames de triagem a partir dos 35 anos para identificar problemas renais. “A triagem para doença renal crônica envolve o teste de albuminúria, a presença de albumina, um tipo de proteína, na urina. Sua presença na urina é um indicador de doença renal”, explica a Dra. Caroline Reigada, médica nefrologista, especialista em Medicina Interna e Nefrologia.
Aumento dos casos de doença renal crônica
Conforme explica a médica, a cada ano, 20 mil brasileiros entram em hemodiálise, um tratamento que limpa e filtra o sangue, fazendo o trabalho do rim do paciente diagnosticado com doença renal crônica. “O aumento da incidência da doença é impulsionado principalmente pela alta prevalência de comorbidades que lesam os rins, como obesidade, hipertensão e diabetes. Além disso, populações mais idosas tendem a sofrer mais com esse problema, quando a incidência aumenta para 46% dos indivíduos acima dos 64 anos”, acrescenta.
Benefícios do diagnóstico precoce
A Dra. Caroline Reigada destaca que o estudo revelou que a triagem em larga escala oferece um custo-benefício melhor, uma vez que medidas iniciais podem ser adotadas para controlar a progressão da doença.
Segundo a médica, identificar a condição o mais cedo possível é fundamental, pois permite tratar a doença de base associada e evitar a necessidade de diálise. Além disso, existem medicações que demonstraram diminuir a progressão da doença renal crônica até o estágio final.
“Também conseguimos agir na dieta e orientamos a vacinação do paciente, fazendo com que ele tenha menos doenças agudas que podem comprometer esse aceleramento para o estágio final”, ressalta a nefrologista.
Evitando a progressão da doença
A triagem após os 35 anos para doença renal crônica aumentaria a expectativa de vida e reduziria o número de pessoas que necessitam de diálise ou transplante. “A doença renal crônica geralmente é clinicamente silenciosa até que os pacientes atinjam o estágio avançado, portanto, muitas pessoas com a doença em estágio inicial não sabem que a têm”, explica a médica.
“Ao rastrear a doença renal, podemos diagnosticá-la e tratá-la em um estágio inicial, melhorando a expectativa de vida e reduzindo o risco de progredir para doença renal em estágio avançado, que é mortal e dispendiosa”, justifica.
Medicamentos que ajudam no tratamento
O estudo também descobriu que uma nova classe de medicamentos, os inibidores do cotransportador de sódio-glicose-2, retarda a progressão da doença renal. Essas drogas, usadas para tratar diabetes tipo 2 e aprovadas pela Food and Drug Administration, nos Estados Unidos, há cerca de 10 anos, mudaram a discussão sobre se a triagem para doença renal crônica em estágio inicial melhora os resultados clínicos.
Por Maria Cláudia Amoroso