Esses dias, estava caminhando em uma avenida da capital paulista quando me deparei com uma cena que me fez refletir sobre as complexidades da vida moderna. Era um daqueles momentos em que o cenário ao redor se torna palco para as mais diversas realidades se entrelaçarem.
Uma moça passou por mim, trajando roupas de atleta, com um fone nos ouvidos e óculos escuros. Ela corria com determinação, como se estivesse competindo em uma maratona pessoal. Sua velocidade era impressionante, parecia que estava fugindo de algo ou buscando desesperadamente alguma coisa que não conseguia alcançar.
Do lado oposto da calçada, vinha uma senhora idosa, desgastada pela vida, vestindo trapos. Com uma caneca na mão, ela pedia esmolas. Seus olhos cansados buscavam a compaixão dos transeuntes, mas pareciam ignorados pela maioria. Ao seu lado, um cadeirante, com uma expressão de sofrimento gravada no rosto, tentava, em vão, falar algo, talvez pedir ajuda, mas suas palavras se perdiam em meio ao ruído da avenida.
Enquanto ia em direção à senhora idosa e ao cadeirante, minha mente vagava entre pensamentos sobre as diferentes jornadas que cada um de nós percorre. A moça atlética disparava em sua própria corrida, talvez em busca de superação pessoal ou simplesmente fugindo dos problemas. A velha senhora e o cadeirante pareciam estar em uma corrida de sobrevivência contra as adversidades. E ali estava eu, um mero espectador momentâneo em suas trajetórias, tentando entender o significado por trás das suas lutas.
Pequenos gestos, grandes impactos
À medida que me aproximava deles, senti um misto de compaixão e impotência. O que eu poderia fazer para ajudar? Dar algumas moedas à senhora idosa? Oferecer uma palavra de conforto ao cadeirante? Mas será que isso seria o suficiente ou apenas um paliativo para as dores que enfrentavam?
Tomei uma decisão. Não poderia mudar o destino deles, mas podia oferecer um gesto de solidariedade. Aproximei-me da senhora e do cadeirante e, sorrindo, estendi minha mão em apoio. Não sei se fiz a diferença na vida dos dois, mas fiz o que pude.
Talvez seja isso o mais importante: não ficar paralisado diante das injustiças que testemunhamos todos os dias, mas agir, mesmo que seja apenas com um gesto singelo. Pois cada pequeno ato de empatia é um passo em direção a um mundo mais humano e acolhedor.
Por Kaká Werá – revista Vida Simples
É um ecologista do ser e cultivador da arte do equilíbrio da natureza humana.