Os medicamentos manipulados, comercializados por farmácias de manipulação, são remédios personalizados, preparados de acordo com a prescrição médica e adaptados às necessidades específicas de cada paciente.
Diferentemente dos industrializados de dosagem padrão, os manipulados oferecem uma abordagem mais personalizada, ajustando a concentração dos princípios ativos e permitindo a combinação de diferentes substâncias em uma única formulação.
A seguir, Paula Molari Abdo, farmacêutica pela Universidade de São Paulo (USP), diretora técnica da Formularium e membro da ANFARMAG (Associação Farmacêuticos), esclarece os principais mitos e verdades sobre medicamentos manipulados. Confira!
1. Qualquer medicamento pode ser manipulado
Depende. Hoje, a farmácia magistral, também chamada de farmácia de manipulação, conta com tecnologias capazes de produzir uma gama de produtos. No entanto, existem aspectos técnicos que nem sempre a farmácia consegue atender, como o drageamento.
Outro aspecto importante são as patentes e os produtos já disponíveis em determinada dosagem. “Por norma, não se manipula um produto que você pode encontrar exatamente igual na drogaria e que seja economicamente mais vantajoso”, diz Paula Molari, que também é especialista em Atenção Farmacêutica pela USP.
2. O medicamento manipulado é igual ao de drogaria
Mito. Os medicamentos vendidos na drogaria são industrializados, fabricados em grandes lotes e distribuídos para uma grande população. Já os manipulados são feitos individualmente. Em geral, são dosagens e formas farmacêuticas que não se encontram prontas.
3. Esse tipo de medicamento tem alguma vantagem em relação aos industrializados
Verdade. Na forma manipulada, o paciente recebe uma dose individualizada e um preparo exclusivo para sua necessidade. “Se pensarmos que a pessoa irá tomar um medicamento feito sob medida para sua enfermidade, certamente o manipulado terá maior eficácia e adesão ao tratamento”, pontua a farmacêutica.
4. Qualquer pessoa pode fazer uso de medicamento manipulado
Verdade. Mas somente se ele for prescrito por um profissional habilitado, que siga as indicações técnicas rigorosamente.
5. O medicamento manipulado não necessita de receita
Mito. Todo medicamento manipulado precisa de receita prescrita por um médico. “No entanto, na sua farmácia de confiança, há determinados produtos que podem ser preparados mediante receita do próprio farmacêutico”, orienta Paula Molari Abdo.
6. É possível escolher o tamanho/formato da cápsula desses remédios
Verdade: É possível escolher tamanho, cor e tipo de cápsula, de acordo com a necessidade de cada paciente. “As farmácias de manipulação passaram a produzir microcápsulas, cápsulas de fácil abertura, cápsulas hidrossolúveis, entre outros tipos, principalmente para atender crianças, idosos ou pessoas com problemas de deglutição”, explica.
7. O medicamento manipulado pode ser desenvolvido em outras formas farmacêuticas, como xarope, gel ou creme
Verdade. Segundo Paula Molari, essa é outra vantagem da farmácia de manipulação. “Muitas vezes, um produto industrializado só existe na forma de comprimidos. Já a farmácia de manipulação pode preparar a mesma substância em um xarope com sabor agradável para crianças, por exemplo”.
8. O medicamento manipulado é mais indicado para pessoas com intolerâncias a aromatizantes, conservantes, corantes, glúten ou lactose
Verdade. O medicamento manipulado pode ser preparado sem nenhum aditivo, conforme restrições, alergias ou intolerâncias do paciente.
9. Farmácias de manipulação precisam de controle de qualidade e certificação
Verdade. Toda farmácia de manipulação deve ter um controle de qualidade, com auditorias internas que analisam todos os insumos e embalagens que farão parte do medicamento, e também do produto final, para averiguar se está com o peso correto e testar a sua eficácia.
“Não é permitido pela ANVISA funcionar sem seguir inúmeras normas, como controle da água, qualificação de fornecedores, treinamento contínuo dos técnicos, entre outros quesitos. As farmácias de destaque no mercado possuem certificações de qualidade extras, como ISO 9001, SQM e o monitoramento da ANFARMAG, requisitos essenciais para atendimento a hospitais, por exemplo”, finaliza Paula Molari Abdo.
Por Flávia Ghiurghi