O corpo humano tem a capacidade natural de expelir fluidos corporais, como saliva, lágrimas, muco e suor. No caso do corrimento vaginal, que varia conforme a quantidade, cor e odor em diferentes momentos do ciclo menstrual, as alterações podem indicar a ocorrência de algumas condições médicas específicas.
De acordo com o Dr. Fabio Muniz, coordenador médico do Hospital e Maternidade São Cristóvão Saúde, membro da Sociedade Paulista de Ginecologia e Obstetrícia e sócio-titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, o corrimento rosado antes ou depois da menstruação pode ter várias causas. Algumas das mais comuns incluem:
- Ovulação: durante a ovulação, o ovário libera um óvulo e a parede do ovário pode se romper, causando um corrimento rosado;
- Infecções vaginais: infecções vaginais, como candidíase ou tricomoníase, podem causar corrimento rosado especialmente associado a odor desagradável e à coceira;
- Alterações hormonais: mudanças na produção hormonal, como ocorre durante o climatério e a menopausa, podem causar corrimento rosado;
- Lesões na vagina: lesões na vagina, como irritações, fissuras ou cortes, podem causar corrimento rosado;
- Gravidez: corrimento rosado associado a atraso menstrual, ausência de método contraceptivo, sensibilidade mamária, podem ser sinais de suspeita de gravidez; pode acontecer em várias fases da gravidez, incluindo o início e o final da gestação;
- Mudanças nos níveis hormonais: condições endócrinas específicas, como climatério/menopausa e hipotireoidismo;
- Após relações sexuais: pode ser causado pela irritação/microfissuras da mucosa vaginal ou pela contaminação por bactérias durante o ato sexual. “No entanto, também pode ser sinal de uma infecção sexualmente transmissível (IST), como gonorreia ou clamídia. Essas infecções podem causar corrimento rosado, dor ao urinar e dor pélvica”, explica Dr. Fabio, que destaca o tratamento precoce como fundamental visando evitar complicações e prevenir a transmissão da infecção para os parceiros.
Corrimento rosado x gravidez
Ao contrário do que muitos pensam, o corrimento rosado em si não é um sinal confiável de gravidez. No entanto, ocorrendo em conjunto com outros sinais e sintomas, como atraso menstrual, dor abdominal ou mamilos sensíveis, pode sugerir gestação inicial.
“Nesses casos, a gravidez é confirmada por meio de um teste específico, que detecta a presença de hCG (gonadotrofina coriônica humana) na urina. O hCG é um hormônio produzido pela placenta e é um indicador confiável de gravidez. Se houver suspeita de gravidez, é importante realizar um teste ou procurar ajuda médica para uma avaliação mais precisa”, enfatiza o médico.
Comprovada a gestação, o Dr. Fabio Muniz ressalta dois momentos em que o corrimento rosa pode aparecer: “no início da gravidez, aproximadamente 6 a 12 dias após a concepção, é possível que a eliminação vaginal com coloração rosa, causada pela implantação do embrião na parede uterina, seja confundida com um pequeno sangramento menstrual”.
Riscos para a saúde materna e fetal
Em fases mais adiantadas da gravidez, o corrimento rosado pode ser um sinal de trabalho de parto prematuro ou de ruptura prematura das membranas. Em alguns casos, o corrimento pode ser seguido pela expulsão do tecido fetal ou placentário do útero, evoluindo para abortamento. “Nestes casos, é importante procurar ajuda médica imediatamente, pois há risco para a saúde materna e para a própria gravidez”, recomenda o especialista.
Sinais de alerta
“O corrimento rosado pode ser sinal de preocupação se estiver acompanhado de outros sintomas, como coceira, dor pélvica, cheiro desagradável, dor durante as relações sexuais ou sangramento vaginal anormal”, ressalta Dr. Fabio. Esses sintomas podem indicar uma infecção vaginal ou outras doenças sexualmente transmissíveis.
Além disso, o corrimento rosado pode ser um sinal de uma condição mais grave, como uma lesão cervical ou endometrial – ou até mesmo um câncer ginecológico. Por isso, o coordenador médico do São Cristóvão Saúde destaca a importância de se conhecer os sinais e os sintomas e procurar ajuda médica regular, para prevenção destas condições patológicas.
“Em geral, é aconselhável marcar uma consulta com o seu ginecologista anualmente, a fim de realizar exames preventivos, cuidar da saúde ginecológica e fortalecer o conhecimento das condições fisiológicas presentes no desenvolvimento do corpo feminino”, finaliza Dr. Fabio Muniz.
Por Fernanda Martinelli