Comemorado em 5 de dezembro, o Dia Nacional do Médico da Família marca a fundação da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) em 1981. Trata-se da especialidade que mais cresceu na última década: em 2010, eram 181 residentes e, em 2019, o número saltou para 1.031, um aumento de 469,6% ante a média de 81,4% nos demais cursos, conforme dados de 2020 da Demografia Médica no Brasil.
Apesar disso, a função ainda não é conhecida pela maioria da população. Assim como o cardiologista e o endocrinologista, a especialidade do médico de família é a Medicina de Família e Comunidade. Para ser um especialista, é necessário que, após concluir a faculdade de Medicina, o médico faça residência médica.
O que faz o médico da Família?
A Medicina de Família e Comunidade apresenta particularidades singulares: “ela é uma especialidade que não é definida pelo sexo do paciente, como a Ginecologia e Obstetrícia, também não considera a idade do paciente, como o pediatra ou geriatra. O médico de família também não trata de um órgão em especial, como é o caso, por exemplo, do cardiologista. Como especialidade, a Medicina de Família e Comunidade se define pela relação com a pessoa, podemos dizer que o médico de família é especializado em gente”, afirma a Dra. Karina Santos, médica do Time de Saúde da Sami.
O Médico de Família e Comunidade pode tratar cerca de 80 a 95% dos problemas de saúde sem necessidade de fazer encaminhamentos para outros especialistas. Por esse motivo, é possível afirmar que o médico de família e comunidade é um generalista.
Quem o especialista pode atender?
Com um papel essencial na medicina preventiva, pode atender crianças, adultos, idosos, independente do fato de serem do sexo masculino ou feminino. Ele pode realizar o acompanhamento de seus pacientes ao longo de suas vidas e não apenas pontualmente ou por uma determinada fase. Além disso, o médico de família e comunidade pode realizar o tratamento de doenças como diabetes e hipertensão, mas também fazer prevenções urológicas, ginecológicas e até acompanhamento pré-natal.
Foco na prevenção e promoção da saúde
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das dez principais ameaças à saúde global é a falta de acesso à atenção primária. A Medicina de Família e Comunidade é extremamente importante para garantir o bem-estar da população. O foco na prevenção e promoção da saúde do paciente, com ou sem problemas e doenças urgentes, preza a saúde de forma integral e cria uma conexão do paciente com a equipe médica.
Diferença entre médico da família e clínico geral
Como o médico de família tem formação predominantemente não hospitalar, é fundamental que ele aborde o contexto da pessoa. Dessa forma, o ambiente familiar, a vida em comunidade e o trabalho, também são pontos considerados durante a avaliação do paciente e que podem influenciar a saúde física e mental. O médico pode aplicar técnicas de abordagem familiar e psicoterapia que consideram o contexto familiar da pessoa.
“Normalmente, o médico de família é confundido com um clínico geral, porém são especialidades distintas. Apesar de ambos serem generalistas, o clínico é predominantemente voltado para o contexto hospitalar, mais comum em pacientes adultos, não envolvendo questões específicas de saúde da mulher ou da criança. Já na Medicina de Família e Comunidade, a formação é predominantemente não hospitalar e engloba o atendimento a crianças, gestantes, adultos e idosos. Essa é a principal diferença entre médico de família e clínico geral”, explica a médica da Sami, healthtech que tem um modelo focado em atenção primária à saúde.
O contexto familiar é importante no tratamento
Na Medicina de Família e Comunidade, cada pessoa é vista na totalidade e não é tratada apenas em relação aos seus sintomas ou às suas doenças. Os sentimentos, o contexto social e familiar e perspectivas pessoais são considerados pelo médico de família no atendimento e, consequentemente, no cuidado e nas recomendações que ele propõe.
A ideia é que os outros especialistas, quando necessário, se somem e ajudem a melhorar a saúde daquela pessoa. Dessa forma, cada um recebe um tratamento personalizado e efetivo. Fora isso, o médico de Família e Comunidade pode promover ainda algumas intervenções comunitárias, como parcerias com setores como educação e serviço social, para lidar com as necessidades de saúde de uma determinada comunidade.
Por Giovana Cardozo