Muitas pessoas já se encontraram na situação de tentar definir o status de um relacionamento. Embora as fases evolutivas de um relacionamento sejam claras, identificar o momento em que essas mudanças se tornam oficiais nem sempre é fácil. Essa incerteza deu origem ao termo “situationship”, em que os relacionamentos se baseiam em uma conexão emocional sem compromisso ou planos, sem rótulos de namorado/namorada.
No entanto, isso vai além de uma simples “ficada” ou encontro casual. Existe uma ligação emocional e íntima presente nesses tipos de relacionamentos. A liberdade de não seguir padrões preestabelecidos torna esse modelo de relacionamento muito atrativo, especialmente para a geração Z (pessoas nascidas entre 1995 a 2010).
Jovens mais relutantes para compromisso
Uma pesquisa com mais de 150 estudantes, feita pela professora de sociologia Lisa Wade, da Universidade de Tulane, nos Estados Unidos, mostrou que a geração Z é mais relutante para namorar e se envolver amorosamente em qualquer formato. Por isso, um modelo de relação que nomeia a área cinza entre se conhecer e namorar sério é atrativo para eles.
Segundo Maicon Paiva, espiritualista da Casa de Apoio Espaço Recomeçar, a dificuldade em definir o estado de um relacionamento faz com que muitas relações sejam de “casais de ocasião”. “O status de relacionamento, atualmente, se tornou um objetivo individual, usado para fotos em redes sociais do casal – algo que parece mais importante do que viver a relação em si. Tudo bem que não exista uma regra fixa para definir o estado de um relacionamento, mas, ao invés de conversar sobre o assunto, algumas pessoas preferem relacionamentos casuais, principalmente os mais jovens”, diz.
Influência dos aplicativos de relacionamento
O termo situationship é bem novo; foi criado pela primeira vez por Carina Hsieh em 2017, numa época em que os aplicativos de relacionamento estavam se popularizando, trazendo o conceito de match. Naquela época, várias pessoas descobriram a facilidade de conhecer pessoas por intermédio desses canais digitais e, caso o encontro não fosse agradável, tinham à disposição uma série de outras pessoas que podiam conhecer.
Relacionamentos fluidos
A possibilidade de relações intensamente mutáveis, como no situationship, remete ao conceito sociológico de modernidade líquida, desenvolvido pelo acadêmico Zygmunt Bauman. A ideia central está na percepção das constantes mudanças e a perda do senso de controle de nossas vidas. Como resultado, as relações sociais se tornam fluidas, sejam no trabalho, na família, na amizade e no amor.
4 formas de identificar uma situationship
Com o surgimento de uma nova forma de definir a relação, algumas pessoas podem ser colocadas em uma situationship sem que percebam. Por isso, o espiritualista Maicon Paiva dá alguns conselhos valiosos para te ajudar a identificar esse tipo de relação:
1. Não existem planos para o relacionamento
Se a pessoa com quem você está não fala nada sobre o desejo de estar com você por mais tempo e não existe uma demonstração clara de querer estar junto a médio e longo prazo, talvez haja um descompasso entre as expectativas de ambos.
2. A relação ainda não foi definida
Se algo não tem nome, é como se não existisse e, consequentemente, o que é permitido e restrito na relação fica indefinido. Muitas pessoas que optam pelo situationships evitam dar nome ao que sentem e ao que acontece entre os dois, justamente para ter o outro à disposição quando quiserem.
3. O status muda conforme a conveniência
Motivado pela relação estar muito aberta, a pessoa com quem você está aproveita para definir nas entrelinhas em qual estágio vocês estão. A estratégia de criar dúvida sobre o que acontece entre os dois é aplicada por quem quer colocar o outro em um relacionamento de situação.
4. Você não é prioridade
Caso você perceba que não é prioridade para a outra pessoa, pode estar em um relacionamento de situação, pois ela restringe a sua presença em momentos específicos, evitando te incluir em outros aspectos da vida dela.
Por Gustavo dos Santos Souza