A relação da modelo e influenciadora Yasmin Brunet com a comida no BBB24 tem chamado bastante atenção e gerado discussões. Em uma conversa com a cantora Wanessa Camargo, ela comentou sobre as limitações da xepa com preocupação, especialmente devido à sua síndrome do intestino irritável. “Eu não posso [comer] feijão, lentilha e grão-de-bico, porque eu tenho síndrome do intestino irritável […]”, disse.
A síndrome do cólon irritável, também chamada de síndrome do intestino irritável (SII), é um distúrbio na motilidade intestinal sem associação com alterações de estruturas do trato digestório nem disfunções bioquímicas. Geralmente, se caracteriza por episódios de desconforto, dor e distensão abdominal, podendo estar acompanhados de diarreia e constipação.
Diagnóstico da doença
O diagnóstico não é fácil, pois a condição pode ser confundida com algumas doenças mais graves, mas não é tão difícil. “É essencialmente clínico, geralmente baseado nos sintomas, na ausência de sinais relevantes verificados no exame físico e, eventualmente, na visualização direta do intestino através da colonoscopia para descartar diagnósticos diferenciais”, explica a nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
Cuidados com a alimentação
A médica explica que os pacientes com a síndrome do intestino irritável devem buscar uma dieta de baixa FODMAP (uma sigla para designar carboidratos osmóticos, geralmente fibras, que podem ser de difícil digestão para algumas pessoas).
E, portanto, deve-se evitar alimentos como xarope de milho, mel, maçã, pera, manga, aspargo, cereja, melancia, sucos de frutas, leite de vaca, leite de cabra, leite de ovelha, iogurte, nata, creme, queijo ricota e cottage, cebola, alho, alho-poró, trigo, cuscuz, farinha, massa, centeio, caqui, chicória, alcachofra, beterraba, cenoura, quiabo, couve, lentilha, grão-de-bico, feijão, ervilha, soja, damasco, pêssego, ameixa, lichia, couve-flor e cogumelos.
“A dieta de baixo FODMAP é prescrita temporariamente, até que os alimentos gatilhos sejam identificados, pois, como o aporte de prebióticos da dieta é baixo, se for mantida por muito tempo, pode levar a quadros de constipação e disbiose. Por ser uma dieta que oferece riscos, deve obrigatoriamente ter orientação profissional”, explica a Dra. Marcella Garcez.
Relação entre SII e saúde mental
Essa é uma condição clínica que tem sido muito falada ultimamente. “O estresse é um fator desencadeante importante e esse tem aumentado muito atualmente; doenças psiquiátricas como depressão e ansiedade também são gatilhos de crises, além de hábitos alimentares com o consumo exagerado de alimentos ultraprocessados e pró-inflamatórios aliado a um estilo de vida inadequado com má qualidade de sono e sedentarismo”, explica a médica.
As pessoas com esses problemas de saúde acreditam que eles são causados somente pela alimentação. Porém, há estudos que relacionam o cérebro e as emoções com a origem. “No aparelho digestivo, é sintetizada a maior parte das substâncias chamadas neurotransmissores, como a serotonina, que atuam levando sinais e estímulos ao sistema nervoso e esse manda sinais ao organismo para sintetizar mais ou menos deles”, explica.
“Essa comunicação entre o cérebro e o intestino deve ocorrer de forma adequada e depende de vários fatores como a dieta, o equilíbrio da microbiota intestinal, a prática moderada de atividade física, boa qualidade de sono e um controle adequado do estresse”, comenta a médica.
Medicamentos como forma de tratamento
Além do tratamento clínico com reeducação alimentar e mudanças de estilo de vida, a médica explica que pode ser necessário o uso de medicamentos para controlar os sintomas. “Os tratamentos com probióticos suplementares específicos e individualizados também podem ajudar. Se os sintomas forem muito prevalentes, esse paciente deve procurar atendimento médico para descartar outras patologias, identificar os gatilhos, reorganizar a dieta e o estilo de vida”, diz a médica.
“Não há uma receita para o público em geral, porque os alimentos que são causadores de desconforto digestivo para alguns portadores de síndrome do intestino irritável não são para outros. Porém, uma dieta equilibrada, variada e o mais natural possível, aliada à boa ingestão de água e estilo de vida saudável, é uma boa dica para todos”, finaliza a Dra. Marcella Garcez.
Por Maria Claudia Amoroso