A síndrome da impostora é um desafio complexo que afeta inúmeros indivíduos, independentemente do gênero. Caracterizada por baixa autoestima, insegurança, complexo de inferioridade, apreensão, perfeccionismo e um receio constante de ser exposto, essa condição muitas vezes cria uma batalha interna significativa.
Embora se manifeste de maneira generalizada, a síndrome da impostora parece ter uma incidência particularmente alta entre as mulheres. Isso levanta questões sobre os estereótipos de gênero e a influência persistente do machismo em nossa sociedade. É fundamental entender que esse não é um problema individual, mas uma questão social que merece atenção e compreensão.
Relação da síndrome com o patriarcado
Para a psicóloga Vanessa Gebrim, especialista em Psicologia Clínica pela PUC-SP, esse problema está ligado a uma construção social. “De modo geral, essa síndrome está diretamente relacionada às ideias que o patriarcado construiu sobre a figura da mulher, uma imagem que alimenta o machismo no pensamento social e contribui profundamente para a destruição da autoestima feminina”, explica.
A síndrome da impostora é mais do que um desafio individual; é uma questão enraizada em estereótipos de gênero. A cultura patriarcal frequentemente desvaloriza as habilidades das mulheres, criando um terreno fértil para a autoestima abalada.
“Agressões podem desencadear traumas, desenvolvendo na pessoa muitos sentimentos de inferioridade, quadros de ansiedade, sentimentos de fracasso, inadequação, falta de pertencimento e incapacidade”, revela Vanessa Gebrim.
Estratégias para superar esse problema
A terapia é uma ferramenta valiosa para combater a síndrome da impostora. Isso porque é importante que os indivíduos sejam capazes de internalizar a origem da síndrome. “É indicado que o paciente realize sessões de psicoterapia para ajudar a internalizar suas capacidades e competências, diminuindo a sensação de ser uma fraude. A terapia cognitivo-comportamental e o EMDR são bastante eficazes nas mudanças de crenças e no tratamento dos traumas”, indica.
Como a síndrome afeta homens e mulheres
A síndrome da impostora afeta ambos os gêneros de maneiras distintas. Enquanto as mulheres relacionam suas conquistas ao acaso, os homens podem reagir negativamente a críticas, tornando importante compreender as nuances de gênero na abordagem dessa questão.
“No caso das mulheres, elas tendem a atribuir o sucesso à sorte, se considerando fraudes e não merecedoras de sucesso, e os homens a reagirem pior a críticas negativas quando o feedback acaba sendo desfavorável”, explica Vanessa Gebrim.
A síndrome da impostora, portanto, está frequentemente ligada à forma como a sociedade trata mulheres e sua relação com o sucesso. “Para a cultura patriarcal, tudo que remete a mulher é inferior e não tem importância, especialmente se comparada ao que um homem pode desempenhar, por isso, suas habilidades e competências devem ser frequentemente questionadas”, conclui a psicóloga.
Por Isabelle Rocha