Neste ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontecerá em novembro, e a redação é uma das partes mais importantes dessa prova. Por isso, costuma gerar preocupação em boa parte dos candidatos. Isso porque ela avalia o repertório do aluno, mas também sua habilidade de aplicar os conhecimentos adquiridos na escola e sua experiência social.
A redação detém o mesmo peso que uma área de conhecimento, correspondendo a 1/5 da nota total. Um desempenho sólido nesta parte do exame pode ser determinante para a aprovação em instituições de ensino que utilizam o Enem como parte do processo seletivo.
Isso aconteceu com Andressa Sales Santos, paraense de 17 anos, que atingiu a nota 980 na redação e foi aprovada em Direito na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA). Segundo Fernando Andrade, professor de redação no Estratégia Vestibulares — curso online preparatório para provas de alta complexidade, realizado pela jovem —, o caso da estudante comprova que se preparar para essa parte do teste tem o potencial de “virar o jogo” para o candidato.
Visando ajudar outras pessoas que passarão pelo mesmo processo, o especialista e a aluna elencam 5 dicas de treinamento para realizar a redação do Enem da melhor forma. Veja abaixo!
1. Atente-se aos padrões do Enem
Com dois avaliadores que não têm comunicação um com o outro, as redações são avaliadas com base na estrutura tradicional de dissertação (introdução, desenvolvimento e conclusão) e a partir de cinco competências:
- Ter domínio sobre a escrita formal da língua portuguesa;
- Compreender o tema e não fugir da proposta;
- Selecionar, organizar e interpretar informações em defesa de um ponto de vista;
- Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
- Apresentar proposta de intervenção.
Além desses quesitos, o professor do Estratégia ressalta que o aluno deve se atentar a certos pontos que podem prejudicar na redação. “O texto não pode ter menos de 7 linhas, nem ultrapassar 30. No primeiro caso, a redação é zerada; no segundo, aquilo que ultrapassa é desconsiderado. O aluno também não deve fazer um monobloco e desrespeitar os direitos humanos”, complementa.
2. Escreva com regularidade
Dedicar pelo menos um dia da semana à escrita é essencial para que o vestibulando treine a sua redação. “Escreva, mesmo que não esteja com vontade de fazer uma dissertação. Faça um diário, uma reavaliação do seu estudo ou até discorra sobre as últimas notícias, só não deixe de escrever. E certifique-se de que a sua produção seja avaliada por um leitor ou corretor; sem essa resposta, o vestibulando perde a noção dos erros que comete, que, invariavelmente, se repetem”, pontua Fernando Andrade.
Andressa enfatiza que essa prática constante contribuiu para o desenvolvimento da sua fluidez, clareza e coesão textual. “Em média, produzia cerca de três redações por semana, explorando diferentes eixos temáticos, e me adaptava conforme a carga de estudos”, relembra.
3. Familiarize-se com diversos temas
Os temas do Enem costumam ter recortes, ou seja, são compostos. Por isso, é imprescindível que o candidato se familiarize com assuntos variados que já caíram nas edições passadas, não se deparando com surpresas no momento do exame.
“Poucos dias antes da prova, eu havia feito uma redação sobre mulheres, que era o tema da vez. Ao longo do ano, eu também havia elaborado diversos textos sobre problemas sociais diferentes, o que tornou relativamente fácil dissertar sobre esse assunto em específico e até me ajudou a economizar tempo”, afirma a estudante.
O professor também explica que algumas ações realizadas durante o exame podem auxiliar ainda mais o aluno. “Leia o tema várias vezes, grife as suas palavras-chave e depois confira se aparecem nos parágrafos seguintes. E não se esqueça de observar atentamente os textos de apoio, já que trazem alguns núcleos argumentativos que eventualmente poderão ser trabalhados. Nem todos vão se encaixar na produção, mas alguns deles salvam redações inteiras se abordados corretamente”, diz.
4. Adquira repertório sociocultural
Requisito fundamental para que o participante atinja as notas mais altas, o repertório sociocultural configura-se como toda e qualquer informação, fato, citação ou experiência vivida que de alguma forma contribui como argumento para a discussão proposta pelo participante. Aconselha-se a se valer de pelo menos dois deles.
“Lembre-se que você já tem um repertório: um filme, uma série, uma música, um tópico de história, filosofia, dentre muitos outros. Anotar essas ideias é uma ótima maneira de listar evidências que podem ser aplicadas na redação, principalmente quando são associadas a raciocínios e argumentos lógicos”, indica o professor.
5. Identifique suas dificuldades
Cada experiência no Enem também possui um caráter individual, em que cada candidato precisará enfrentar dificuldades que não necessariamente outros vão se deparar. Por essa razão, a aluna aconselha aos estudantes a trabalharem os seus maiores obstáculos pessoais.
“A abordagem que adotei foi encontrar um esquema de redação que funcionasse para mim e, aos poucos, adaptá-lo até encontrar o meu próprio estilo de escrita. O autoconhecimento desempenha um papel significativo nesse processo de preparação para o Enem e os vestibulares em geral”, conclui Andressa.
Por Juliana Oliveira