A mama feminina tem uma representação muito forte para a mulher, por causa da relação direta com a feminilidade, autoestima, sexualidade e maternidade. A cirurgia de mastectomia tem como objetivo a retirada total ou parcial da mama afetada pelo câncer, podendo impactar de uma forma negativa a autoestima feminina e afetar emocionalmente a mulher.
Reconstrução da mama resgata autoestima da mulher
O procedimento de reconstrução mamária se torna a melhor opção para a mulher resgatar a autoconfiança. A cirurgia de reconstrução de mama irá devolver a forma, a aparência e o tamanho da mama. Porém, essa cirurgia depende muito do tipo de ressecção que foi realizada pelo mastologista. Em alguns casos é possível a reconstrução imediata, ou seja, na mesma cirurgia, com isso a paciente não passa pelo trauma de ficar sem a mama.
Quando o procedimento pode ser realizado?
Existem casos nos quais a paciente tem que passar por procedimentos adicionais, como radioterapia, dessa forma, a cirurgia de reconstrução pode ficar para um segundo tempo, após a finalização desses tratamentos adicionais. Isso é definido pelo mastologista junto com o cirurgião plástico e o oncologista, dependendo do tipo do tumor, dimensão da lesão e condição clínica da paciente.
Procedimentos necessários
Geralmente, a reconstrução de mama é completada após alguns tempos cirúrgicos, em geral, três procedimentos, sendo maior o primeiro tempo, seguido de dois procedimentos menores. O objetivo da cirurgia é deixar as mamas simétricas, buscando um resultado mais semelhante possível.
Como é feita a reconstrução da mama?
A reconstrução depende diretamente da cirurgia primária para a retirada do tumor. Nos casos em que foi preservada grande parte de pele e gordura na mastectomia, o cirurgião plástico poderá realizar um procedimento mais simples, utilizando apenas uma prótese de silicone para a reconstrução, atingindo um resultado satisfatório.
Já nas mulheres em que a retirada foi um pouco mais agressiva, mas ainda resta tecido (pele e gordura) em menor quantidade, o cirurgião pode fazer uso de colocação de expansor para ganhar espaço, ou seja, estendendo a pele e, posteriormente, substituir por uma prótese de mama. O expansor será inflado semanalmente com soro fisiológico até que fique do tamanho da outra mama e assim, posteriormente, o expansor pode ser substituído pela prótese de mama.
Reconstrução em casos mais agressivos
Nos casos mais agressivos, nos quais foi necessária a retirada de uma maior quantidade de tecido e da aréola, do mamilo e, em alguns casos, o músculo peitoral, é necessário utilizar tecidos de outras partes do corpo para cobrir o defeito criado pela ressecção do câncer. Então, temos duas opções mais usadas: usar a pele, gordura e músculo da região abdominal situada abaixo do umbigo (TRAM), ou usar o músculo, gordura e pele da região dorsal (GRANDE DORSAL).
Uso do músculo reto abdominal
Na técnica TRAM a reconstrução é feita com o músculo reto abdominal, na qual a pele e gordura, junto com a musculatura do abdome, são levadas para a região mamária. Nesses casos, geralmente não é necessária a colocação de implantes mamários. É possível atingir o volume da mama natural com esses tecidos da região do abdome inferior. A cicatriz do abdome fica semelhante à da abdominoplastia.
Técnica com gordura e músculo da região dorsal
Na técnica grande dorsal, a pele, gordura e músculo da região dorsal são utilizados para cobrir o defeito da mama ressecada. Nesses casos, se faz necessária a utilização de prótese de mama para obter o volume da mama sadia.
Últimas etapas da reconstrução
Nos casos em que foi necessária a ressecção do mamilo e da aréola, será realizado o segundo tempo cirúrgico, que consiste na reconstrução do complexo aréolo papilar (mamilo e aréola). O mamilo é reconstruído com retalhos locais e a aréola é reconstruída com pele enxertada da região da virilha (pele mais escura, semelhante à aréola).
Uma das últimas etapas da reconstrução mamária se chama ‘simetrização das mamas’, em que é feito uma mamoplastia de aumento com colocação de prótese, ou de redução, para tentar deixar as mamas mais simétricas possíveis.
Por Dr. Acrysio Peixoto
Cirurgião membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica