A terapia, também conhecida como psicoterapia ou aconselhamento, é uma prática cada vez mais reconhecida por sua importância no bem-estar mental e emocional. No entanto, muitos mitos e equívocos ainda cercam essa prática, criando barreiras para aqueles que poderiam se beneficiar dela.
De acordo com Alana Anijar, psicóloga e apresentadora do podcast Psicologia na Prática, em muitos casos as pessoas até sabem que certas afirmações são mentiras, mas é difícil rebatê-las. A seguir, ela esclarece alguns deles. Confira!
1. A terapia é para pessoas fracas ou com problemas muito graves
A terapia não trabalha apenas problemas ou situações graves, mas também habilidades sociais, gerenciamento de emoções, comunicação assertiva, capacidade de resolução de desafios e o modo de lidar com a tolerância ou a frustração. “Muitas pessoas buscam o tratamento terapêutico simplesmente porque entendem que podem reagir melhor às situações que estão vivendo e reconhecem isso com humildade”, diz Alana Anijar.
2. A terapia é para loucos
Outro mito bastante batido é que a terapia, o psicólogo e o psiquiatra são para loucos. “O conceito de loucura e o histórico desse tipo de diagnóstico, porém, têm outro tipo de fundamentação”, explica a especialista. No início da história da Psicologia, os psicólogos e cientistas tinham como objetivo estudar a mente humana e obter tratamento para transtornos graves. Assim, disseminou-se uma perspectiva errada a respeito da terapia.
É a partir de Martin Seligman, psicólogo que elaborou a teoria da Psicologia Positiva, que essa visão começou a mudar. “Ele deixou claro que a Psicologia Positiva era o caminho para a promoção da felicidade e do bem-estar, e não somente para a cura das dores emocionais”, resume a psicóloga. A Psicologia é, sim, para os que necessitam de diagnóstico e tratamento, mas todas as outras pessoas também podem se beneficiar dela.
3. A terapia é um processo infinito
Segundo Alana Anija, uma crença recorrente é que a terapia é um processo infinito e que perdura pelo resto da vida. O correto, porém, é que ela tenha início, meio e fim. “É necessário ser dessa forma para que não se crie uma relação de dependência com o terapeuta, afinal, você precisa aprender habilidades, entender os seus sintomas ou o seu transtorno e se desenvolver”, explica.
Em alguns casos mais complexos, será necessária ajuda contínua, que pode durar anos, de acordo com ela. Porém, da perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental, abordagem com a qual ela trabalha, em algum momento o processo precisa ter fim.
4. A terapia é só para falar de coisas do passado
A profissional explica que existem certas abordagens que têm um foco maior no passado. “E sim, a nossa história é extremamente importante e faz parte do processo terapêutico, mas se só ficarmos parados, apegados ao passado na tentativa de encontrar explicações para tudo o que estamos vivendo hoje, perderemos a chance de mudar aquilo que está, minimamente, sob nosso controle: o presente e o futuro”, elucida. A terapia propõe olhar para as situações passadas e entendê-las – porque as crenças se solidificaram lá – e trabalhar o agora ao pensar o que se pode fazer daí para frente.
5. A terapia é para terceirizar os seus problemas
O profissional não ocupa o lugar de resolver pendências ou falar o que se deve fazer. O papel dele é ajudar a analisar as possibilidades, os prós e os contras de cada uma delas e o que faz sentido para a vida do paciente no momento.
6. A terapia é muito cara e não é acessível
De acordo com Alana Anija, as sessões particulares, de fato, não são baratas. Mas existem alternativas públicas e gratuitas para buscar ajuda nesse sentido. “Embora saibamos que é muito difícil encontrar vagas disponíveis e ter acesso aos serviços, não é impossível. Vale a pena procurar por profissionais que realizam atendimentos sociais e que cobram um valor dentro do seu orçamento”, pontua. Além disso, também existem as clínicas escola, em que estudantes de Psicologia oferecem o serviço de forma gratuita nas próprias faculdades.
Por Martina Colafemina