4 tipos de sarna que podem atingir cães e gatos

4 tipos de sarna que podem atingir cães e gatos
Alguns tipos de sarna podem causar problemas na pele dos pets (Imagem: dezy | Shutterstock)

A sarna é uma doença causada por ácaros que pode acometer a pele de animais domésticos como cães e gatos. Além disso, essa infecção em pets pode trazer complicações aos seres humanos, uma vez que alguns agentes causadores da condição são considerados zoonóticos, isto é, podem ser passados para as pessoas.

Os ácaros são seres pequenos e, na maioria das vezes, podem ser visualizados com a ajuda de um microscópio. Além disso, existem aproximadamente 30.000 espécies. Todavia, as que costumam causar problemas na pele são: Demodex canis, Cheyletiella spp., Otodectes cynotis e Sarcoptes scabiei.

Abaixo, Maurício Orlando Wilmsen, médico-veterinário e professor do curso de Medicina Veterinária da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Câmpus Toledo, explica detalhadamente sobre cada uma delas:

1. Sarcoptes scabei – Escabiose

Este ácaro é o agente causador da sarna sarcóptica, também conhecida como escabiose, e causa uma infestação cutânea transmissível, com coceira intensa, atingindo humanos e animais. O parasita penetra profundamente na epiderme, causando inflamação, irritação e, em alguns casos, rompimento da barreira de defesa da pele.

Formas de contágio

A contaminação produz dermatite altamente contagiosa entre cães, e sua transmissão ocorre principalmente pelo contato direto com o animal infectado. A propagação indireta ocorre por meio de pelos, objetos e superfícies.

Áreas do corpo mais afetadas

O padrão de distribuição desses ácaros envolve principalmente a cabeça, a região da face, das orelhas, dos cotovelos e a planta do pé. A área dorsal do focinho, o tórax e a base da cauda do animal também podem ser afetados, eventualmente contribuindo com a disseminação para o restante do corpo.

Principais sintomas

Esse tipo de sarna costuma causar coceira intensa, vermelhidão e inflamação, perda de pelo, crostas e lesões na pele e descamação. O animal também costuma ficar bastante agitado.

2. Otodectes cynotis – Otoacaríase

Este ácaro é conhecido por ser o causador da otoacaríase. Esta doença parasitária é uma das mais frequentes causadoras de otite externa em cães.

Formas de transmissão

Os felinos são reconhecidos como “reservatório natural” dessa espécie de ácaro e são considerados potenciais veiculadores para cães e outras espécies. Estima-se que até 50% dos casos de otite externa estejam atrelados a alta ocorrência deste ácaro.

Principais sintomas

Geralmente, os animais infectados por esse tipo de sarna podem apresentar irritação no ouvido, inflamação do ouvido externo, coceira intensa com mínima presença de secreção, cerume marrom espesso e solidificado. Além disso, as lesões costumam estar restritas ao conduto auditivo externo, mas é comum encontrar ácaros em outras regiões do corpo do animal, como pescoço e membros.

Filhote de cachorro sentado em frente a uma parede azul
Filhotes estão mais propensos a terem o ácaro demodicose (Imagem: Sigma_S | Shutterstock)

3. Demodex canis – Demodicose

Este gênero de ácaro, causador da demodicose, habita folículos pilosos (estrutura dérmica capaz de produzir pelos) e glândulas sebáceas (responsáveis por produzir sebo). Assim, o Demodex canis está presente em pequenas quantidades como um agente comensal na pele e no canal auditivo de 30 a 80% dos cães saudáveis.

Formas de transmissão

Os cachorros que desenvolvem a demodicose são, em grande maioria, filhotes submetidos ao estresse da separação e animais imunocomprometidos. Portanto, a sarna demodécica é o resultado da proliferação excessiva de ácaros dessa espécie na pele de cães.

A transmissão ocorre por contato direto entre a fêmea e sua ninhada, ou entre filhotes da mesma ninhada, durante as primeiras 48 a 72 horas após o parto. A demodicose não é considerada contagiosa entre animais saudáveis após o período neonatal.

Principais sintomas

Esse tipo de sarna é classificado de acordo com a localização e a extensão das lesões no animal. Isso acontece porque existe um prognóstico e tratamento diferente para cada uma delas.

Demodicose localizada

Geralmente em um ponto circunscrito da pele, apresenta manchas vermelhas leves e queda de pelo parcial, podendo ou não apresentar coceira, seborreia, descamação e hiperpigmentação. O local mais comum de acometimento é a face do animal, especialmente ao redor dos olhos e o canto da boca.

Demodicose generalizada

É uma doença mais grave, com manifestação de 5 ou mais áreas afetadas. Há múltiplas lesões em todo o corpo do animal e inflamação em dois ou mais membros. Apresenta manchas vermelhas generalizadas, comedões, queda de pelo severa, pápulas, bolhas com pus, descamação e hiperpigmentação.

4. Cheyletiella spp – Queiletielose

Este tipo de ácaro, causador da queiletielose, pode acometer cães, gatos, coelhos e humanos. É um parasita obrigatório e permanente nesses hospedeiros e as principais espécies descritas são C. parasitivorax acometendo coelhos; C. blakei, atingindo gatos e C. yasguri, acometendo cães. Eles são altamente contagiosos e é comum que toda a ninhada, por meio do contato direto, seja contaminada.

Formas de transmissão

A utilização de objetos como pentes, escovas e toalhas de banho podem acentuar a transmissão, e os ácaros podem utilizar a presença de ectoparasitas como piolhos e pulgas para auxiliar no processo de contaminação ambiental e disseminação.

A infecção é mais comum em indivíduos mais jovens e pode ocorrer em adultos, animais imunocomprometidos em situações insalubres ou de superlotação. Além disso, os tutores, que costumam frequentar parques e outros ambientes com animais, podem aumentar a suscetibilidade ao desenvolvimento da doença em seus pets.

Principais sintomas

O animal com esse tipo de sarna pode apresentar coceira, variando de leve a intensa. Em cães, pode manifestar descamação na região dorsal e lesões na pele que lembram acne.

Tratamentos para a sarna

O tratamento adequado é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar do animal, além de evitar complicações decorrentes da doença. “O tratamento da sarna em cães e gatos deve ser realizado com base em medicações acaricidas. As mesmas podem ser administradas via tópica, oral ou, inclusive, mediante aplicação de injeções”, explica Maurício Orlando Wilmsen.

Além disso, a limpeza do conduto auditivo é fundamental para que o tratamento seja efetivo. “O acúmulo de secreções contribui para a proliferação de outros ácaros, bactérias e fungos, e também podem impedir o contato dos medicamentos com a superfície auricular, diminuindo significativamente a sua ação”, ressalta o veterinário.

Prevenindo a sarna nos animais de estimação

Por meio de alguns cuidados, a sarna é uma doença que pode ser prevenida. Segundo o veterinário, oferecer uma alimentação de boa qualidade é fundamental para garantir que o animal tenha uma resposta imunológica mais eficiente. “Sabe-se que os quadros de imunodepressão em pets são considerados pontos-chaves na manifestação de sinais clínicos”, afirma. Além disso, Maurício Orlando Wilmsen também recomenda higienizar corretamente o local em que o animal costuma ficar em casa para prevenir novas infecções.

Laleska Diniz

Jornalista pela PUC-SP e pós-graduanda em Marketing pela USP. Apaixonada por produção de conteúdo, trabalha há quase 6 anos com comunicação. Na EdiCase, produz textos sobre os mais variados assuntos para revistas impressas e digitais e portal de notícias.

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