A hepatite, uma inflamação do fígado com múltiplas origens, representa uma preocupação significativa para a saúde pública, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. Entre as várias formas dessa condição, a hepatite A se destaca como uma das principais variantes virais. Caracterizada por uma gama de sintomas iniciais, como fadiga, febre e dores musculares, a hepatite A pode evoluir para complicações graves se não for tratada adequadamente.
Segundo dados recentes da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o país testemunhou um aumento alarmante de 56,2% nos casos de hepatite A durante o primeiro semestre de 2023 em comparação com o ano anterior. Diante desse cenário, é essencial compreender as medidas preventivas disponíveis para conter a disseminação dessa doença e proteger a população.
Transmissão e tratamento da hepatite A
A transmissão da hepatite A é fecal-oral (contato de fezes com a boca), tendo uma relação direta com o consumo de alimentos ou água impróprios para consumo, baixos níveis de saneamento básico e de higiene pessoal. O contato pessoal próximo (intradomiciliares, pessoas em situação de rua ou entre crianças em creches) também entra como uma possível forma de contágio. Também há relatos de casos relacionados à prática sexual oral-anal.
De acordo com a infectologista do São Cristóvão Saúde Dra. Michelle Zicker, não há tratamento específico para hepatite A. “Deve-se evitar a automedicação para alívio dos sintomas, uma vez que o uso de medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado pode piorar o quadro. A hospitalização está indicada apenas nos casos graves”, diz a especialista.
Vacina contra a hepatite A
A vacina contra a hepatite A, altamente eficaz e segura, se trata da principal medida de prevenção contra a doença. Atualmente, a dose faz parte do calendário infantil, no esquema de 1 dose aos 15 meses (de idade). Além disso, está disponível nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE) no esquema de 2 doses – com intervalo mínimo de 6 meses – para pessoas acima de 1 ano, com as seguintes condições:
- Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, inclusive infecção crônica pelo HBV e/ou pelo HCV;
- Pessoas com coagulopatias, hemoglobinopatias, trissomias, doenças de depósito ou fibrose cística (mucoviscidose);
- Pessoas vivendo com HIV;
- Pessoas submetidas à terapia imunossupressora ou que vivem com doença imunodepressora;
- Candidatos a transplante de órgão sólido, cadastrados em programas de transplantes ou transplantados de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea);
- Doadores de órgão sólido ou de células-tronco hematopoiéticas (medula óssea), cadastrados em programas de transplantes.
Formas de prevenção da doença
Além de reforçar a importância da vacinação para prevenção da infecção com o vírus da hepatite A, a Dra. Michelle destaca alguns hábitos e protocolos importantes que devem ser seguidos rigorosamente:
- Higienizar as mãos com frequência (após uso do sanitário, troca de fraldas e antes do preparo de alimentos);
- Lavar os alimentos que são consumidos crus com água tratada, clorada ou fervida, deixando-os de molho por 30 minutos;
- Cozinhar bem os alimentos antes de consumi-los, principalmente mariscos, frutos do mar e peixes;
- Lavar adequadamente pratos, copos, talheres, mamadeiras e demais utensílios utilizados para o preparo de alimentos;
- No caso de creches, pré-escolas, lanchonetes, restaurantes e instituições fechadas, adotar medidas rigorosas de higiene, tais como a desinfecção de objetos, bancadas e chão utilizando hipoclorito de sódio a 2,5% ou água sanitária;
- Não tomar banho ou brincar perto de valões, riachos, chafarizes, enchentes ou próximo de onde haja esgoto;
- Evitar a construção de fossas próximas a poços e nascentes de rios;
- Usar preservativos e fazer higienização das mãos, genitália, períneo e região anal antes e após as relações sexuais.
Por Camila Pal