O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) será realizado nos dias 03 e 10 de novembro. Na prova, a redação é uma das maiores fontes de ansiedade para os estudantes. Representando 20% da nota final, essa etapa exige habilidades em escrita, pensamento crítico, reflexão e argumentação. Além disso, costuma tratar de temas contemporâneos de relevância social, política, ambiental ou cultural.
Para se preparar, especialistas aconselham que os candidatos se dediquem aos eixos temáticos, que abrangem áreas amplas e podem incluir vários assuntos em uma mesma questão. Para 2024, as apostas mais comuns, considerando o cenário atual, sugerem que os organizadores da prova escolham entre os seguintes eixos temáticos:
1. Saúde mental
Com a necessidade cada vez maior de se discutir sobre saúde mental, principalmente entre jovens, esse tema pode ser abordado. A proposta pode incluir debates sobre depressão, ansiedade e bem-estar emocional.
2. Tecnologia e seus impactos sociais
O uso excessivo de tecnologia, a privacidade digital, a inteligência artificial e seus reflexos no mercado de trabalho e nas relações sociais também podem ser temas escolhidos.
3. Sustentabilidade e meio ambiente
Mudanças climáticas, gestão de resíduos e preservação dos recursos naturais são sempre assuntos em alta, com grandes chances de serem abordados, pois são questões urgentes e constantemente discutidas em nossa sociedade.
4. Inclusão e diversidade
Discussões sobre diversidade de gênero, etnia, orientação sexual e acessibilidade têm ganhado destaque nos últimos anos.
Atenção às questões da atualidade
A professora de Redação do Colégio Positivo e assessora pedagógica de Redação no Centro de Inovação Pedagógica, Pesquisa e Desenvolvimento (CIPP) dos colégios da Rede Positivo, Candice Almeida, alerta que o estudante deve se manter atualizado lendo jornais, revistas e acompanhando debates sobre questões sociais contemporâneas.
“O aluno precisa ficar atento às questões de atualidades e a tudo o que acontece em nosso país e no mundo. Não que tais acontecimentos sejam o tema em si, mas certamente poderão ser repertórios importantes para a defesa de um ponto de vista”, explica.
Segundo ela, em relação ao meio ambiente, as enchentes no Rio Grande Sul podem não ser o tema da redação do Enem deste ano, mas se o assunto for relacionado à crise climática, o estudante pode utilizar o conhecimento adquirido sobre o assunto para argumentar sobre as consequências dessa crise.
“No campo da tecnologia da informação e comunicação, o Chat GPT pode não ser o tema escolhido, mas a Inteligência Artificial e seu impacto no trabalho, sim, e então o aluno pode usar o Chat GPT como um exemplo em suas argumentações”, explica Candice.
A professora de Redação do Colégio Semeador, em Foz do Iguaçu (PR), Kayanna Pinter, acrescenta que, além de estar atento aos possíveis temas, é fundamental desenvolver a capacidade de argumentação. “Sempre orientamos nossos alunos a observar como esses temas e problemas discutidos em nossa sociedade são tratados de forma estrutural, para que consigam construir uma boa argumentação e compreender a problemática social enraizada no Brasil ou no mundo. Isso lhes dará mais capacidade analítica e argumentativa”, destaca.
Competências da redação do Enem
Além do tema, é fundamental que os candidatos prestem atenção também nas competências exigidas ao elaborar a redação do Enem. A avaliação do texto é baseada em cinco competências, e conhecê-las é essencial para alcançar uma boa nota. São elas:
- Competência 1: demonstrar domínio da norma culta da língua portuguesa, evitando erros gramaticais, ortográficos e de pontuação;
- Competência 2: compreender o tema proposto e desenvolver uma argumentação adequada e pertinente;
- Competência 3: organizar as ideias de forma coesa e coerente, utilizando conectivos que garantam a fluidez entre as partes do texto;
- Competência 4: demonstrar a capacidade de argumentar com base em dados, fatos e exemplos consistentes e relevantes. Para isso, o repertório e a visão crítica do estudante serão imprescindíveis;
- Competência 5: Apresentar uma proposta de intervenção clara, detalhada e que respeite os direitos humanos, a partir dos cinco elementos necessários: agente, ação, modo, finalidade e detalhamento de um dos itens anteriores.
Segundo Candice Almeida, para aplicar corretamente todas as competências exigidas, o aluno precisa estudar e ter bom domínio de todas as áreas do conhecimento. O repertório sociocultural que ele vai usar para defender seu ponto de vista não deve se limitar aos textos motivadores. Ele pode mencioná-los, mas precisa apresentar também seu próprio repertório. Por isso, é importante ter tido contato com áreas como filosofia e sociologia.
Esse repertório deve ser legítimo, amparado por uma área do conhecimento relevante ao tema. O Enem não costuma propor temas que pedem apenas uma posição a favor ou contra determinada questão. A proposta é que o candidato explore o assunto, abrindo um debate sobre seus desafios, estigmas, efeitos e possíveis soluções.
Como não zerar a redação do Enem
Muitos candidatos também se preocupam com os motivos que podem levar ao zeramento da redação do Enem. Para evitar que isso aconteça, a professora Kayanna explica o que os estudantes devem observar enquanto produzem o texto. “Em relação a uma possível nota zero na redação, os principais fatores são a fuga ao gênero textual e a fuga ao tema. É importante também prestar atenção às rubricas e símbolos, que não podem ser utilizados”, explica.
Além disso, conforme a professora, textos considerados insuficientes também podem ser zerados, ou seja, com menos de 8 linhas. “Ademais, ideias e posicionamentos que possam ferir princípios dos direitos humanos também podem levar à nota zero na competência cinco. Por fim, é preciso evitar o tangenciamento, que ocorre quando o tema é abordado de forma incompleta, superficial ou com uma compreensão equivocada do que foi pedido ou proposto”, enumera.
Como dica final, Kayanna destaca a importância de o estudante exercitar a argumentação. “É fundamental que os candidatos observem a própria realidade com um olhar mais crítico. Dessa forma, tudo pode ser utilizado como repertório para construir um posicionamento sólido”, explica.
Para isso, ela recomenda argumentar. “Utilize recursos como comparações, inclua e analise dados, conectando-os à realidade social e demonstre como você, enquanto candidato, enxerga essa realidade. Uma abordagem argumentativa, sem dúvida, contribuirá para elevar a nota”, conclui.
Por Bruna Zembuski