Morar em outro país representa o desejo ou, em alguns casos, a necessidade de mudança de vida para muitas pessoas. Para se ter uma ideia, em 2021, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores, foram registrados cerca de 4,4 milhões de imigrantes de nacionalidade brasileira vivendo no exterior, o que representa um aumento de mais de 188 mil indivíduos em comparação ao levantamento realizado em 2020.
Apesar de morar em outro país ser a realização de um sonho para muitos brasileiros, os imigrantes têm que lidar com o fato de estarem constantemente longe dos familiares e amigos, o que pode não ser uma tarefa fácil para todos, principalmente quando se trata de crianças e pais.
“Existem muitos desafios na hora de criar um filho em um ambiente cultural diferente. Comunicar-se com médicos, professores e outros profissionais de saúde pode ser difícil quando há uma barreira linguística. Além disso, as práticas de criação de filhos podem variar amplamente entre culturas, incluindo alimentação, disciplina, sono e educação. As mães expatriadas precisam navegar nessas diferenças e decidir quais aspectos adotar ou adaptar”, explica Marília Scabora, psicóloga e fundadora da Comunidade Tribo Mãe (um grupo de acolhimento psicológico e apoio materno a mães expatriadas).
1. Pesquise sobre o destino
A psicóloga recomenda realizar um planejamento cuidadoso e uma pesquisa abrangente sobre o local de destino antes de viajar. “Isso inclui entender a cultura, sistema de saúde, educação e estilo de vida, a fim de tomar decisões informadas para o bem-estar dos filhos e da família como um todo”, explica Marília Scabora.
2. Estabeleça uma adaptação gradual
Se adaptar à cultura de outro país está entre uma das maiores dificuldades dos pais que decidem morar no exterior, principalmente quando a criança já tem uma certa idade. Por isso, a psicóloga recomenda que os responsáveis estabeleçam uma adaptação gradual aos filhos. “É importante encontrar um equilíbrio saudável e adaptar-se gradualmente, adotando aspectos que sejam adequados para a família e respeitando a cultura local”, diz a especialista.
Marília Scabora ressalta que a prática também pode trazer benefícios para as mães. “Viver em um ambiente expatriado oferece às mães a oportunidade de mergulhar em uma nova cultura, aprender sobre tradições, gastronomia e costumes locais. Isso pode expandir seu conhecimento e horizontes, proporcionando uma experiência enriquecedora tanto para elas quanto para seus filhos.”
3. Tenha paciência
Trabalhar a flexibilidade e a resiliência é com certeza um dos pontos fundamentais durante a mudança para outro país, garante a psicóloga. “A capacidade de se adaptar a novos ambientes, superar obstáculos e lidar com a incerteza é um aspecto valioso que pode beneficiar as mães e seus filhos ao longo da vida.”
4. Cuide da saúde mental
Conforme explica a especialista, morar longe de todos pode ser estressante e desafiador, por isso é importante que as mães cuidem da saúde mental. “Busquem tempo para si, pratiquem autocuidado e não hesitem em buscar ajuda profissional para viver esse processo de maneira mais leve. O sentimento de estar longe de familiares, amigos e do suporte social familiar pode levar à solidão e isolamento, podendo afetar negativamente o bem-estar mental da mulher”, diz Marília Scabora.
5. Incentive a autonomia dos filhos
Criar os filhos em outro país também pode oferecer vantagens no desenvolvimento da independência das crianças, uma vez que a adaptação em novos ambientes sugere a criação de responsabilidade e resolução de problemas, assim, trabalhando a confiança dos pequenos.
“No entanto, é importante reconhecer que a criação dos filhos em um ambiente expatriado também pode apresentar desafios para as crianças, como lidar com a perda de amigos e a sensação de pertencer a múltiplas culturas. Os pais devem estar atentos ao bem-estar emocional de seus filhos e oferecer apoio adequado durante essa jornada de crescimento em um ambiente multicultural”, enfatiza a psicóloga.
6. Aprecie a diversidade
De acordo com Marília Scabora, a maternidade expatriada pode ajudar a promover uma maior conscientização e apreciação pela diversidade.”As mães podem transmitir a importância da inclusão, respeito e empatia para seus filhos, criando uma base sólida para que se tornem cidadãos globais conscientes e compassivos. No geral, a maternidade expatriada pode ser desafiadora, mas também oferece a oportunidade de crescimento pessoal, conexões interculturais e uma perspectiva única sobre o mundo. É uma jornada que traz consigo uma série de experiências e aprendizados valiosos tanto para as mães quanto para as crianças”, comenta a especialista.
7. Busque uma rede de apoio
Quando se vive em outro país, uma das opções para encontrar uma rede de apoio é procurar por um grupo de expatriados. “Muitas cidades têm grupos ou comunidades de expatriados que organizam encontros, eventos e atividades para promover a conexão e o apoio mútuo. Pesquisar e participar desses grupos pode ser uma ótima maneira de conhecer outras mães expatriadas. […] Uma outra opção é envolver-se em escolas internacionais ou atividades extracurriculares que atendam crianças expatriadas”, finaliza Marília Scabora.
Por Maria Fernanda Benedet