O transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM), uma forma mais grave da Síndrome Pré-Menstrual (TPM), é caracterizado por oscilações hormonais que precedem a segunda fase do ciclo reprodutivo, resultando em baixos níveis de neurotransmissores, como a serotonina, no organismo das mulheres.
De acordo com uma pesquisa recente da Pfizer, o TDPM atinge cerca de 3 a 8% das mulheres em todo o mundo, tendo um impacto significativo no dia a dia e na qualidade de vida delas, conforme destaca o Dr. Alberto Freitas, ginecologista, obstetra e curador da área de Ginecologia da Conexa – ecossistema digital de saúde integral.
Sintomas do TDPM
Os sintomas do transtorno disfórico pré-menstrual podem variar entre as mulheres. Contudo, conforme o Dr. Rafael Henrique Furlaneto, ginecologista, obstetra e docente na Faculdade São Leopoldo Mandic, os sinais mais comuns estão ligados a graves alterações físicas e emocionais, como:
- Irritabilidade extrema;
- Ansiedade;
- Dificuldades de concentração;
- Fadiga;
- Dores musculares e articulares;
- Dores na barriga e cólica.
Diferenças entre TDPM e síndrome pré-menstrual
Apesar do TDPM e da síndrome pré-menstrual compartilharem semelhanças, o Dr. Rafael Henrique Furlaneto comenta que há algumas diferenças importantes entre essas condições, sendo elas:
- Intensidade dos sintomas: eles são mais intensos e debilitantes no transtorno disfórico pré-menstrual;
- Natureza dos sintomas: os sinais do TDPM tendem a ser mais emocionais e psicológicos. Por sua vez, na síndrome pré-menstrual podem incluir mais alterações físicas;
- Duração dos sintomas: enquanto os sintomas da síndrome pré-menstrual desaparecem após o início da menstruação; no TDPM, apenas diminuem gradualmente.
Causas do transtorno disfórico pré-menstrual
As causas do TDPM não são completamente compreendidas pela ciência. Contudo, o Dr. Rafael Henrique Furlaneto explica que é provável que a condição seja uma combinação de diferentes fatores, como alterações hormonais, sensibilidade cerebral aos hormônios reprodutivos, distúrbios nos neurotransmissores, predisposição genética e problemas de saúde mental preexistentes. “É importante ressaltar que a interação entre esses diferentes fatores pode variar de uma pessoa para outra”, complementa.
Grupos femininos mais afetados
Embora o TDPM possa afetar mulheres de todas as idades, algumas apresentam uma maior chance de desenvolver a condição. “Tanto a síndrome pré-menstrual quanto o transtorno disfórico pré-menstrual são mais comuns a partir dos 20 anos, podendo perdurar até o final da vida reprodutiva”, esclarece o Dr. Alberto Freitas.
Além disso, o Dr. Rafael Henrique Furlaneto relata que, devido às causas citadas para o distúrbio, ele tem grandes chances de ser desenvolvido por mulheres com transtorno de humor, com histórico familiar de TDPM e com estresse crônico.
Relação entre TDPM e outras doenças
Conforme revela o Dr. Rafael Henrique Furlaneto, o TDPM pode estar relacionado a outras doenças, sendo elas: depressão, bipolaridade, síndrome do ovário policístico, endometriose e distúrbios da tireoide.
“Nem todas as mulheres com TDPM apresentarão essas condições adicionais. No entanto, compreender essas interações pode ajudar no diagnóstico e tratamento eficaz do transtorno disfórico pré-menstrual e quaisquer questões médicas associadas”, completa.
Diagnóstico do TDPM
O TDPM é diagnosticado de forma clínica, isto é, por meio da descrição sintomática ao médico. “Há uma listagem de sintomas possíveis e tem que estar presente, ao menos, cinco deles durante a segunda fase do ciclo e melhorando a partir do momento que começa a descer a menstruação”, pontua o Dr. Alberto Freitas.
O Dr. Rafael Henrique Furlaneto acrescenta que o processo diagnóstico deve descartar outras condições que possam estar causando os sintomas. Por isso, em alguns casos, o médico pode solicitar exames físicos e laboratoriais.
Tratamentos para transtorno disfórico pré-menstrual
O transtorno disfórico pré-menstrual não tem cura, mas pode ser tratado de diferentes maneiras. Segundo o Dr. Alberto Freitas, o tratamento farmacológico envolve “o uso de medicação para controlar ou, até mesmo, suspender o ciclo menstrual. E a maneira mais fácil de fazer isso geralmente é com os contraceptivos hormonais”.
Por outro lado, o médico explica que o tratamento não medicamentoso inclui realizar uma dieta equilibrada, atividade física rotineira e evitar alguns tipos de alimentos e bebidas, como café, álcool e chocolate.
Ademais, a terapia cognitivo-comportamental (TCC) também pode ser útil, pois ela ajuda “a pessoa a identificar e modificar padrões negativos e comportamentos mal adaptativos associados ao TDPM”, diz o Dr. Rafael Henrique Furlaneto.
Além de aliviar os sintomas do TDPM, os tratamentos também apresentam outras inúmeras vantagens. O Dr. Rafael Henrique Furlaneto ressalta que as principais delas são: melhora na função social e profissional, empoderamento pessoal e redução do risco de complicações a longo prazo.