A produção de suor em excesso é um incômodo frequente entre boa parte da população. Ocasionada por uma série de fatores, incluindo a “sudorese”, doença causada pela produção de suor em excesso, o problema é motivo de bullying e ansiedade para muitos. Porém, a boa notícia é que ele pode ser combatido com procedimentos estéticos, como indica a Dra. Cláudia Merlo, médica especialista em Cosmetologia pelo Instituto BWS.
“Uma forma de controlar o problema e que é cada vez mais apontada como um investimento por parte dos pacientes é a toxina botulínica. Ela é aplicada na região que apresenta hiperidrose, conhecida como transpiração ou suor excessivo”, diz a especialista.
A seguir, a médica esclarece tudo o que você precisa saber sobre a toxina botulínica para tratar hiperidrose. Veja!
1. Como o botox combate a transpiração?
A transpiração excessiva (ou seja, desproporcional ao que é necessário para regular a temperatura corporal), é conhecida como hiperidrose, quando há estimulação excessiva das glândulas sudoríparas. Do ponto de vista fisiológico, a produção de suor requer acetilcolina (um neurotransmissor) para ativar as glândulas sudoríparas écrinas.
A toxina botulínica inibe temporariamente a liberação de acetilcolina, impedindo a hiperestimulação dessas glândulas sudoríparas. Portanto, ao bloquear ou interromper essa via química, a toxina botulínica minimiza (ou potencialmente interrompe) a transpiração na área onde foi injetada.
2. O procedimento é diferente do método para combater rugas?
As rugas são formadas em parte pela contração repetitiva da musculatura facial subjacente, particularmente onde a pele é fina. Assim como a produção de suor, o movimento muscular também requer a liberação do neurotransmissor acetilcolina.
A toxina botulínica também atua inibindo a liberação de acetilcolina (neurotransmissor que garante o bom funcionamento do sistema nervoso), mas atua especificamente na junção neuromuscular. Curiosamente, com injeções superficiais para tratar rugas na testa, por exemplo, a toxina botulínica também pode reduzir a transpiração enquanto enfraquece o músculo (porque pode atuar nas glândulas sudoríparas e no músculo na mesma área), melhorando assim a aparência da pele.
3. Em quais casos a técnica pode ser aplicada?
Pacientes que tiveram tratamentos bem-sucedidos anteriormente tendem a repetir o procedimento antes do verão (quando são mais propensos à hiperidrose). Outros com hiperidrose mais grave podem comparecer à clínica quando são mais sintomáticos, independentemente do verão ou inverno, pois podem ficar angustiados com as sequelas psicossociais da hiperidrose de outros tratamentos que não ajudaram.
Já outros podem ter apenas hiperidrose leve, mas têm uma ocasião importante chegando e querem minimizar a chance de manchas de suor. Embora a maioria sofra de hiperidrose idiopática (ou seja, não há causa subjacente conhecida), é importante que os pacientes sejam examinados para identificar as possíveis causas do problema, como aquelas desencadeadas por medicamentos, distúrbios endócrinos ou neurológicos, por exemplo.
É necessário consultar um especialista para receber uma classificação e estabelecer a gravidade da hiperidrose, pois isso garante que o paciente seja um candidato adequado para a toxina botulínica (por exemplo, graus quase toleráveis e graves na escala de gravidade). Além disso, ele deve ser totalmente informado sobre os riscos e benefícios e não apresentar contraindicações ao tratamento com toxina botulínica.
4. Em quais áreas usar para combater a sudorese?
Para hiperidrose, é licenciado para uso nas axilas, mas pode ser usado off-label em outras áreas propensas à transpiração em certos indivíduos. Isso inclui as palmas das mãos, solas dos pés, testa, couro cabeludo e potencialmente outras áreas mais delicadas, como o sulco inframamário (abaixo da mama).
Algumas áreas são mais bem-sucedidas ou responsivas do que outras (por exemplo, as axilas geralmente são mais bem-sucedidas do que os pés), e algumas partes podem ser mais dolorosas do que outras (por exemplo, os pés mais doloridos do que as axilas, por causa de sua pele mais espessa que é mais resistente a agentes entorpecentes).
No entanto, existem maneiras de minimizar a dor e tornar a experiência mais confortável. É muito importante que os tratamentos sejam realizados por um profissional experiente para garantir uma administração segura e adequada.
5. Qual a dose indicada de aplicação?
É muito importante injetar a dose apropriada e na camada anatômica correta (ou seja, sob a pele para atingir as glândulas sudoríparas). É essencial avaliar até que ponto a sudorese excessiva afeta o paciente. Por exemplo, de acordo com a “escala de gravidade da doença da hiperidrose”, isso pode variar de muito leve (nunca perceptível e nunca interfere nas atividades diárias), a moderada (quase tolerável e frequentemente interfere nas atividades diárias) e grave (intolerável e sempre interfere nas atividades diárias). As palmas das mãos e os pés geralmente requerem doses maiores que as axilas, dependendo da gravidade da hiperidrose.
6. Com qual frequência o tratamento pode ser realizado?
As injeções de toxina botulínica não curam a hiperidrose, apenas ajudam a controlá-la. Os sintomas tendem a melhorar gradualmente (geralmente em cerca de uma a duas semanas) e retornam gradualmente ao longo do tempo. Injeções de acompanhamento serão necessárias para manter a ‘secura’. As pessoas são diferentes em termos dos efeitos da toxina botulínica na atividade das glândulas sudoríparas. Injeções repetidas podem ser necessárias em intervalos que variam de 6 a 12 meses – novamente, isso depende do local, gravidade da hiperidrose e dose injetada.
7. A partir de qual idade o procedimento pode ser feito?
Cada vez mais, percebemos que a toxina botulínica até mesmo para o tratamento de rugas não tem indicação por idade e sim por necessidade. E no caso da hiperidrose ocorre o mesmo. Às vezes até mesmo o adolescente pode fazer, quando vem com os pais para resolver o problema, que pode ser motivo de bullying. No geral, esse é um procedimento feito constantemente no consultório e não existe uma idade pré-estabelecida, mas sim a indicação e a necessidade.
8. Após o tratamento ainda é necessário usar desodorante?
Quando usada para tratar a hiperidrose das axilas, a toxina botulínica demonstrou resultar em uma diminuição de 82 a 87% na transpiração. Isso significa que a maioria dos pacientes terá pouca ou nenhuma transpiração, ou seja, suas axilas estarão um pouco secas.
Embora as propriedades antitranspirantes do desodorante possam não ser necessárias, o desodorante para controle de odor seria útil. A axila contém glândulas sudoríparas apócrinas, que contribuem para o odor corporal. A toxina botulínica não pode inibir essas glândulas sudoríparas apócrinas específicas, então é aqui que um bom desodorante é indicado.
Por Maria Claudia Amoroso