O Dia das Crianças, celebrado em 12 de outubro, tem uma origem marcada por um gesto nobre e de carinho. Esta data remonta a 1924, quando o então presidente Arthur Bernardes sancionou o Decreto de n.º 4867, que instituiu a comemoração. No entanto, a efetiva popularização dessa celebração foi impulsionada pela iniciativa da UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e da ONU (Organização das Nações Unidas), que propuseram a data como uma forma de reconhecimento e proteção dos direitos das crianças ao redor do mundo.
Nesse sentido, Ronaldo Coelho, psicólogo, psicanalista e professor de psicanálise, lembra que, segundo a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, existem 10 princípios que garantem a todas as crianças direitos iguais para que possam se desenvolver de forma saudável, sem distinção de raça, religião, nacionalidade, com direito à saúde, educação e proteção contra a violência e exploração do trabalho.
Ainda, o direito a poder estudar e brincar, ser criança e, sobretudo, de não serem tratadas como adultos, justamente por ainda estarem em um período de formação e aprendizagem para se desenvolverem física e psiquicamente.
Desenvolvimento psicológico saudável
Ronaldo Coelho alerta para três pontos que merecem atenção para um desenvolvimento psicológico saudável da criança e que valem a pena ser lembrados:
1. Mais que dar presentes, vale estar verdadeiramente ao lado delas
Deixar a data comercial de lado e se fazer presente ao lado dos filhos é uma oportunidade para se lembrar que o essencial está no cuidado e na presença. Bons pais tem mais a ver com a garantia de um ambiente seguro, em que seus filhos realmente têm com quem contar, por pior que seja a situação. Isso cria a segurança imprescindível para se desenvolver cognitiva e emocionalmente.
2. Instrua sobre a importância de reconhecer os privilégios
A garantia de alimentação, saúde e educação de qualidade e um ambiente protegido para o desenvolvimento da criança em todas as esferas da vida é essencial. Vale a reflexão se você está conseguindo garantir isso a seus filhos. Se a resposta é sim, é válido reconhecer e ajudar a criança a entender a importância desse privilégio. Ensine-a o que é uma injustiça social.
Reconhecer os privilégios não deve servir para criar uma relação de dívida com os pais, mas cumprir com a função de ajudar a criança a desenvolver gratidão pelo que tem, além de empatia e responsabilidade social, que serão importantes recursos no desenvolvimento infantil.
3. Ensine pelo exemplo
Nesta data também vale uma reflexão sobre como vocês lidam com os erros. Nenhuma criança nasce sabendo. Aprender pelo amor é muito mais interessante do que pela dor. Assim, é necessário ensinar, sobretudo, pelo exemplo, que um erro deve sempre ser corrigido e nunca punido. Quando se castiga o erro, se ensina à criança que é melhor não ser criativa nem arriscar. Os pais que assim agem fazem um mal de proporções imensuráveis à saúde mental dos seus filhos.
Garantia dos direitos das crianças
Para o psicanalista, a data deve ser compreendida como ocasião de celebrar a constituição da Declaração Universal dos Direitos das Crianças e, no Brasil, do Estatuto da Criança e do Adolescente, como importantes instrumentos para proteger todas as crianças. Ao mesmo tempo, deve ser, também, ocasião de reconhecer o quanto ainda temos que avançar como sociedade para que esses direitos sejam verdadeiramente garantidos a todos.
Por Mayra Barreto Cinel