Descubra se vale a pena investir mesmo com o nome sujo
A redução da taxa Selic e o programa Desenrola Brasil estão tornando o ano de 2023 bastante promissor para os investidores e para aqueles que buscam quitar as dívidas. No entanto, a aplicação financeira feita por pessoas inadimplentes deve ser uma movimentação cuidadosa.
Segundo Valtair Justino, analista financeiro, investir com o nome sujo depende de circunstâncias individuais. Para dívidas consideradas saudáveis, ou seja, aquelas que foram planejadas e agregam valor, como um financiamento de uma casa dentro do orçamento, o momento pode ser propício para considerar investimentos adicionais.
Por outro lado, no caso de dívidas não saudáveis, como múltiplos empréstimos, a utilização constante do cheque especial e dívidas acumuladas em cartões de crédito, Valtair aconselha a cautela. “Quando a gente fala de pagamento de dívidas, é importante focar no pagamento das dívidas não saudáveis, independentemente se você pensa em investir. É importante você ter o mínimo de ‘colchão’, que é aquela reserva de emergência”, alerta.
Aproveitando a queda da taxa Selic
A taxa básica de juros, a Selic, sofreu uma queda e agora está em 13,25%. Segundo o especialista, é um bom momento para pensar em um bom gerenciamento e uma divisão dos seus aportes. Visando a retornos de médio e longo prazo, ele encara como uma alternativa interessante para quem tem apenas dívidas saudáveis e planejadas.
“Dá para pensar em renda fixa atrelada aos títulos públicos, em que você ainda consegue travar uma rentabilidade acima dos 10%. Ao mesmo tempo, você tem as ações e os fundos imobiliários com diversas oportunidades no mercado financeiro. É importante pensar em uma valorização das ações, dos fundos imobiliários e os dividendos que eles podem pagar”, explica.
Construa uma reserva de emergência
No caso de pessoas que estão muito enroladas com dívidas não saudáveis e pensam em quitar os débitos, Valtair acredita que é interessante pensar em construir uma reserva.
“Você está lá embaixo, que é a dívida, e vai subindo ao pagar o que deve, se organizar e assim fazer sobrar um dinheiro. Daí vem a construção da trincheira financeira. Para as pessoas que estão saindo da inadimplência, foque em construir esse ‘colchão’ financeiro. Porque esse é o primeiro passo para você realmente construir uma base sólida e, assim, não voltar a ficar endividado novamente”, conta.
Importância da educação financeira
Atualmente, o Governo Federal vem tentando trazer incentivos ao pagamento de dívidas, como o “Desenrola Brasil”, almejando diminuir a inadimplência, que atinge cerca de 71,45 milhões de brasileiros (dados do Serasa atualizados em junho de 2023). Mesmo assim, Valtair acredita que o Governo precisa focar não apenas o dinheiro, mas também trazer incentivos para uma educação financeira mais abrangente.
“Temos um problema sobre a falta de conhecimento em relação àquilo que ela [a pessoa] está fazendo. Se ela está contraindo uma dívida com juros altíssimos, ela não compreende o tamanho do problema em que está entrando e isso pode se tornar uma bola de neve em sua vida. Acredito que o Governo poderia intensificar ainda mais a questão da educação financeira, visando uma mudança comportamental da sociedade em médio a longo prazo”, finaliza.
É claro que dá para investir mesmo estando com o nome sujo, mas a tranquilidade para fazer uma boa aplicação está atrelada à boa saúde financeira. Então, é necessário ter consciência sobre as consequências do passado e, desse jeito, estruturar a parte emocional para não voltar a contrair dívidas. Isso é essencial também para o país, já que teremos mais consumidores conscientes para aquecer a economia.
Por Henrique Souza