O câncer de cabeça e pescoço engloba uma variedade de tumores malignos que podem se manifestar em áreas como boca, língua, glândulas salivares, faringe, laringe e outras partes da região. É particularmente perigoso devido à sua capacidade de passar despercebido em seus estágios iniciais, quando os sintomas são facilmente confundidos com condições menos graves.
No entanto, as chances de cura podem aumentar significativamente quando o diagnóstico é feito nos primeiros estágios da doença. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, em 2024, cerca de 39.550 novos casos de câncer de cabeça e pescoço serão registrados no Brasil.
Nesse cenário, o Dr. Carlos Takahiro Chone, coordenador do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), explica um pouco mais sobre a doença. Confira!
Causas do câncer de cabeça e pescoço
Existem vários fatores que podem aumentar a predisposição de desenvolver câncer de cabeça e pescoço. O especialista da ABORL-CCF destaca os principais:
- Fumar;
- Ingerir álcool em excesso;
- Má higiene bucal;
- Consumo frequente de bebidas muito quentes, como o chimarrão/mate;
- Exposição excessiva ao sol, sem a proteção adequada;
- Exposição a certos produtos químicos no ambiente de trabalho, como poeira de madeira, poeira têxtil, pó de níquel, colas, agrotóxicos, amianto, sílica, benzeno e produtos radioativos;
- Infecções virais como o vírus Epstein-Barr (EBV), que pode causar mononucleose infecciosa, e o vírus do papiloma humano (HPV), transmitido principalmente por meio de relações sexuais desprotegidas (inclusive sexo oral).
“O tabagismo eleva significativamente o risco de desenvolvimento de tumores na laringe. Se a pessoa fuma, é importante uma avaliação constante e mais cuidadosa e, caso alguma lesão seja identificada, uma biópsia poderá ser realizada com anestesia local”, explica o Dr. Carlos Takahiro Chone.
Sintomas do câncer de cabeça e pescoço
Abaixo, o médico lista alguns sintomas dessa doença:
1. Ferida na boca há mais de 15 dias
Feridas persistentes na boca podem ser um sinal inicial de câncer de boca ou língua. O câncer oral muitas vezes começa como uma úlcera que não cicatriza. Isso ocorre porque as células cancerosas continuam a se multiplicar e não permitem a cicatrização da ferida.
2. Rouquidão há mais de 2 semanas
A rouquidão prolongada pode indicar câncer de laringe (cordas vocais) ou garganta. O crescimento anormal de células nessas áreas pode afetar a qualidade da voz devido à obstrução ou irritação das cordas vocais.
3. Caroço no pescoço há mais de 30 dias
Um nódulo persistente no pescoço pode ser um sinal de câncer que se originou na boca, garganta. Esses tumores podem atingir os gânglios linfáticos próximos, resultando em um inchaço perceptível e duradouro.
4. Catarro do nariz com sangue por mais de 1 mês
Sangramento nasal recorrente, de um lado, especialmente acompanhado de muco ou secreção, pode indicar câncer nas cavidades nasais ou nos seios da face. As células cancerosas podem causar irritação contínua e danificar os vasos sanguíneos, resultando em sangramentos frequentes.
5. Incômodo na garganta que não melhora
A sensação persistente de aperto, dor ou desconforto na garganta pode ser um sintoma de câncer de laringe, faringe ou tireoide. O crescimento do tumor pode causar pressão nos tecidos da região, resultando em desconforto contínuo.
Prevenção do câncer de cabeça e pescoço
Cultivar hábitos saudáveis e evitar fatores de risco, como fumar, ingerir álcool em demasia, ter má higiene bucal, se expor de maneira excessiva ao sol e a produtos químicos, ajudam a reduzir o risco de câncer.
O Dr. Carlos Takahiro Chone orienta também a fazer autoexames, como a palpação da face e do pescoço em busca de nódulos ou caroços, olhar mais atentamente a cavidade oral e a pele na região da cabeça e pescoço na tentativa de identificar lesões.
“Caso haja qualquer sinal estranho, um especialista deve ser procurado. É sempre importante realizar consultas periódicas com o médico para cuidar da saúde e minimizar as chances de diagnósticos tardios”, explica o coordenador do Departamento de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da ABORL-CCF.
Tratamento
Para casos de câncer já diagnosticados, o tratamento pode variar conforme o estágio da doença. O processo de cura inclui combinações de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, o uso de medicamentos e, até imunoterapia, em alguns casos.
“A adoção de hábitos saudáveis também deve acompanhar o tratamento. Os fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver o câncer também devem ser eliminados para tratar o quadro”, finaliza o Dr. Carlos Takahiro Chone.
Por Cidiana Pellegrin