O TOD é um transtorno do neurodesenvolvimento de diagnóstico independente, mas é frequentemente estudado em conjunto com o transtorno déficit de atenção e hiperatividade (TDA-H) ou com o transtorno de Conduta (TC). A característica principal do TOD é estar incluído nos Transtornos Disruptivos, onde a criança apresenta um padrão de comportamento negativo, desafiador, desobediente e hostil, todos com intensidade, frequência e duração acima do esperado para sua idade e, em alguns casos, o descontrole emocional pode levar a agressividade e episódios de violência verbal e física.
Causas do TOD
A causa do TOD é desconhecida ainda, mas pesquisadores identificaram diversas linhas de abordagem, um estudo atual sugeriu que a exposição pré-natal à álcool, nicotina, entre outros teratógenos aumentam as chances de a criança ter o problema, e muitos pais de crianças com TOD sofrem de transtornos emocionais, como ansiedade e depressão.
Sintomas do transtorno
Geralmente os sintomas são classificados como birra, mas a questão é bem mais complexa. Os primeiros sinais costumam surgir durante os anos de pré-escola e, raramente, mais tarde, após o início da adolescência. É uma comorbidade de início e curso continuo.
Com frequência o TOD precede o desenvolvimento do TC, mas em números mínimos, também pode preceder o transtorno de ansiedade e depressivo maior, e nos que possuem sua classificação dentro dos sintomas de humor raivoso/irritável respondem pela maior parte de riscos para os transtornos emocionais. Entre alguns dos indícios estão:
- Humor raivoso/irritável;
- Perde a calma com frequência;
- É sensível ou facilmente incomodado;
- Tem raiva e ressentimento com frequência;
- Apresenta um comportamento questionador/desafiante;
- Frequentemente questiona figuras de autoridades ou, no caso de crianças e adolescentes, adultos;
- Incomoda deliberadamente outras pessoas;
- Culpa os outros por seus erros ou mau comportamento.
Classificação dos subtipos de TOD
Atualmente vem se buscando distinguir os dois subtipos e suas dimensões, que foram abordados por pesquisadores da Universidade de Calgaria (Canadá), que relatam que há dois subtipos:
- Sintoma de Afeto Negativo (ODDNA) – Sensível, raivoso, rancoroso e/ou vingativo;
- Sintoma Comportamento Oposição (ODDB) – Argumentador, desafiador, intolerante.
O bebê por instinto usa o choro para conseguir o que quer, e conforme ele vai crescendo modula esse comportamento, utilizando a comunicação para receber suas demandas. Até os três anos esse comportamento vai se intensificando à medida que vão sendo alcançados seus feitos e a criança passa a querer chamar a atenção gritando, chorando e se jogando no chão, mas ao ser direcionada ela consegue se moldar ao querer dos pais, essas atitudes tendem a sumir até os 4 anos e meio de idade, sendo uma criança neurotípica.
Uma criança com TOD age dessa forma não só no ambiente familiar, começando a se estender ao convívio social. Quando chega aos 5 anos é onde geralmente esse comportamento se torna mais preocupante para os pais, pois nesse período cerca de 60% dos responsáveis por crianças com TOD não conseguem controlar as crises e uma das primeiras questões a serem eliminadas não é os sintomas, mas o convívio social, já que os adultos deixam de frequentar locais públicos, festas, reuniões e atividades, receosos que o filho (a) tenham crises.
Níveis de TOD
- Leve: os sintomas se limitam a apenas um ambiente (em casa, na escola, no trabalho, ou com os colegas);
- Moderado: alguns sintomas estão presentes em pelo menos dois ambientes;
- Grave: alguns sintomas estão presentes em três ou mais ambientes.
Formas de tratar o transtorno
O Transtorno opositivo Desafiador quando isolado é tratado com terapia psicológica específica para modelação de comportamento, sendo a Cognitiva Comportamental, e o treinamento parental em conjunto para que todos os procedimentos utilizados nas terapias sejam reforçados em casa. O TOD não tem uma cura específica, e sim uma redução significativa dos sintomas, chegando a possibilidade de autorregulação por parte da criança/jovem.
Quando a criança apresenta o transtorno como uma comorbidade concomitante ao TDA-H se faz necessário a introdução de medicação para controlar os sintomas pertinentes ao TDA-H, e minimizar os efeitos coligados dos transtornos.
Em alguns casos também é necessário aderir ao tratamento farmacológico em associação ao tratamento terapêutico como forma de reduzir, tornar o tratamento eficaz e seguro. Nesse ponto de vista, reduzir e/ou eliminar os sintomas de agressão e outros comportamentos disruptivos é de extrema importância.
Ainda não há estudos que comprovem efetivamente a eficácia real dos fármacos, mas sim a redução dos sintomas. Levando em consideração cada caso, analisando os efeitos adversos, alterando as dosagens e monitorando o processo, pode-se chegar ao fármaco mais propício.
Maneiras de ajudar pessoas com TOD
Em um primeiro momento pode parecer bem difícil lidar com os comportamentos e sintomas do TOD, principalmente quando se inicia as atividades escolares, mas se todos se prepararem, existem várias possibilidades de se alcançar êxito.
Compreender o comportamento
- Identifique os sintomas do TOD;
- Converse sempre com a criança sobre suas reações;
- Reconheça a necessidade de manter o controle;
- Ensine formas positivas de lidar com a frustração.
Ajustar e iniciar as técnicas parentais.
- Aprenda a se comunicar de forma clara e eficiente;
- Não reaja de maneira raivosa;
- Não culpe a criança/jovem ou o veja como um problema na sua vida;
- Assuma a responsabilidade pelos seus próprios sentimentos e atitudes, torne-se um exemplo;
- Seja consistente, não é não, regras e limites devem ser claras e obedecer ao único comportamento aceitável;
- Ajuste seus pensamentos, pois são eles que comandarão suas reações, substitua os negativos pelos positivos, veja que a criança/jovem precisa de ajuda e você é a referência;
- Identifique os estressores tanto familiar como ambientais;
- Ajude a identificar as emoções, tanto as suas como as da criança, não tente ser forte o tempo todo;
- Deixe sempre claro a importância do respeito e dos limites;
- Comece o tratamento o mais breve possível, estudos mostram que 67% das crianças com TOD se tornam assintomáticas no prazo de 3 anos caso iniciem o tratamento correto;
- Trate outros problemas de saúde mental, investigue se há outras comorbidades além do TOD;
- Participe de palestras, programas e atividades de treinamento;
- Entre em grupos de apoio;
- Caso seja necessário, não relute em iniciar tratamento farmacológico.
*Por Emanoele Freitas
Neurocientista especializada em Transtornos do Neurodesenvolvimento e Psicopatologia. Entre os livros lançados está “Transtornos do Neurodesenvolvimento – Conhecimento, planejamento e inclusão” (Wak Editora).