Os rins desempenham um papel vital no organismo. Além de regularem a pressão sanguínea, eles também têm a importante função de eliminar subprodutos metabólicos, controlar o volume e a composição do líquido extracelular, entre outras atividades.
“Nesse sentido, um dano parcial ou total à estrutura e função dos rins gera também sinais clínicos na pele e no cabelo, já que o tecido cutâneo é o maior órgão do corpo e reflete problemas em órgãos internos”, diz a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada. “Devemos sempre estar atentos a esses sinais para identificar problemas renais e iniciar o tratamento adequado”, acrescenta.
A seguir, veja os principais sintomas cutâneos de que algo não está certo com os rins.
1. Ressecamento
Essa é a manifestação dermatológica de maior ocorrência em pacientes com algum grau de disfunção renal. “Esse tipo de alteração acomete quase 80% dos casos. Os estudos relacionam direta e proporcionalmente a atrofia das glândulas sebáceas e a intensidade do ressecamento e do prurido no grupo de pacientes com doenças renais”, explica a Dra. Caroline. Ainda segundo a especialista, “condições comuns que causam insuficiência e falência renal, como a diabetes e a hipertensão arterial, podem contribuir para a piora desse quadro de ressecamento da pele”.
2. Palidez
Quase 60% dos pacientes renais apresentam palidez, sinal ligado à anemia e que é importante para o diagnóstico, pois aparece de maneira precoce. “Rins saudáveis produzem eritropoetina, um hormônio que estimula a medula a produzir o número apropriado de glóbulos vermelhos. […] Quando o rim está doente, pode não produzir esse hormônio de maneira eficiente, [o que] afetará a pele, que terá uma tonalidade pálida, que pode ser observada durante o exame atento no olho e nas regiões das palmas das mãos e dos pés”, explica a médica.
3. Coceira
O prurido (coceira), em 50% dos casos, indica a presença de uma doença sistêmica subjacente e deve ser sempre avaliado. “Pacientes com insuficiência renal crônica podem queixar-se de um prurido intenso nos estágios mais avançados da doença. Esse sintoma merece uma minuciosa investigação e no geral está associado ao ressecamento da pele e à diminuição do suor. […]”, explica a médica.
4. Hiperpigmentação
Manchas que aparecem no corpo todo de forma difusa também estão relacionadas à insuficiência renal crônica. “Na doença, é esperado que pacientes tenham níveis elevados de uma molécula orgânica, a porfirina, que se acumula no plasma e na pele. Essas proteínas [de porfirina] absorvem a luz solar, ativando e excitando os melanócitos (células produtoras de pigmento), com liberação de radicais livres. Esses processos acarretam o surgimento da pigmentação castanho-amarelada na pele”, explica a especialista.
5. Alopecia
A médica nefrologista esclarece que os cabelos dos pacientes com insuficiência renal são, em geral, secos, quebradiços e predispostos à queda. “Isso ocorre em função da atrofia das glândulas sebáceas, típica da enfermidade e do acúmulo potencialmente tóxico de metabólitos nas células da raiz dos cabelos”, explica.
6. Alterações da mucosa oral
O ressecamento da mucosa oral também é um sintoma observado em 30% dos pacientes e é atribuído à respiração bucal e à desidratação. “A presença de inflamação e fissuras nos lábios e úlceras na região também são descritas, mas nenhuma dessas alterações é exclusiva da insuficiência renal, sendo possível a ocorrência de todas em situações de imunossupressão ou outras enfermidades sistêmicas crônicas”, afirma a Dra. Caroline Reigada.
7. Unhas meio a meio
A ocorrência das unhas meio a meio é um sintoma típico da insuficiência renal crônica, ocorrendo de 20% a 50% dos casos, quando metade da unha é branca e a outra metade é rosada ou vermelho-marrom.
Formas de tratamento
A médica explica que o tratamento de todos esses problemas deve ser multidisciplinar, com a ajuda do nefrologista e do dermatologista, a fim de tratar as alterações cutâneas que também interferem no bem-estar no paciente.
Por Guilherme Zanette