O Dia dos Pais é uma ocasião para destacar a importância da figura paterna no desenvolvimento dos filhos, apoiando funções comportamentais e cognitivas essenciais. Embora eles muitas vezes subestimem seu papel, a paternidade provoca profundos impactos, inclusive cerebrais, como explica o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, pós-doutor em neurociências e membro da Society for Neuroscience nos EUA e da Sigma XI.
“Nosso cérebro possui uma grande habilidade de adaptação, a neuroplasticidade, que permite a ele se modificar de acordo com as necessidades. No caso da paternidade, existem funções e habilidades fundamentais que foram forjadas por anos de evolução e que se intensificam naturalmente após a chegada de um filho”, explica.
Cérebro paterno
Normalmente tem-se a ideia de que a mãe sofre modificações mais intensas com a chegada de um filho, mas os pais também passam por mudanças durante essa fase. “Um estudo publicado na revista Cerebral Cortex revelou, por meio de exames de imagem, que os pais podem ter mudanças no volume do córtex cerebral com a paternidade”, diz o médico.
Essas transformações afetam, inclusive, o tamanho do órgão. “Inicialmente, o cérebro do pai pode diminuir um pouco de tamanho, mas essa redução é temporária e o cérebro volta ao normal depois de algum tempo. Essa mudança está relacionada ao aumento da atenção e foco necessário para cuidar do bebê”, ressalta Dr. Fabiano.
Diferenças entre o pai e a mãe
Segundo o médico, a evolução forjou os cérebros do homem e da mulher de formas bem diferentes conforme as necessidades dos nossos antepassados e isso se mantém mesmo com as mudanças típicas da chegada de um bebê.
“Em média, os homens têm cerca de 30% mais conexões neuronais e um cérebro cerca de 12% maior do que o das mulheres. Já os cérebros femininos têm uma maior proporção de substância cinzenta e um fluxo sanguíneo mais intenso, o que gera formas muito diferentes de processar informações”, completa o especialista.
Os hormônios também influenciam os comportamentos de um pai e de uma mãe. “A testosterona, nos homens, estimula comportamentos impulsivos, enquanto, nas mulheres, altos níveis de ocitocina e prolactina durante e após a gravidez ajudam nas contrações, amamentação e causam um apego materno ao bebê”, explica o Dr. Fabiano.
Mudanças com a paternidade
Veja, a seguir, 5 mudanças neurológicas que acontecem com a paternidade.
1. Aumento da atividade cerebral
Estudos de neuroimagem mostram que a paternidade está associada a um aumento da atividade cerebral em áreas como o córtex pré-frontal medial e o sulco temporal superior, que estão relacionadas ao processamento social e emocional. Isso pode ajudar os pais a reconhecerem as necessidades e as emoções dos seus filhos e responderem adequadamente.
2. Mudanças nas amígdalas
A paternidade pode levar a mudanças na amígdala, uma área do cérebro importante para o processamento de emoções como o medo e a ansiedade. Essas transformações podem ajudar os pais a se tornarem mais sensíveis às necessidades emocionais de seus filhos.
3. Crescimento de novas conexões neurais
A paternidade pode estimular o crescimento de novas conexões neurais em áreas do cérebro importantes para o cuidado e a criação dos filhos, fortalecendo o vínculo entre pai e melhorando a capacidade do pai de cuidar e proteger seus filhos.
4. Redução dos níveis de testosterona
A testosterona é um hormônio sexual masculino que está associado à agressividade e à competitividade. Os seus níveis diminuem em homens que se tornam pais, o que pode ajudar a torná-los mais cuidadosos e protetores com seus filhos.
5. Aumento dos níveis de ocitocina
A ocitocina é um hormônio que está associado ao vínculo social e ao amor. Estudos mostram que os seus níveis aumentam em homens que se tornam pais, o que pode fortalecer o vínculo com o filho.
Por Adriana Quintairos