8 sinais de alerta que os pais devem observar no comportamento dos filhos

8 sinais de alerta que os pais devem observar no comportamento dos filhos
Os pais devem ficar atentos a mudanças no comportamento dos filhos (Imagem: Marciobnws | Shutterstock)

O dia 10 de setembro é reconhecido como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, um marco importante da campanha Setembro Amarelo, que acontece durante todo o mês com o objetivo de conscientizar a população e prevenir casos.

Os jovens vêm demandando um olhar mais cuidadoso, já que muitas vezes enfrentam pressões sociais, acadêmicas e emocionais intensas nesse período de mudanças. O apoio de familiares, amigos e instituições educacionais, junto com o acesso a recursos de saúde mental, pode fazer a diferença na vida daqueles que estão lidando com questões emocionais que não conseguem controlar.

Como saber que os filhos estão precisando de auxílio?

Segundo Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, pesquisadora e supervisora na residência de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM); é comum que pais de adolescentes confundam sintomas de sofrimento mental com as mudanças típicas da fase.

“Muitos pais subestimam ou não percebem sinais de que seus filhos estejam com problemas que os colocam em risco de suicídio, o que pode resultar em intervenções tardias ou inadequadas”, sinaliza a especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria).

Segundo a psicóloga Monica Machado, fundadora da Clínica Ame.C e pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein; a adolescência é uma fase marcada por profundas transformações físicas, emocionais e sociais.

“Ainda que o suicídio esteja associado a uma complexa interação de fatores psicológicos, biológicos e genéticos, bem como culturais e socioambientais, há alguns aspectos que prevalecem nessa tomada de decisão, e os pais precisam se atentar a eles”, pontua a psicóloga. 

Abaixo, as especialistas Monica Machado e Danielle Admoni listam as principais motivações e sinais que os pais devem ficar atentos no comportamento dos filhos:

Motivações 

1. Tentativas prévias

Segundo a OMS, quem já tentou o suicídio tem de 5 a 6 vezes mais chances de fazer novamente. Além disso, 50% daqueles que se suicidaram já haviam tentado anteriormente.

2. Transtornos mentais

A OMS estima que 97% das pessoas que cometeram suicídio tinham algum tipo de transtorno mental, muitas vezes, não diagnosticado, frequentemente não tratado ou não tratado de forma adequada. “Depressão, transtorno bipolar, transtornos de personalidade, esquizofrenia e transtorno de ansiedade generalizada são as condições mais associadas ao comportamento suicida”, explica Monica Machado.

Uma pesquisa feita pela Universidade de East Anglia, com 2.400 jovens com idades entre 14 e 24 anos, mostrou que os sintomas de ansiedade social (dois anos após a pesquisa) estavam significativamente associados a pensamentos suicidas e outros sintomas depressivos. “Daí a importância da percepção e intervenção dos pais na saúde mental dos filhos. A falta do diálogo e a interpretação errônea dos sinais apresentados corroboram para o comportamento suicida iminente”, ressalta Danielle Admoni.

3. Bullying

Segundo a psiquiatra Danielle H. Admoni, “o bullying envolve um ato de violência, seja física ou psicológica, realizado por uma ou mais pessoas de maneira intencional e recorrente, sem uma razão clara, provocando sofrimento e ansiedade, além de intimidar a vítima. No cyberbullying, o anonimato pode trazer uma vantagem ao executor do bullying, já que este pode atacar sem que a pessoa tenha chances de defesa”, explica.

De acordo com a psicóloga Monica Machado, as vítimas do bullying, em geral, têm vergonha de contar o que estão sofrendo. “Cabe aos pais identificar comportamentos contínuos de tristeza, relutância em ir à escola, isolamento, irritabilidade constante, apatia, choro excessivo, baixa autoestima, entre outros que incapacitem o jovem de ter uma vida normal”.

Sinais

4. Mudanças no sono e no apetite 

A psicóloga Monica Machado explica que é necessário ficar atento tanto à insônia como à hipersonia, quando há sonolência diurna excessiva e/ou duração excessiva do sono; e nas alterações do apetite, seja comendo mais do que o normal ou menos que o de costume.

5. Queda no rendimento escolar

Este é um sinal evidente de que há algo de errado com o jovem. “A depressão, por exemplo, altera a forma e velocidade do raciocínio, além da concentração”, elucida a psicóloga Monica Machado.

6. Automutilação

Segundo a psiquiatra Danielle Admoni, em média, 70% dos jovens que se automutilam acabam fazendo pelo menos uma tentativa de suicídio. “A autolesão está relacionada à incapacidade de gerir as emoções, fazendo da dor uma maneira de manifestar o sofrimento psíquico”.

7. Comentários negativos e pessimistas 

Frases como “a vida não vale a pena” ou “não vejo saída para os meus problemas” devem ser levadas a séria. “A sensação de descontrole dos próprios sentimentos pode levar à violência em jovens predispostos a esse comportamento, principalmente se confrontados com frustrações”, afirma a psicóloga Monica Machado.

8. Dores e alterações no organismo 

Sentir mal-estar frequentemente, e sem causa específica, pode ser sintoma de depressão ou outro transtorno. O indivíduo costuma sentir dor nas articulações e nos membros, dores nas costas, problemas gastrointestinais, cansaço excessivo e alterações da atividade psicomotora.

Jovem sendo atendido por uma psicóloga
Ao notar mudanças no comportamento dos jovens, o ideal é buscar a ajuda de um profissional de saúde mental (Imagem: SeventyFour | Shutterstock)

O que fazer nessa situação

Segundo as especialistas, todos esses fatores, quando combinados com a dificuldade natural que os jovens têm de expressar seus sentimentos, tornam a prevenção ao suicídio ainda mais desafiadora.

Portanto, a primeira providência a ser tomada é buscar ajuda com profissionais de saúde mental. Normalmente, o tratamento envolve terapia, podendo haver indicação de medicamentos, a depender do diagnóstico. “Vale lembrar que, por mais importante que seja a rede de apoio, ela não substitui o acompanhamento médico e terapêutico”, pondera a psiquiatra Danielle Admoni.

Para além da ciência

Um dos preceitos básicos é estar sempre por perto. “Seja acessível ao seu filho o tempo todo, para qualquer demanda. Muitas vezes, apenas este ‘estar disponível’ já promove a sensação de acolhimento e segurança que seu filho tanto precisa”, pontua a psicóloga Monica Machado.

“Além disso, evite julgamentos precipitados e entenda que circunstâncias estressantes da vida podem ser fatores de risco para o suicídio de jovens”, finaliza Danielle Admoni.

Se você ou alguém que conhece estiver em sofrimento intenso, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) no número 188 ou busque um serviço de atendimento em saúde mental na região – no Sistema Público de Saúde indicamos a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

Por Flávia Vargas Ghiurghi

Redação EdiCase

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