Ano após ano, os profissionais da área da saúde e inovação se empenham em desenvolver novos medicamentos capazes de curar doenças e melhorar a condição de vida da população. Depois de um período de pandemia, ficou ainda mais evidente a importância de fazer investimentos na área da saúde, para garantir a criação de novos remédios, tratamentos e vacinas para diferentes tipos de comorbidades.
Tanto que foi justamente durante esse período, em 2020, que a indústria farmacêutica registrou crescimento de 26%, em comparação com 2018, atingindo a marca de R$129 bilhões no faturamento no Brasil, segundo pesquisas realizadas pelo IQVIA (empresa líder global no fornecimento de informação no setor clínico) disponíveis no Guia da Interfarma (Associação de Indústria Farmacêutica de Pesquisa) 2022.
Importância das pesquisas clínicas
Para produzir um medicamento novo ou, até mesmo, uma nova vacina, é necessário realizar diferentes etapas até chegar ao estágio final. Uma dessas etapas que desperta bastante curiosidade – e é essencial na hora de garantir que o estudo seja concluído com sucesso – são as pesquisas clínicas. Elas são feitas com pessoas voluntárias, que recebem tratamentos experimentais para conseguir avaliar e observar as reações e os efeitos que eles causam nos humanos.
“Os estudos clínicos são fundamentais para garantir que um determinado medicamento, tratamento ou vacina seja seguro e eficaz para o uso em seres humanos. O objetivo é encontrar alternativas terapêuticas para diversas doenças”, afirma Fernando de Rezende Francisco, gerente executivo da Associação Brasileira de Organizações Representativas de Pesquisa Clínica (ABRACRO).
Processo de seleção dos voluntários
O processo de seleção desses voluntários depende justamente do objetivo das pesquisas. No caso de um novo tratamento para uma determinada doença, são selecionadas pessoas que já têm um quadro clínico diagnosticado, e podem ser recrutadas nas clínicas em que elas já realizam tratamentos.
“Já quando as pesquisas são feitas com pessoas sadias com o objetivo de testar uma nova vacina, por exemplo, os estudos são realizados com pessoas que não estão em hospitais. Importante informar que o médico pesquisador pode fazer anúncios em diferentes meios, como escola, site, empresas e redes sociais, desde que aprovado pelo Comitê de Ética”, ressalta Fernando de Rezende Francisco.
Critérios para participar das pesquisas
Existem critérios para participar das pesquisas e os voluntários passam por um processo de seleção para garantir que cada um deles esteja apto a participar dos estudos. Além disso, no período de preparação para a testagem em pessoas, os voluntários são informados sobre todos os objetivos e procedimentos da pesquisa. Apenas após o esclarecimento de todas as dúvidas e o aceite em participar é que os estudos começam.
“Um ponto importante que precisa ser mencionado é que o voluntário não precisa permanecer até o final da pesquisa clínica, ele pode desistir a qualquer momento ou quando o médico achar que não é mais necessário seguir com a pesquisa. Não é o ideal, mas caso o voluntário não perceba mais valor na participação daquele ensaio, ele não é obrigado a ficar”, pontua Fernando de Rezende Francisco.
Remuneração pela participação em pesquisas
Outra dúvida recorrente quando o assunto são as pesquisas clínicas é se o voluntário é remunerado para participar das pesquisas. No Brasil, é proibido remunerar os participantes dos estudos clínicos, para evitar que o voluntário pense em sua participação apenas como uma forma de ganhar dinheiro ou trabalho, destoando do objetivo principal do projeto. Em alguns países, como nos Estados Unidos, os voluntários podem ser remunerados.
Porém, é garantido por lei no Brasil que os participantes sejam reembolsados pelos gastos que tiverem com transporte e alimentação. “É importante que o voluntário tenha consciência de que ele está colaborando com algo maior, como descobrir curas e salvar vidas. Além disso, ele vai ter acesso a tratamentos que ainda não estão disponíveis”, finaliza o executivo da ABRACRO.
Por Renato Lopes