A crise do lixo é um desafio de escala global que exige a conscientização e responsabilização de todos os participantes envolvidos na cadeia de produção, utilização e descarte, a fim de enfrentar o verdadeiro custo e impacto dos resíduos. “As grandes empresas devem ser as maiores responsáveis pelo descarte correto dos materiais. Há um grande marketing por trás da produção de plástico e sua reciclagem”, comenta o biólogo e mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, Paulo Jubilut.
No entanto, a reciclagem de plástico é uma prática muito dispendiosa. De acordo com a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), apenas 10% de todo o plástico produzido no mundo é reciclado.
Cenário do lixo no Brasil
O Brasil, por exemplo, tem um papel significativo: em 2022, o lixo produzido em solo nacional foi equivalente a 85 milhões de carros populares. O estudo publicado pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mapeou que cada pessoa produziu mais de 380 quilos de resíduos por ano.
Valorização dos resíduos
Segundo a Política Nacional do Resíduo Sólido, o que é chamado popularmente de lixo deve ser nomeado de resíduo, considerando todo material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade.
“Quando realizado o descarte desse resíduo, isso não significa que ele não tem valor, mas apenas que não é mais necessário para quem o descartou. No entanto, é possível que esse resíduo ainda seja útil, em sua forma original ou transformado”, justifica Paulo Jubilut.
Ciclo de decomposição
O especialista explica que um dos princípios da natureza é o funcionamento em ciclos. A decomposição do material orgânico nas florestas, por exemplo, é feita pela ação de microrganismos como fungos e bactérias. O material final da decomposição, então, nutre outras formas de vida. O lixo orgânico, como os restos de alimentos, é um exemplo disso.
Daí a importância de os resíduos serem descartados corretamente, contribuindo para que o ciclo de decomposição funcione de forma positiva para o planeta. “A modernidade, o consumismo, a industrialização e o estilo de vida ágil demandaram mudanças estruturais intensas, o que acabou rompendo com esses ciclos naturais“, explica o biólogo.
Por Juliana Souza