Naruto Shippuden pode não ter a qualidade visual inigualável de anime que os da Arc System Works têm. Pode não ser completamente original e maluco enquanto anime como Asura’s Wrath, obra original da própria CyberConnect2. E também não tem as mecânicas e a profundidade que um jogo de luta “de verdade” como Dragon Ball Fighter Z tem.
Porém, o último Ultimate Ninja Storm tem a importantíssima distinção de coroar a melhor adaptação de anime já feita nos videogames. Ultimate Ninja Storm começou lá no PS3 e resolveu contar toda a história do mangá Naruto do seu jeito próprio – tomando o anime como inspiração, mas fazendo só o que funcionaria para manter o jogo fiel e interativo. O visual de altíssima qualidade ajuda a vender os momentos cruciais como adaptações legítimas.
O final de Naruto requer muita responsabilidade
Quem tentar comparar a obra com esses jogos vai ter que aceitar que a CyberConnect2 várias vezes fez um trabalho melhor que o Studio Pierrot em seu anime. UNS4 encarou a grande responsabilidade de reproduzir a parte final da história de Naruto, cheia de momentos gigantescos e épicos, mas também tem uns problemas chatos na história que não há como evitar – não dá para adaptar direito sem manter as partes esquisitas da história.
Mas o jogo fez o que pôde para criar conexões emocionais com toda a jornada da série por todos esses anos e teve a boa ideia de equilibrar momentos em quick time events com intervenções no meio das lutas “tradicionais” para fazer os momentos valerem a pena. Lutar com o Gai com os oito portões abertos, poderoso para quebrar a defesa absoluta do Madara, é um dos momentos que faz o jogador sentir o nível de poder em jogo naquele momento da história.
A diversão é o mais importante
A luta final entre Naruto e Sasuke, que muda de modelos e cenários para passar por cada vez que eles se enfrentaram ao longo de toda a história – desde a briga na escolinha até o último reencontro no Vale do Fim –, é a prova de que esse é o único estúdio que deveria poder adaptar jogos de anime. Não dá para negar que, em questão de jogabilidade e afins, UNS4 não está acima da média.
Ele é feito para ser um jogo fácil de entender e de executar, simples o bastante para que qualquer um consiga fazer coisas legais acontecerem na tela apenas ao apertar o mesmo botão várias vezes. Por isso, equilíbrio e profundidade não ficam em primeiro plano, o que sempre tornou o modo online dessa série uma experiência não tão agradável quanto poderia ou deveria ser. O que vale mesmo nesse jogo é jogar sozinho ou então com amigos no sofá de casa, sem compromisso e apenas curtindo o clima e celebrando o anime mais popular da era pós-Dragon Ball Z. Já é o suficiente.
Por Douglas Martinez – Editora Europa