A liraglutida, popularmente chamada de Saxenda, é um medicamento injetável que costuma ser indicado para pacientes com obesidade. No tratamento da obesidade, segundo a farmacêutica Andressa Diniz, “a saxenda regulariza o apetite, gerando menor ingestão de alimentos e, consequentemente, redução do peso. Ele também regula a termogênese, além de promover retardo no esvaziamento do estômago e intestino.”
Para a utilização desse tipo de remédio é necessário o acompanhamento médico, pois ele irá avaliar a necessidade do paciente de acordo com o IMC (Índice de Massa Corporal) e se existem outros problemas de saúde, como diabetes, pressão arterial elevada, níveis anormais de gorduras no sangue e apneia obstrutiva do sono. Além disso, para a eliminação de peso, é preciso um plano alimentar bem estruturado e realização de atividade física.
Como age esse medicamento?
Segundo a farmacêutica, a liraglutida é similar a um hormônio natural do corpo, chamado GLP-1, que é liberado pelo intestino após as refeições. O medicamento age nos receptores do cérebro que controlam o apetite, causando sensação de saciedade e menos fome.
Como utilizar a Saxenda?
Saxenda é uma injeção que deve ser aplicada sob a pele (via subcutânea). Antes de utilizar o sistema de aplicação pela primeira vez, seu médico ou enfermeiro irá orientá-lo sobre o modo de uso. Ela pode ser aplicada a qualquer hora do dia, com ou sem alimento. “O médico irá prescrever uma dose que será aumentada gradualmente ao longo das semanas. E o seu uso deve estar associado a uma dieta hipocalórica e exercício físico”, explica Andressa Diniz.
Além disso, antes de utilizar a Saxenda, o paciente deve informar ao médico se toma outros medicamentos. Isso porque esse tipo de remédio retarda o esvaziamento gástrico e pode afetar a absorção de fármacos, quando administrados em conjunto.
Uso de remédio de diabetes para emagrecimento
Conforme explica Andressa Diniz, a Saxenda foi lançada no Brasil em 2011, inicialmente com o nome comercial Victoza, e era utilizada para o tratamento de diabetes. Ela ganhou o mercado contra a obesidade em 2016. Isso porque, após alguns estudos, foi comprovada a sua eficácia nos tratamentos para emagrecer, o que impulsionou a aprovação por parte da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“A Saxenda virou moda e começou a ser usada por muitas pessoas sem prescrição médica, sem orientação sobre a mudança dos hábitos alimentares e a prática de atividades físicas. Além disso, muitas pessoas também começaram a utilizar o medicamento em doses inadequadas, acarretando riscos para a saúde. E, como qualquer outro medicamento, o seu uso exige cuidado”, afirma a profissional.
Possíveis efeitos colaterais
Como todos os medicamentos, a liraglutida pode causar efeitos colaterais – embora nem todas as pessoas os apresentem. De acordo com Andressa Diniz, as principais reações são náuseas, vômito, diarreia e constipação. Esses sintomas normalmente desaparecem após alguns dias ou semanas.
O paciente também pode apresentar problemas que afetam o estômago e o intestino, tais como: indigestão, gastrite, desconforto gástrico, dor na região superior do estômago, azia, sensação de empachamento, flatulência, eructação, boca seca.
Também pode ocorrer sensação de fraqueza ou cansaço, paladar alterado, tontura, insônia, que geralmente pode ocorrer nos primeiros 3 meses de tratamento. Cálculo biliar, reações no local da injeção (como hematoma, dor, irritação, coceira e erupção cutânea), hipoglicemia, aumento de enzimas pancreáticas, como lipase e amilase. Outras reações incomuns e raras podem ser consultadas na bula, conforme explica a farmacêutica.
Contraindicações do medicamento
A Saxenda é contraindicada para alérgicos a liraglutida ou a qualquer outro componente da fórmula. Também não deve ser usado em caso de amamentação, gravidez e, se estiver planejando engravidar, o uso deve ser descontinuado.
“O uso de Saxenda não é recomendado para pacientes com insuficiência cardíaca grave, com problema grave no estômago ou nos intestinos, que resulte no atraso do esvaziamento do estômago (denominado gastroparesia) ou se tiver uma doença inflamatória do intestino. Também é contraindicado em caso de pancreatite ou inflamação da vesícula biliar. Além disso, não deve ser utilizado em crianças com menos de 12 anos de idade ou em adolescentes (entre 12 e 18 anos) com peso corporal igual ou abaixo de 60 kg”, adverte Andressa Diniz. Em todo o caso, o mais recomendado é procurar orientação médica antes de começar a utilizá-lo.