Pirineus: veja o que visitar na fronteira entre Espanha e França

Pirineus: veja o que visitar na fronteira entre Espanha e França
Além de contemplar um belo pôr do sol, em Lleida você também pode visitar um dos Parques Nacionais em Aigüestortes i Estany de Sant Maurici (Imagem: AlbertoGonzalez | Shutterstock)

Os Pirineus, localizados entre Navarra, Aragón e Catalunha, na Espanha, têm uma extensão de mais de 400 quilômetros. A belíssima região age como fronteira natural entre a Espanha e o resto da Europa, e esta cordilheira passa pelo norte do país no sentido horizontal.

São altas e enormes montanhas, mais de 200 delas superam 3.000 metros de altitude, uma abundante vegetação, numerosos rios, fauna e flora riquíssimas e muitos povoados incrustados em suas enormes. Há também a parte dos Pirineus Franceses, que é enorme e repleta de atrações.

Uma excelente opção em qualquer época do ano

Nos Pirineus, você sempre tem alguma coisa para fazer e uma bela região para conhecer. Não importa a época do ano. Se for no inverno, você poderá praticar esportes de neve como esqui, fazer passeios de trenó e realizar trilhas. Essa imensa região abriga nada menos do que 15 estações, incluindo as de Baqueira-Beret, Formigal e La Molina/Masella, que têm pistas para todas as idades e diferentes níveis de dificuldade, em algumas das paisagens mais bonitas da Espanha.

A primavera e o verão esperam pelos amantes do trekking, que podem caminhar pelos muitos itinerários que atravessam os Pirineus, incluindo o roteiro GR11, com cerca de 380 quilômetros de travessia. Ou seus dois Parques Nacionais; Aigüestortes i Estany de Sant Maurici, em Lleida, e Ordesa y Monte Perdido, em Huesca, onde você poderá contemplar animais como o quebra-ossos, o tetraz e a camurça.

Além disso, graças a seus altos picos, é o lugar perfeito para praticar escalada, alpinismo e canyoning. Montanhas famosas como Aneto, o Maladeta e a Pica d’Estats servem para ter algumas das melhores vistas panorâmicas de toda a cordilheira. Menção especial para os esportes aquáticos como o rafting, em que poderosos rios, como o Zinca, o Segre e o Gállego, lhe oferecerão uma experiência cheia de diversão para navegar em águas bravas.

As três grandes regiões dos Pirineus

Uma aventura em três regiões diferentes. No meio de tanta natureza, dezenas de povoados charmosos aparecem nos Pirineus. A melhor opção é chegar de carro, já que assim você poderá percorrer a área com total liberdade. Festas como a da Almadia, no final de abril, ou o Tributo das Três Vacas, no dia 13 de julho, são celebradas em Navarra, dentro do Vale do Roncal, nas pequenas cidades de Burgui e Isaba.

Ansó

Neste roteiro, continuando para o leste, você chegará aos bonitos vilarejos dos Pirineus aragoneses. Um bom exemplo é Ansó, com sua impressionante igreja românica. Também não se esqueça de provar a culinária local, como as “migas de pastor” ou as carnes dos Pirineus.

Aínsa

Seguindo ainda mais para o leste, fica Aínsa, onde você poderá visitar a Plaza Mayor e o recinto amuralhado, uma autêntica viagem no tempo. E não muito longe, lhe aguarda outra visita obrigatória: Benasque; a porta de entrada do Parque Natural Posets-Maladeta, e famoso por ser o povoado com o maior número de montanhas de mais de 3.000 metros.

Pirineus catalães

Seguindo o mesmo roteiro marcado pelas montanhas, você chega ao último trecho: os Pirineus catalães, divididos entre Lleida e Girona. Na primeira parte, você verá igrejas e pinturas românicas em povoados como Boí e Taüll, ideais para os adeptos da arte.

E para aqueles que procuram cenários quase de conto de fadas, o núcleo antigo de Bellver de Cerdanya fará com que se sintam em plena Idade Média. Saltando de província e indo a Girona, chega a “Cereja do Bolo” deste roteiro pirenaico com Camprodon. A magnífica Ponte Nova sobre o rio Ter merece uma fotografia para se despedir dos Pirineus até sua próxima visita.

Destinos para explorar a partir de Girona

Cidade de Ripoll

Localizada na confluência dos rios Ter e Freser, a cidade de Ripoll se agrupou ao redor do mosteiro beneditino de Santa María de Ripoll, fundado no século IX. Essa cidade românica é considerada um dos centros monásticos mais importantes da Catalunha medieval, devido fundamentalmente à sua atividade repovoadora. Destacam-se o magnífico claustro e a igreja com um extraordinário pórtico do século XII, que conserva interessantes relevos com impressionantes cenas bíblicas.

Igreja de Sant Pere

Além do mosteiro de Santa María de Ripoll, merece destaque a igreja de Sant Pere, do século XII, com elementos pré-românicos e atualmente sede do Museu Etnográfico. Aliás, visitar esse museu é dos pontos imperdíveis do nosso roteiro.

A fabricação de pregos e armas foi a principal atividade econômica da cidade e, entre os séculos XVI e XVIII, o local foi um dos centros de armas mais importantes da Europa. Com a chegada do trem e da indústria têxtil, Ripoll conseguiu um novo impulso econômico que se manteve até os dias atuais.

Aldeia de La Pobla de Lillet
Explorar o centro histórico e a dualidade de La Pobla de Lillet é uma experiência única (Imagem: Cavan-Images | Shutterstock)

La Pobla de Lillet

Passear pelo centro histórico da cidade, com ruas de pedras e construções bem delineadas, é outro ponto interessante para desbravar as áreas escondidas da cidade. Continuando nosso roteiro, chegamos a La Pobla de Lillet, uma cidadezinha que surpreende, pois as suas atrações se dividem entre a zona histórica e mais urbana, com a região rural e mais afastada.

Mais pontos turísticos para visitar

A Pont Vell, a Rotunda de Sant Miguel, o mosteiro de Santa Maria de Lillet, o Santuário de Falgars, os Jardins de Artigas e a Adega Murcarols são alguns dos locais encantadores para visitar nesta cidade, que mais parece uma maquete de tão bela. Depois de visitar a parte urbana, você pode entrar no Tren del Ciment, que começa sua jornada na mesma estação de La Pobla de Lillet, onde você também encontra uma exposição de locomotivas e ferrovias industriais e turísticas.

Nesta viagem, você pode desfrutar da experiência de ir de trem vintage e contemplar as vistas enquanto você dá a volta pela montanha, as casas e os Jardins de Artigas. Este Alt Llobregat Tourist Railway termina sua jornada no Museu del Ciment, que você também pode aproveitar para conhecer.

Os Jardins de Artigas são um parque a céu aberto, criado pelo famoso arquiteto catalão Antoni Gaudi, que combina diversos recursos naturais com estruturas especiais criadas. Escondido nos Pirineus, Gaudi criou esse jardim que resiste ao tempo até hoje, depois de mais de um século. Vale bastante a pena conhecê-lo.

Castellfollit de La Roca tem paisagens indescritíveis

Castellfollit de la Roca é um dos povoados mais pitorescos da Catalunha e talvez de todo o território espanhol. Localizada entre os rios Fluviá e Toronell, e suspensa em uma espetacular parede basáltica, a igreja e as casas de Castellfollit se transformaram em uma das imagens mais populares da região.

O centro histórico dessa pérola dos Pirineus é de origem medieval. O local tem belas praças e ruas estreitas. Caminhando lentamente pelas ruelas, o turista tem uma surpresa para ver e fotografar.

Na extremidade do precipício, se encontra a praça-mirante Josep Pla, com uma impressionante vista panorâmica. A igreja de São Salvador, do século XIII, o campanário de Sant Roc e, especialmente, o ambiente natural do povo são suas belezas mais destacadas.

Visite também o pequeno museu anexo à igreja, que conta um pouco da história da localidade. Mesmo para aqueles que não são religiosos, vale fazer uma excursão até o Santuario del Cós. Ali, vale meditar e deixar a mente te levar para bons pensamentos. O lugar tem uma energia especial, que às vezes é quase inexplicável.

Além disso, a zona urbana da cidade oferece bons restaurantes para provar o melhor da gastronomia típica. Principalmente aos finais de semana, turistas provenientes de Barcelona e Girona costumam lotar a cidadezinha, que mais parece um presépio de pedras, esculpido numa altíssima montanha. Castellfollit se encontra ao lado do Parque Natural da Zona Vulcânica da Garrotxa, um espaço protegido de grande valor paisagístico.

Mosteiro beneditino é atração única

A vila de San Juan de las Abadesas é outro lugar especial para percorrer e conhecer coisas de um histórico passado muito presente. A cidade está situada na margem esquerda do rio Ter, em torno de um antigo mosteiro beneditino feminino fundado por Wifredo el Velloso no ano 885 e convertido em colegiada no final do século XVI.

São conservados a igreja românica do século XII, que sofreu algumas modificações, e o claustro gótico do século XV. Possui algumas peças interessantes, como o grupo escultórico do Descendimiento (1251), com sete figuras policromadas, conhecido como o Santíssimo Mistério, um dos mais notáveis da época; e a imagem e o retábulo góticos de Santa María la Blanca.

Também são impressionantes as construções do palácio abacial e seu pequeno claustro gótico; a abside e o portal românico da antiga igreja de Sant Joanipol; a praça principal com pórticos; os restos de muralhas; e a ponte velha sobre o rio Ter, de estilo gótico e paralela à ponte nova. Nessa pequenina cidade, vale também fazer uma parada estratégica para degustar de comida típica e, se for verão, deliciar-se com os sorvetes para se refrescar das constantes caminhadas.

Castellar de N’Hug é um local típico e único, localizado no ponto setentrional da província de Barcelona, dentro da comarca do Berguedà. Cercada por um exuberante ambiente natural, seu centro urbano conserva belas amostras do românico catalão. Castellar de N’Hug possui um bem conservado traçado de ruas de pedras, onde aparecem belos exemplos de arquitetura rural, caracterizada por suas tradicionais casas construídas totalmente de pedras.

A beleza das construções românicas

A Idade Média propiciou um período de grande esplendor artístico. São dezenas de construções românicas que ainda sobrevivem em toda a região. Em pleno centro urbano se ergue a igreja de Santa María de N’Hug, construída no século XI e com posteriores adições neoclássicas.

Nas proximidades é possível admirar outras jóias do românico catalão, como Sant Vicenç de Rus, templo originário de princípios do século XII, que abriga interessantes pinturas, e San Joan de Cornudell, arrematada por um campanário de espadana.

A origem agropecuária de Castellar de N’Hug é atualmente um dos principais atrativos turísticos: o Concurso Internacional de Cachorros Pastores. Nesse certame, celebrado no último domingo de agosto, a destreza destes animais é testada através de diversas provas.

Castellar de N’Hug oferece ao visitante uma interessante oferta de museus. Em Clotdel Moro, por exemplo, se encontra o Museu do Cimento (o museu da fábrica Asland de Castellar de N’Hug), um belo exemplo de arquitetura modernista que um dia foi a primeira fábrica de cimento da Catalunha.

Vic oferece construções centenárias

Vic, capital da região de Osona, fica nas margens do rio Meder, nas imediações do impressionante lago de Sau. Sua catedral neoclássica é uma das principais atrações da região urbana, recheada de outros atrativos. O interessante nessa cidade é caminhar a pé, sem pressa e deixar a câmera fotográfica captar imagens inesquecíveis para posterior recordação. Durante a Idade Média, a cidade se distribuía em dois setores: um em torno do castelo dos Montcada e outro ao redor da catedral.

Na atualidade, Vic possui uma bonita zona urbana dominada por uma notável Catedral, sede de um arcebispado. O templo, construído no final do século XVII, é de estilo neoclássico, e um de seus maiores destaques são as pinturas do artista Josep María Sert em seu interior. O percurso por Vic também conduzirá a lugares emblemáticos como o Palau Episcopal, erigido junto à catedral; a Plaza Mayor, com pórticos; o templo romano; o convento de Sant Domènech; e a igreja de la Pietat.

A poucos quilômetros de lá, fica um dos melhores estabelecimentos hoteleiros da região, o Parador de Turismo de Vic-Sau, com uma vista impressionante da paisagem ao redor. Rodeado de bosques e das águas do lago de Sau, compõe um invejável lugar de descanso para aqueles que desejam se afastar do agito. Após visitar a cidade de Vic, o viajante pode continuar o caminho no mosteiro de Sant Pere de Casserres, do século XI.

Vista da Catedral de Saint-Louis
A igreja Saint-Louis é um dos principais pontos turísticos da cidade de Mont-Louis (Imagem: M. Etcheverry | Shutterstock)

Duas cidades no extremo sul da França completam o roteiro

Localizada a 1.600 metros acima do nível do mar, no coração dos Pirineus Catalães e no cruzamento de Conflent, Capcir e Cerdagne, Mont-Louis, fundada no século XVIII, a pedido do rei Luís XIV para garantir este território, seguindo o tratado dos Pirineus de 1659, é a mais alta cidade fortificada da França.

A construção, coordenada e chefiada por Vauban, ocorreu de 1679 a 1681, e esta antiga cidade fortificada foi declarada Patrimônio Mundial da UNESCO sob as fortificações de Vauban. Descubra, ao longo de uma caminhada, o portão da França, as muralhas, a igreja Saint-Louis e o forno solar datado de 1949, cuja operação é explicada durante uma visita guiada. A cidadela oferece ainda bons restaurantes e dezenas de lojas onde você pode encontrar bons souvenirs.

Matemale: aldeia de Capcir

Esta pequena aldeia está situada no sopé do Bastard Peak, entre o seu lago e a floresta real de pinheiros seculares. Matemale, aldeia de Capcir, irá proporcionar várias atividades aquáticas. Além disso, você pode levar o seu cão e fazer caminhadas revigorantes pelos bosques imensos que circundam a lagoa.

Durante o verão, ocorrem alguns encontros noturnos, como o festival de música, todas as noites de quarta-feira, em julho e agosto. O local também é interessante para realizar um descontraído piquenique ou acampar junto à natureza. Bem perto dali, encontram-se estações de esqui que podem ser aproveitadas entre novembro e março.

Nesse roteiro, conseguimos visitar apenas algumas cidades dos Pirineus. É importante ressaltar que, para ter uma noção mais completa de toda a região, são necessárias três semanas de viagem. Mesmo assim, já deu para se ter uma ideia de quão espetacular é esse destino, muito procurado pelos europeus e ainda pouco conhecido dos brasileiros.

Por Claudio Oliva – revista Qual Viagem

Redação EdiCase

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