Não é de hoje que os animais fazem parte da vida das pessoas, não somente como animais de estimação, mas, também, como auxiliares terapêuticos. Um desses exemplos está na equoterapia, um método de tratamento complementar em que o cavalo é utilizado como instrumento facilitador, seja ele cinesioterapêutico ou pedagógico, na estimulação do desenvolvimento motor e intelectual de pessoas com deficiências.
Conforme a fisioterapeuta Cleonice Garbuio Bortoli, mestre em medicina interna pela Universidade Federal do Paraná e docente do curso de fisioterapia do UniBrasil, quando o cavalo se desloca, ele transmite um movimento tridimensional, ou seja, em três planos e eixos: horizontal (para frente e para trás), vertical (para cima e para baixo) e lateral (de um lado para outro). Essa andadura, mediante estímulos somatossensoriais, proprioceptivos e vestibulares fazem com que o praticante realize vários ajustes posturais, facilitando as atividades sensoriais e motoras.
“A palavra equoterapia foi criada pela Associação Nacional de Equoterapia, em 1989, e define a equoterapia como um método que utiliza o cavalo em uma abordagem interdisciplinar nas áreas da saúde, educação e equitação, e define o ‘paciente’ como praticante, pois o indivíduo interage no processo de reabilitação à medida que interage com o cavalo”, explica o fisioterapeuta.
O método é dividido em quatro programas: hipoterapia, educação/reeducação, pré-esportivo e prática esportiva paraequestre. “Mundialmente, a equoterapia está dentro das terapias assistidas por animais, no caso específico, terapia assistida por cavalo”, complementa.
Indicações para a equoterapia
A educadora destaca que a equoterapia é indicada como tratamento para doenças neurológicas, ortopédicas, reumatológicas, genéticas e transtornos mentais e psicológicos. É um método eficaz também para o tratamento de doenças com deficiências físicas, deficiências intelectuais e comportamentais, sequelas de traumas cirúrgicos e doenças que comprometem o equilíbrio e coordenação motora.
“Entre algumas doenças, podemos citar paralisia cerebral, acidente vascular cerebral, doença de Parkinson, Alzheimer, ataxias, transtorno do espectro autista, transtorno opositor desafiador, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, síndrome de Down, leucodistrofias, distrofias musculares, esclerose múltipla, entre inúmeras outras”, exemplifica a professora.
No entanto, ela acrescenta que a equoterapia “não trabalha a doença e, sim, as características e comprometimentos apresentados pelos indivíduos, sendo necessárias as avaliações adequadas para a indicação ou não da terapia”.
Benefícios da prática de equoterapia
Inúmeros são os benefícios com a prática da equoterapia. Entre eles, a professora de fisioterapia do UniBrasil ressalta o auxílio no atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, que é o controle de cabeça, tronco, sentar, levantar e andar; na recuperação da função motora e funcionalidade; na melhora da postura, do equilíbrio, da coordenação dos movimentos, do ganho e manutenção da força muscular, no desenvolvimento da atenção e do afeto.
Giovanna Carla de Candido Dante viveu a prática da equoterapia como parte do tratamento para hemiparesia, consequência de um acidente vascular cerebral hemorrágico que ela teve aos 18 anos. “Foi incrível! O contato com o cavalo é maravilhoso! No começo tive medo porque é muito alto e instável, mas em pouco tempo adquiri confiança e me apaixonei pelo ‘Vendaval’. Parecia que ele me entendia!”, relembra.
Para ela, os principais benefícios percebidos com o auxílio da equoterapia foram: autoconfiança, equilíbrio e bem-estar. “O contato com o animal melhora a autoestima, estimula a sensibilidade tátil, visual e auditiva, entre outros, trazendo benefícios físicos, pedagógicos e psicológicos, melhorando a qualidade de vida destes indivíduos”, salienta Cleonice Garbuio Bortoli.
Por outro lado, ela enfatiza que, apesar de vários benefícios, a prática também apresenta contraindicações que podem ser absolutas ou relativas. Por isso, é necessária a avaliação fisioterapêutica, médica e, em alguns casos, psicológica, realizadas por profissionais que tenham conhecimento e contato com a equoterapia.
Por Pedro Lima