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Entenda as diferenças entre o medo paralisador e o protetor

Ilustração de um homem com uma lanterna olhando para os medos dentro de uma cabeça

Quando controlado, o medo desempenha um papel importante para o desenvolvimento (Imagem: Naumova Marina | Shutterstock)

É importante identificar pensamentos invasivos que não comunguem com a sua personalidade e essência. Basta analisar, revisar as fases do desenvolvimento humano e perceber que o pensamento é também uma construção, mas não é nem determina o indivíduo, a menos que se permita no verdadeiro eu. 

Por exemplo, pensar que é um medroso não determina sua conduta, a menos que você admita: sim, eu sou medroso e passo a agir como tal. Ao contrário disso, o pensamento pode invadir a mente: você é um medroso como o fulano de tal (geralmente um parente nada exemplar é utilizado como modelo) e não conseguirá reger esta turma até o final do ano. Em síntese, o pensamento não é você! Logo, analise e decida sobre quais temas devem ocupar a sua mente.

Síndrome de Dâmocles

Na mitologia grega, Dâmocles era um cortesão na corte de Dionísio que cobiçava um lugar privilegiado na mesa do banquete. Ele visava deleitar-se de todo o bem que o deus do vinho possuía. Quando lhe foi permitido realizar o seu desejo, logo percebeu que havia uma espada sobre a sua cabeça presa por um único fio, semelhante ao de crina de cavalo. Dâmocles jamais desfrutou plenamente das iguarias, pois o medo e a insegurança eram suas companhias constantes. 

Como superar a síndrome de Dâmocles?

  1. Busque os fatos, as probabilidades, mas jamais fixe no “talvez” e na “preocupação”, “pré ocupando-se” com algo que pode jamais acontecer. Proteja-se sem jamais colocar-se em situações de risco. Alimente a pulsão de vida;
  1. Orientação médica: os exames periódicos fazem parte do autocuidado. Ir ao médico por prevenção, fazer check-up periodicamente é uma atitude responsável de quem diz sim para a vida;
  1. Psicoterapia: os traumas oriundos deste período merecem a nossa atenção e cuidado. Há abordagens psicológicas que atendem bem às demandas resultantes de vivências e memórias traumáticas. Lembrando que o processo terapêutico com psicólogo clínico qualificado e devidamente registrado no Conselho Federal de Psicologia tem princípio, meio e fim; e que, embora não seja um tratamento para a vida toda, os seus benefícios tendem a reverberar por longas datas. 
Medos ensinam diferentes lições (Imagem: Pandagolik1 | Shutterstock)

Medo paralisador e medo protetor

O medo pode apresentar-se em diferentes faces, e cada uma delas tem uma função conforme o modo com que o indivíduo trata esse sentimento. Entre eles, estão:

Medo paralisador

O paralisador acontece quando o volume da emoção medo aumenta de tal forma que os pensamentos tomam uma dimensão antecipatória de dor e sofrimento. Nada aconteceu, mas a fisiologia responde com taquicardia, sudorese, problemas estomacais e digestivos e até fortes dores de cabeça. A ação é bloqueada.  

Uma das causas são distorções cognitivas que desencadeiam o medo exacerbado. Em alguns casos, o evento do momento presente faz conexão com alguma situação traumática do passado e o indivíduo a revive, intensificando a angústia, elevando a emoção ao nível do pavor e do pânico. 

Então, podemos concluir que o medo é uma emoção ruim, prejudicial à saúde? Absolutamente, não. Ele é também uma emoção básica, natural, inata. O modo com o qual lidamos com esta emoção é que determina a adequação ou inadequação.

Medo protetor

O medo protetor é o sinalizador de perigo, o nosso sinal de alerta interno. Lembra da placa de trânsito? Na dúvida, não ultrapasse, assim é essa emoção em nós. Nos permite estar alerta por proteção. Portanto, terapeuticamente, é indicado que não tentemos controlar essa emoção, porque o medo solicita acolhimento.  

Analise uma lembrança da sua infância em que você, por alguma insegurança, buscou um adulto para lhe amparar. A criança que você foi permanece em ti. Não morremos nas fases do desenvolvimento para nascer em outra.

A nossa história é composta pela integração de todos os eus. E hoje, o jovem adulto pode acolher, amparar e proteger a sua própria criança interna, salvaguardando-a e assegurando-a de que a vida será vivida um dia de cada vez com doses diárias de respeito e autoamor.

Por Erika Neves

Mestranda em Ciência da Educação e psicóloga clínica e educacional

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