O envelhecimento da população é um fenômeno global que está afetando todas as partes do mundo. O aumento da expectativa de vida tem sido acompanhado por um aumento na incidência de deficiências físicas e cognitivas associadas ao envelhecimento. Como resultado, o envelhecimento de pessoas com deficiência é um tópico cada vez mais importante na pesquisa em todas às áreas da saúde.
O ajuste à idade avançada é um desafio para muitas pessoas com deficiência pela perda de habilidades físicas e cognitivas pode afetar a independência, a qualidade de vida e a autoestima. Essas pessoas também enfrentam barreiras adicionais para acessar serviços de saúde e suporte social, dificultando ainda mais a adaptação positiva ao envelhecimento.
Independência é principal preocupação
Uma das principais preocupações para as pessoas com deficiência que estão envelhecendo é a manutenção da independência e da qualidade de vida. A perda de habilidades físicas e cognitivas pode afetar a capacidade de realizar atividades da vida diária, como se vestir, se alimentar e se locomover. Tais indivíduos podem enfrentar barreiras adicionais, como a falta de acessibilidade em espaços públicos e de transporte acessível, que afeta ainda mais a independência e mobilidade.
A saúde física e mental é um fator importante na qualidade de vida das pessoas com deficiência que estão envelhecendo. Há maior risco de desenvolver doenças crônicas, como diabetes, doenças cardíacas e respiratórias, afetando a capacidade de realizar atividades espontâneas e diminuir a qualidade de vida. Além disso, a saúde mental pode ser afetada pelo estigma associado à deficiência e pela falta de acesso a serviços de saúde mental qualificados.
Rede de apoio é necessária para manutenção do bem-estar
A rede de suporte social é um fator importante na adaptação positiva ao envelhecimento para pessoas com deficiência. Muitas delas enfrentam barreiras para se envolver em atividades sociais, o que pode levar a sentimentos de isolamento e solidão. A perda de habilidades físicas e cognitivas pode afetar a autoimagem e a autoestima, levando a sentimentos de ansiedade, depressão e isolamento social.
O envelhecimento desse grupo é um desafio complexo que requer uma abordagem multidisciplinar. Os desafios incluem a manutenção da independência, a saúde física e mental, a rede de suporte social, a autoestima e a autoimagem. No entanto, ao contrário das gerações anteriores, hoje as pessoas com deficiência estão envelhecendo mais por vários motivos.
Avanços na medicina
Ao longo das últimas décadas, houve grandes avanços na ciência, incluindo diagnóstico precoce e tratamento de várias condições de saúde. Isso, por sua vez, tem permitido que as pessoas com deficiência desfrutem de uma melhor qualidade de vida.
Melhorias no acesso a cuidados de saúde
Atualmente, há um maior acesso a cuidados de saúde para pessoas com deficiência, incluindo uma variedade de serviços médicos, terapêuticos e de reabilitação disponíveis para atender às necessidades específicas dessas pessoas. O acesso a tratamento especializado e as tecnologias assistivas também contribuem para uma melhor qualidade de vida e longevidade.
Conscientização e inclusão social
Houve um aumento significativo na conscientização e inclusão social dessa parcela da sociedade, resultando em mudanças nas atitudes e no acompanhamento em relação à elas, bem como na implementação de políticas e leis que visam garantir direitos e oportunidades iguais. Essa maior inclusão social proporciona um ambiente mais propício para o desenvolvimento e o envelhecimento saudável das pessoas com deficiência.
Transformações nas atitudes e políticas
A mudança de perspectiva tem levado a políticas mais inclusivas, que buscam garantir a igualdade de oportunidades em todas as áreas da vida, incluindo emprego, educação, acesso a serviços e participação na comunidade. Tais projetos são feitos pensando em oferecer às pessoas com deficiência uma maior autonomia e independência, permitindo-lhes viver vidas mais plenas.
As pessoas com deficiência estão envelhecendo mais hoje em comparação com as gerações anteriores devido a uma combinação de avanços na medicina, acesso a cuidados de saúde especializados, bem como em decorrência da conscientização e inclusão social, além de mudanças nas atitudes e políticas. Essas medidas permitem que essas pessoas tenham vidas mais plenas e envelheçam com maturidade. É um reflexo positivo do progresso social e da valorização da diversidade e inclusão em nossa sociedade.
Por Emílio Figueira
Jornalista, psicólogo, psicanalista e escritor, com 40 anos de experiência na área da inclusão. Autor, dentre outros, dos livros “Psicologia e Inclusão” e “As Pessoas Com Deficiência Na História Do Brasil”, ambos pela Wak Editora