Técnicas para elaborar uma redação nota 1000 no Enem

Técnicas para elaborar uma redação nota 1000 no Enem
Este ano, as provas do Enem serão aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro (Imagem: rafapress | Shutterstock)

O Enem funciona como o principal instrumento de acesso aos cursos profissionalizantes e ao Ensino Superior, representando a única chance que muitos estudantes possuem de ingressar nas Instituições de Ensino Superior (IES) particulares com bolsas de estudo parciais ou integrais. Para alcançar esse objetivo, é fundamental produzir uma redação sem medo e com estilo próprio, seguindo todas as etapas para a construção de um texto excelente.

Este ano, as provas do Enem serão aplicadas nos dias 5 e 12 de novembro. Entre as avaliações, a redação é considerada uma das mais desafiadoras. Isso porque requer não apenas conhecimento sobre o tema proposto, mas também habilidades de escrita, argumentação e organização de ideias para produzir um texto coeso e coerente. É um momento crucial para os candidatos demonstrarem a capacidade de expressão e análise, o que torna a preparação para essa parte do exame ainda mais crucial.

Por que praticar a escrita?

A comunicação é um dos elementos fundamentais da existência humana. Sem ela, nós deixamos de exercer a função como ser racional e social, o que nos diferencia dos demais seres vivos. A comunicação nos permite expressar pensamentos, emoções e opiniões por meio da palavra, seja falada ou escrita.

Antes de tudo, é importante saber articular adequadamente o pensamento. É importante saber expressá-lo bem em uma discussão, em uma exposição oral e, principalmente, em uma redação. Mas, é preciso estruturar de modo apropriado as ideias, e expressá-las de forma a obter a melhor comunicação possível com o leitor. Daí, ser tão necessária a prática da escrita, para o domínio, a utilização natural dos elementos básicos da língua, das estruturas linguísticas e dos recursos expressivos.

Tipos de redação

A forma e o conteúdo do texto dependem da intenção de quem escreve e do objetivo que se quer atingir. Esse objetivo é diferente quando se conta um fato (narrativa); se caracteriza um ser ou objeto (descrição); ou se expressa uma opinião sobre determinado assunto (dissertação).

A própria escolha das palavras na composição de um texto é motivada pela intenção: no texto narrativo, são utilizados verbos que indicam ação e palavras que definem o tempo e o espaço; no texto descritivo, há o predomínio dos adjetivos e dos verbos de estado; no texto dissertativo, a grande maioria dos verbos exprime ideia de julgamento, avaliação, definição, contestação, verificação.

Além da intenção, deve-se considerar como determinante da forma e conteúdo do texto o leitor, pois, é para estabelecer a comunicação com o outro que se escreve.

Características do texto

Qualidades do texto são as características que ele deve apresentar para cumprir seu objetivo primordial – a comunicação. E quais são essas características?

O texto precisa apresentar uma ligação lógica entre as palavras, orações, períodos, parágrafos. Enfim, todas as suas partes devem articular-se para formar uma unidade, onde tudo gira em torno de uma ideia principal. É o que se chama de coesão. Deve também ser claro, para que o pensamento expresso possa ser captado sem problemas pelo leitor. O texto tem que comunicar o essencial, sem se perder em palavras supérfluas, adjetivação excessiva e períodos extensos. Deve ter concisão.

Como elaborar uma redação?

É pela prática que se atinge o domínio de uma atividade; esse princípio pode também ser aplicado à expressão escrita. Só se aprende a escrever, escrevendo, transmitindo experiências, as ideias, as emoções, exteriorizando o que está armazenado no interior de cada um. Escrever deve ser um trabalho frequente, se possível, diário.

Não deve haver preocupação em produzir textos artísticos, pois este não é o objetivo do ensino de redação nas escolas. O importante é encontrar a melhor forma de expressar-se, utilizando a linguagem escrita. E isso é conseguido por meio da:

  • Leitura: quando se tem oportunidade de observar as diferentes técnicas de produção, a forma como se organizam os diferentes elementos dentro de um texto, os recursos disponíveis etc.;
  • Reflexão: a partir da qual surgem as ideias;
  • Discussão: o debate de ideias (por vezes conflitantes) pode levar a um resultado enriquecedor.

Outro aspecto a ser considerado é o fato de o texto não nascer pronto. Ele é resultado de um trabalho quase exaustivo, um trabalho não só mental, mas, e principalmente, físico, no sentido de que o texto é feito, refeito, emendado, na procura da melhor forma para expressar a mensagem que se quer transmitir.

A redação do Enem

Na hora da prova, você precisa estar preparado não somente para as questões objetivas de Linguagens e Códigos e de Ciências Humanas, mas também para a redação. Ela é tão ou até mais importante do que as questões da prova, porque avalia seu modo de se expressar e organizar as ideias. Veja o que não pode faltar em uma boa redação!

1. Leitura e escolha do tema

Veja o tema da redação e faça uma leitura minuciosa da prova. Essa certamente é a dica mais importante. Muitos candidatos não dão o devido valor à coletânea de textos oferecida na prova, e isso pode dificultar o processo de escrita, principalmente se o tema não for familiar. Nesse momento, é preciso cuidado, não é hora de ter pressa: leia e releia a proposta e os textos de apoio. Aproveite a coletânea e tire dela subsídios para defender sua tese. Além disso, fique atento às questões da prova, pois geralmente elas contêm informações que podem ser úteis na hora de elaborar seu texto.

Para começar, elabore perguntas sobre o assunto. Faça uma espécie de questionário e reflita sobre os pontos levantados. Isso vai facilitar a percepção de como o tema deverá ser desenvolvido. Fugir do tema é perder pontos na certa. Em geral, na Redação Enem, o enunciado propõe como tema um problema, e que exige uma proposta de encaminhamento ou de solução. Por isso, essa estratégia é bastante eficiente: foque primeiro no problema, depois em suas causas e, finalmente, nas possíveis soluções.

E se cair um tema desconhecido?

Muita calma nesta hora. É praticamente impossível fazer uma previsão com 100% de acerto sobre o tema da redação do Enem.

2. A análise do tema

Escolha uma tese e elabore seu projeto, bem como escolha a abordagem e os argumentos que você usará para defender a sua tese. Lembre-se de que os argumentos precisam obedecer a uma sequência lógica, favorecendo, assim, a progressão discursiva no texto. É indispensável que você domine o tema, caso contrário, suas ideias correrão o risco de ficarem inócuas e repetitivas. Mas como dominar o tema? Leia mais e interesse-se pelos assuntos mais discutidos da atualidade, especialmente aqueles que dizem respeito à vida em sociedade. Ler é uma incrível fonte de inspiração! Nada nos ensina mais do que o contato com os diferentes tipos de texto.

3. A construção do plano

Faça um rascunho de seu texto. Antes de começar a escrever, faça um plano de trabalho. Pense no planejamento como um rascunho das ideias e argumentos. Nessa etapa, você deve preocupar-se mais com o conteúdo a ser apresentado do que com a gramática. Deixe que as ideias fluam livremente, mas não se esqueça de que elas devem fazer sentido, bem como devem estar ligadas entre si, caso contrário, o leitor não entenderá seus argumentos.

Lembre-se também que um texto é mesclado pela narração, descrição e/ou dissertação, podendo haver predominância de um sobre o outro, dependendo das intenções do candidato e dos efeitos desejados. Escrever é um ato subjetivo. A intenção que se tem ao escrever determina o conteúdo e a forma de fazê-lo.

Mulher com lápis na testa estudando.
A redação do Enem exige que o autor apresente para a situação-problema uma proposta de intervenção coerente e viável (Imagem: baranq | Shutterstock)

A estrutura básica da redação

Como fazer a redação do Enem? Essa é uma dúvida recorrente entre os candidatos, haja vista que essa parte da prova apresenta algumas especificidades. Na escola aprendemos que uma redação é composta pela introdução, desenvolvimento e conclusão, estrutura básica de uma dissertação argumentativa (tipo textual cobrado no Enem). Contudo, a dissertação argumentativa do Enem exige que o autor, em vez de concluir seu texto nos moldes tradicionais, apresente para a situação-problema uma proposta de intervenção coerente e viável.

1. O parágrafo

É preciso lembrar que o parágrafo é a unidade menor em um texto, mas nunca perder de vista o texto como um todo. O parágrafo carrega uma ideia central e outras secundárias que a vão complementando. Ao construir o parágrafo é necessário saber sintetizar, ampliar ideias, estruturar períodos compostos por coordenação ou subordinação, observando os aspectos semânticos. O parágrafo é, enfim, um microtexto.

2. O texto dissertativo-argumentativo

O texto argumentativo, além de ser escrito em linguagem formal e culta, deve seguir uma estrutura própria, logo, deverão ser apresentados argumentos usados para defender o ponto de vista, os contra-argumentos, os exemplos que servem para embasar o texto etc. Em geral, apresenta-se dividido em introdução (1º parágrafo), desenvolvimento (2º, 3º e 4º) e conclusão (5º parágrafo).

3. A introdução

O primeiro parágrafo do texto dissertativo-argumentativo deve conter duas partes – a apresentação do tema e a explicitação da tese. Tese é o mesmo que ponto de vista, ou seja, uma opinião do autor do texto acerca do tema proposto.

A parte mais importante da sua redação é o início dela: a introdução. É por meio da introdução que o corretor irá analisar seu texto. A introdução ideal deve ter entre 4 a 5 linhas. Cada ideia que você apresentar na introdução deve ser defendida no seu desenvolvimento.

Mostrar organização no seu texto é um dos fatores de avaliação do corretor: a organicidade. Por isso, fique atento em quais ideias você irá abordar na introdução, pois cada uma delas deve ser justificada ao longo do seu texto. Mostre lógica em suas argumentações.

A introdução apenas apresenta o tema, enquanto, no desenvolvimento, há espaço para explicar as argumentações e em como você estrutura aquela determinada ideia.

4. O desenvolvimento

Os parágrafos intermediários das dissertações escolares são reservados para a comprovação da tese apresentada na introdução. Um argumento é composto por duas partes: a fundamentação e a análise do fundamento.

Na fundamentação, o autor deve buscar provas de que seu ponto de vista está correto. São considerados fundamentos citações de autoridade, referências históricas, conceitos teóricos consagrados, notícias publicadas em jornais de qualidade etc.

Na análise do fundamento, o redator deve explicitamente demonstrar qual é a relação entre a prova levantada e a tese proposta.

No desenvolvimento da redação, o mais importante é fazer uma boa argumentação. Retome as ideias apresentadas na introdução, seguindo a mesma ordem inicial. Utilize, sempre que possível, dados e estatísticas que apoiem sua posição.

5. A conclusão

Na sua conclusão, é importante você retomar quais os assuntos você já desenvolveu, mas de forma resumida. Além disso, é importante trazer alguma ação que pode ser feita para reduzir a problemática do texto. Se você tem dificuldades em saber como concluir uma redação, pergunte-se: como posso arrematar essa ideia com algo de impacto positivo? Não repita um argumento já utilizado, senão você será redundante. Acrescente alguma coisa nova, que mostre que o texto chegou ao final e reforce tudo que foi dito.

Pode ser uma mensagem otimista para o futuro, uma advertência sobre os riscos do problema apresentado, uma referência ao título do texto ou até uma citação que cause reflexões sobre o assunto. E, não esqueça, quando concluir sua redação, leia tudo com cuidado, com a mente mais tranquila, para corrigir qualquer falha que tenha deixado passar.

4. Elaboração de propostas de intervenção para o problema abordado

O Enem procura leitores críticos e cidadãos conscientes, portanto, é fundamental que sejam apresentadas propostas que interfiram positivamente na vida da população. Entretanto, não é permitido a elaboração de propostas que desrespeitem os valores humanos ou a diversidade social e cultural da população.

5. O estilo

O candidato deve demonstrar conhecimento das características da língua escrita, bem como da norma culta.  Logo, a sintaxe de concordância (verbal e nominal), de regência (verbal e nominal) e de colocação pronominal deve ser respeitada, não se esquecendo da importância da pontuação para a construção de enunciados coerentes. Os aspectos ortográficos também devem ser considerados, lembrando-se de que, além do erro, também será analisado a recorrência (frequência) desse erro e o tipo ou a gravidade do erro cometido.

A avaliação

A redação do Enem realmente merece sua atenção e preparação. Os participantes devem refletir sobre temas de grande relevância nacional e desenvolver um texto argumentativo de forma que demonstrem domínio da língua portuguesa e suas regras.

Esta prova, é uma das partes mais importantes e criteriosas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e também uma das mais temidas, afinal é dela que sai a nota decisiva para participar de alguns programas educacionais do governo ou para a entrada em uma instituição de ensino superior.

Na hora de corrigir, os avaliadores do exame analisam a criatividade, capacidade de entender, ordenar e analisar os fatos dos candidatos. Essa análise pode ser sintetizada na avaliação das seguintes competências:

Competência I

Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. Avalia-se a modalidade escrita (aspectos gramaticais e adequação de formalidade).

Competência II

Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. Avalia-se a adequação ao tema, o tipo de texto e a interdisciplinaridade (pertinência, objetividade, qualidade argumentativa, estrutura do texto etc.).

Competência III

Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. Avalia-se a coerência (linha de raciocínio, coerência interna e externa, clareza, organização, uso da coletânea).

Competência IV

Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. Avalia-se a coesão (conectivos, sinônimos, pronomes, ganchos etc.).

Competência V

Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Avalia-se a proposta de intervenção, o respeito à diversidade e aos direitos humanos (articulação entre causas identificadas e soluções apresentadas, grau de aplicabilidade, nível de especificidade).

Menina de fone de ouvido estudando em frente a computador e realizando anotações
Depois das provas do primeiro dia, descanse um dia e, eventualmente, retome para o segundo dia as revisões (Imagem: ChayTee | ShutterStock)

Como se preparar para a prova?

Na véspera

  1. Você já deve ter revisado tudo; deixe depurar;
  2. Terminaram suas revisões. Deixe-as decantar durante todo esse dia: descanse a mente.
  3. Prepare seu material, tome um pouco de ar; parece que você esqueceu tudo, não se preocupe;
  4. Comprovante de inscrição, carteira de identidade, e todo o material solicitado. Verifique se tudo está funcionando bem.
  5. Faça uma refeição leve à noite.
  6. A refeição da noite não deve ser pesada demais, para não lhe tirar o sono.

No dia do exame

  1. Tome um café da manhã bem reforçado;
  2. Preveja uma margem de segurança para chegar ao local do exame;
  3. Antes da prova, mobilize-se mentalmente;
  4. Seu nervosismo desaparecerá com a ação; entre na sala com satisfação;
  5. Depois das provas do primeiro dia, descanse um dia e, eventualmente, retome para o segundo dia as revisões no mesmo ritmo que anteriormente;
  6. Saiba que você ter passado ou não nas provas não é tudo. A vida oferece outras metas e, claro, outras provas.

Por Roberto Melo Mesquita

Professor de Português e Latim, pedagogo, mestre em Língua Portuguesa pela PUC-SP, gramático e membro da Academia Ituana de Letras (ACADIL). Autor, com Cida Simka, Sérgio Simka e João Hilton Sayeg-Siqueira, do livro “O acordo ortográfico da língua portuguesa na prática”

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