Em março deste ano, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), uma agência do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, divulgou um relatório que revela a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA): em 2020, nos Estados Unidos, 1 em cada 36 crianças foi identificada como autista.
O Censo Escolar do Brasil, por sua vez, registrou um aumento de 280% no número de estudantes com TEA matriculados em escolas públicas e particulares apenas no período entre 2017 e 2021. “Ainda existe uma defasagem muito grande nos dados sobre autismo no Brasil e no mundo”, afirma Kenny Laplante, fundador e CEO da healthtech Genial Care, especializada nos cuidados com crianças autistas.
Sinais do autismo em crianças
Os sinais de autismo em crianças podem ser identificados nos primeiros meses de vida, uma vez que estão associados aos marcos típicos do desenvolvimento infantil. Esses marcos representam fases normais nas quais se espera que a criança experimente, aprenda e progrida. A definição é resultado do estudo e da expertise de especialistas em desenvolvimento infantil.
“É fundamental lembrar que cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento e abordagens únicas de aprendizado. Além disso, nem sempre um atraso no desenvolvimento quer dizer que a criança tenha autismo. O que a família pode observar são os sinais típicos do autismo na infância, que principalmente afetam o desenvolvimento social e a comunicação”, destaca Kenny.
Compreendendo o autismo em crianças
Compilamos seis informações essenciais, dentre tantas, que podem contribuir para uma compreensão mais aprofundada do autismo em crianças. Confira:
1. Definição de autismo
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica que afeta o desenvolvimento da criança, principalmente nas áreas de comunicação, interação social e comportamento. O autismo é um espectro, o que significa que pode variar amplamente em termos de gravidade e sintomas.
2. Sinais de autismo
Os sinais de autismo em crianças podem variar, mas geralmente incluem dificuldades na comunicação, como atrasos na fala ou na linguagem, dificuldades em manter conversas e expressar emoções. Também pode envolver comportamentos repetitivos, interesses restritos e desafios na interação social, como dificuldade em fazer amigos.
3. Diagnóstico de TEA
O diagnóstico do autismo é feito por profissionais especializados, com base na observação dos sintomas e no histórico do desenvolvimento da criança. Um diagnóstico precoce é fundamental para garantir que a criança receba a intervenção e o suporte adequados.
“O diagnóstico é feito pelo médico e também pelo neuropsicólogo, avaliando aspectos do comportamento da criança”, explica a Head of Clinical Ops Thalita Possmoser, da healthtech Genial Care. “Para se chegar ao diagnóstico final e fechar o laudo, são utilizados instrumentos de medida/avaliação validados cientificamente”, acrescenta.
4. Intervenção precoce
A intervenção precoce é crucial para ajudar as crianças com autismo a desenvolver habilidades de comunicação, sociais e comportamentais e envolve a identificação e a abordagem de sinais de autismo em estágios iniciais da vida da criança.
5. Cada criança é única
Cada criança com autismo é única, e suas experiências e desafios variam. É fundamental respeitar e valorizar sua individualidade. O respeito pela neurodiversidade é uma parte importante da compreensão do autismo na infância e ao longo da vida.
A sociedade está cada vez mais consciente da importância sobre a inclusão de crianças com autismo e, por isso, escolas e comunidades devem trabalhar para criar ambientes inclusivos em que todas elas tenham a oportunidade de aprender e crescer.
6. Apoio familiar
O autismo pode ser desafiador para as famílias, e é importante que os pais e cuidadores recebam apoio e recursos para entender e lidar com as necessidades de seus filhos com autismo.
Apoio às famílias de crianças com autismo
É crucial destacar que o autismo não é uma doença, mas uma condição de neurodesenvolvimento, e, por isso, não existe cura. As intervenções em crianças autistas devem ser conduzidas por uma equipe composta por profissionais multidisciplinares, transdisciplinares e interdisciplinares, em conjunto com uma orientação parental.
Esse suporte abrange direcionamentos e treinamentos para lidar com possíveis comportamentos desafiadores no dia a dia, ao mesmo tempo em que ressalta a importância de manter o autocuidado e preservar a saúde mental dos cuidadores.
“O acompanhamento adequado traz diversos benefícios para a criança. O objetivo de uma intervenção com qualidade é promover autonomia. Ou seja, melhora nos comportamentos desafiadores e maior independência. Também é positivo para os pais e cuidadores, com o protagonismo na evolução da criança, menos sobrecarga e mais descanso, com suporte e acompanhamento”, conclui a Head of Clinical Ops da Genial Care.
Por Leticia Carvalho