O aumento mamário por meio do implante de próteses de silicone, conhecida como mamoplastia de aumento, é uma das intervenções cirúrgicas mais populares em todo o mundo, especialmente no Brasil. Em contrapartida a essa tendência, há um crescente número de pessoas optando por remover suas próteses de silicone. Celebridades como Pamela Anderson, Victoria Beckham, Carolina Dieckmann e Giovanna Antonelli são exemplos marcantes desse fenômeno.
“O padrão de beleza já não é mais o mesmo de anos atrás. Se antes a busca era por seios grandes, hoje o objetivo é a naturalidade. Atualmente, mesmo as pacientes que procuram a mamoplastia de aumento estão optando por próteses menores. E aquelas que anteriormente colocaram implantes maiores estão optando por trocá-los e, principalmente, retirá-los, procedimento conhecido como explante mamário”, afirma a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
Mas, além da questão estética, existem alguns outros casos em que o explante mamário pode ser indicado, conforme a especialista pontua abaixo:
1. Conforto
Assim como ocorre em pessoas que possuem seios naturalmente muito grandes, pacientes que optaram pelo implante de próteses de silicone mais volumosas podem acabar sentido certo desconforto com o passar dos anos, especialmente conforme o corpo passa pelas transformações que ocorrem naturalmente devido ao processo de envelhecimento.
“Seios muito grandes e pesados podem causar uma sobrecarga da coluna e da musculatura da região, causando dores, prejudicando a postura e favorecendo a distensão da pele. Então, se a paciente começa a sentir que o tamanho das próteses está atrapalhando sua rotina e qualidade de vida, é possível optar pelo explante mamário”, afirma a cirurgiã plástica.
2. Contratura capsular recorrente
Após o implante de silicone, o organismo forma uma cápsula ao redor da prótese. Em alguns casos, essas cápsulas endurecem e até se tornam dolorosas. “Nesses casos, podemos incisar a cápsula, para deixá-la mais maleável, ou então remover a cápsula com a prótese, que é então substituída por um novo implante”, afirma.
No entanto, “quando essa contratura capsular começa a ocorrer de maneira recorrente e em curtos espaços de tempo devido a uma reação exagerada do organismo, o mais recomendado é remover a prótese definitivamente por meio do explante mamário”, diz a Dra. Beatriz Lassance, que acrescenta que a ruptura das próteses também exige que sejam retiradas ou trocadas.
“Estatísticas mostram que as chances de problemas como ruptura e contratura capsular aumentam após cerca de 10 anos. Então, após esse período, é recomendado que as próteses sejam trocadas, ainda que exista a chance de nada acontecer”, afirma.
3. Doenças do “silicone”
Problemas como a síndrome ASIA e o linfoma anaplásico de células grandes (BIA-ALCL) podem estar relacionados ao implante de próteses de silicone, exigindo sua retirada. Mas a Dra. Beatriz Lassance afirma que não devem ser motivo de preocupação para quem já fez ou pretende fazer a mamoplastia de aumento. “Esse assunto ganhou destaque nos últimos anos, gerando grande receio nas pacientes. Mas, na realidade, são casos extremamente raros e ainda há pouca evidência científica sobre sua real causa”, diz a especialista.
A médica explica que a síndrome ASIA ocorre quando substâncias estranhas ao corpo humano, incluindo o silicone e até vacinas, desencadeiam uma reação imunológica que faz com que o organismo ataque a si, causando o aparecimento de complicações inflamatórias e autoimunes locais e generalizadas, com sintomas como fadiga crônica, dor articular e muscular e fraqueza muscular.
Já o linfoma BIA-ALCL é um câncer de crescimento muito lento e que não leva à metástase, cuja causa ainda não é conhecida, podendo estar relacionado a bactérias, à prótese ou a fatores genéticos. “Mas, caso essas doenças realmente tenham sido desencadeadas pelas próteses de silicone, o tratamento na maioria dos casos consiste simplesmente na remoção da prótese mamária”, afirma a médica.
Como é feito o explante de silicone?
Ao contrário do que muitos pensam, não basta simplesmente retirar a prótese. “Quando retiramos a prótese, há uma diminuição deste volume, então a pele também deve ser tratada, caso contrário ficará flácida. É como um balão que, quando esvaziado, não retorna à forma inicial”, diz a médica, que explica que a quantidade de pele que precisa ser retirada depende de fatores como o tamanho da prótese e da glândula mamária.
“Vale lembrar que, quanto maior a quantidade de pele que precisa ser retirada para dar forma à mama, mais significativas serão as cicatrizes resultantes”, destaca. Além disso, em alguns casos, como quando a paciente tem uma glândula mamária muito pequena, é necessário também preencher a mama com enxerto de gordura retirada da própria paciente por meio de lipoaspiração.
“A retirada da prótese é realmente simples, mas a modelagem da nova mama pode ser demorada. E quanto maior for a cirurgia necessária para modelar a mama após a retirada da prótese, maiores serão os cuidados perioperatórios”, finaliza a Dra. Beatriz Lassance.
Por Guilherme Zanette