Chegamos a um ponto em que o conceito de remake começa a tomar várias formas diferentes, e uma característica tem sido comum à maioria deles: não dá para apenas relançar o mesmo jogo só com gráficos melhores. Os videogames permitem muito mais hoje do que nos tempos do PS1 ou PS2, e não usar isso para acrescentar novidades é um grande desperdício.
Mas o que acrescentar a Resident Evil 4, considerado um dos melhores jogos de todos os tempos? Bem, a Capcom tem longa experiência no assunto: os remakes de Resident Evil 1 e 2 estão no pódio de melhores releituras. RE4, feito pelo mesmo time de RE2 Remake, parece misturar um pouco dos dois.
Jogo de terror
Do incrível REmake, como é conhecido o de RE1, vem a intenção de criar uma atmosfera mais sombria e voltada ao terror do que no jogo original. Assim como a mansão Spencer se tornou um lugar escuro, iluminado por velas, abajures e luz do luar, a vila na Espanha, onde acontece boa parte de RE4, agora é escura e com bastante chuva (até demais). Partes internas também se transformaram com a nova iluminação. É até necessário usar a lanterna para conseguir enxergar de verdade.
Expansão da história e aprofundamento dos personagens
Nem precisamos citar o pulo gigantesco na qualidade visual em geral, levando em conta os 18 anos que separam o lançamento do Gamecube e esse para PS5. Mas vale comentar como os personagens têm o estilo um pouco diferente de antes. Ashley é um pouco mais adulta na versão atual e reflete melhor seus 20 anos de idade do que no original, e Leon tem mais cara de veterano e um rosto menos “de bebê”.
Essas diferenças combinam com a história, que foi um pouco expandida. O RE4 original só tinha cenas para o que era absolutamente necessário, já o remake vai dar um contexto maior para os motivos e a situação em que Ashley foi raptada antes do jogo, e também fala mais sobre o culto envolvendo Las Plagas.
Mudanças na jogabilidade e novos desafios
De Resident Evil 2 Remake, temos a adaptação de sistemas super antigos dos games daquela era para os padrões modernos. Os quick time events foram abolidos, o que alguns dirão que tira um pouco da essência de RE4, mas é uma boa mudança.
Leon pode mirar e andar ao mesmo tempo, e foi necessário deixar os inimigos um pouco mais agressivos para compensar essa liberdade empoderadora. E a faca passou a ter limite de uso, não é mais “infinita”. Em troca, Leon pode usá-la para se defender dos inimigos durante ataques.
Outras mudanças farão Ashley ser menos irritante do que antes – ela pelo menos tenta se salvar antes de gritar por ajuda. Há também novos inimigos, áreas inéditas e algumas sidequests com itens extras dos misteriosos vendedores do game.
Por Douglas Martinez – Editora Europa