Entenda o que é cinomose e como ela afeta a saúde dos cães
A cinomose é uma doença infecciosa altamente contagiosa que afeta principalmente cães não vacinados. Causada por um vírus do gênero Morbillivirus, pertencente à família Paramyxoviridae, essa doença pode ser fatal para o animal.
Embora seja conhecida por afetar cães, a cinomose também pode infectar outros carnívoros terrestres, como lobos, raposas, guaxinins, furões, gambás, ursos, suricatos e alguns felinos selvagens, como onças, leões, jaguatiricas e guepardos. Além disso, a transmissão se dá por contato direto com outro animal infectado.
De acordo com Bruna Stafoche, médica veterinária da Universidade Anhembi Morumbi e integrante do Ecossistema Ânima, as manifestações clínicas da cinomose podem variar dependendo da virulência da cepa do vírus, das condições ambientais em que o animal vive, da idade e da imunidade do pet infectado.
Sintomas da doença
É importante estar atento aos sinais dessa doença e buscar atendimento veterinário adequado para garantir o tratamento e cuidado necessários ao animal. “A cinomose generalizada grave é a forma comumente reconhecida da doença e pode ocorrer em cães de qualquer idade. No entanto, é mais comum em cães não vacinados e em filhotes. Geralmente se inicia com uma conjuntivite discreta, seguida em poucos dias por tosse, perda do apetite, vômitos, diarreia e desidratação”, explica a veterinária.
Já as manifestações neurológicas, segundo Bruna Stafoche, são progressivas, e pode haver mioclonia, que é uma torção involuntária dos músculos em uma contração simultânea forçada, sem outros sinais neurológicos, como também convulsão. “Além disso, o paciente pode apresentar pneumonia e alterações cutâneas”, afirma.
Tratamento e prevenção da cinomose
Bruna Stafoche explica que a melhor forma de proteção é a vacina. Além disso, ainda de acordo com a especialista, após o diagnóstico, o acompanhamento médico é essencial. “O tratamento da cinomose é de suporte, a fim de restabelecer a hidratação, o apetite e controlar alterações neurológicas. Com isso, espera-se reduzir os casos de mortalidade. A cura ocorre apenas se o sistema imunológico do animal for capaz de combater o vírus”.
Tempo de duração da doença
Conforme explica Bruna Stafoche, após a infecção, por volta de dois a quatro dias, inicia-se a replicação viral nas tonsilas (tecido linfoide localizado na entrada dos tratos respiratório e digestivo), linfonodos e pulmão. Em cerca de quatro a seis dias, ocorre a multiplicação do vírus em vários outros tecidos linfoides, como o baço, seguido de vias linfáticas e demais órgãos.
Depois pode ocorrer a fase de infecção do sistema nervoso central, onde o vírus dissemina-se através dos neurônios, causando a encefalite aguda. A sequência de eventos patogênicos depende da cepa viral e pode durar de uma a duas semanas.
Por que a cinomose causa morte?
Segundo a especialista, a mortalidade dos pets infectados é alta, pois não há um tratamento específico para a doença. Por ser um vírus que acomete um dos sistemas mais nobres do corpo animal, o sistema nervoso central, muitos desenvolvem manifestações neurológicas incompatíveis com a vida. Logo, o tempo de vida do cão infectado pode variar a depender da gravidade dos sintomas, podendo causar o óbito em poucos dias. Por outro lado, os animais que se recuperam da cinomose, desenvolvem imunidade duradoura contra a doença e vivem por muitos anos.
O que fazer se o pet apresentar os sintomas da doença?
Para a veterinária, a primeira coisa a ser feita é verificar se o protocolo de vacinação do pet está completo. Ela ressalta que é essencial avaliar se o animal recebeu as vacinas corretamente, por um médico veterinário.
Caso isso tenha sido feito, a chance de contrair a cinomose é pequena, embora ainda exista. Com base nessa informação, é necessário buscar a orientação de um médico veterinário para avaliar, realizar um diagnóstico preciso e prescrever o tratamento apropriado. É importante lembrar que o vírus da cinomose é sensível ao ambiente.
“Por se tratar de um vírus ‘envelopado’, a limpeza completa do ambiente com desinfetantes comuns é suficiente para higienizar o local e evitar o contágio por outros pets que circulem no mesmo ambiente”, finaliza a especialista.
Por Talita Gomes