6 mitos e verdades sobre diabetes e dicas de tratamento

6 mitos e verdades sobre diabetes e dicas de tratamento
Ter um parente de primeiro grau com diabetes aumenta consideravelmente as chances de você ter também (Imagem: Buravleva stock | ShutterStock)

Celebrado em 14 de novembro, o Dia Mundial de Combate ao Diabetes é um alerta para a sociedade. Recentemente, a revista científica Lancet divulgou um estudo prevendo que nas próximas três décadas, o número de pessoas com a doença em todo o mundo pode dobrar em relação aos índices atuais. Essa projeção aponta para a estimativa de 1,3 bilhão de pacientes diabéticos até 2050.

Para esclarecer algumas questões sobre o assunto, a Dra. Tassiane Alvarenga, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), explica alguns mitos e verdades sobre diabetes e dá dicas para auxiliar no tratamento e diagnóstico da doença.

1. Diabetes tem causa genética

Verdade. Já se sabe que há uma influência genética significativa na fisiopatologia do diabetes. Ter um parente de primeiro grau com a doença aumenta consideravelmente as chances de você ter também. O diabetes tipo 2 tem uma maior predisposição genética que o diabetes tipo 1. 

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A Dra. Tassiane explica que “se um dos pais tem diabetes, ocorre uma chance três vezes maior de o filho desenvolver a doença ao longo da vida. Se pai e mãe possuem esta condição, o risco aumenta em seis vezes”.

2. Diabetes geralmente não causa sintomas

Verdade. Em cerca de 50% dos casos, a doença fica assintomática nas suas fases iniciais e intermediárias, segundo a médica.

3. Comer doce causa diabetes

Mito. Mais ou menos 90% dos casos de diabetes são do tipo 2, que é desencadeado por fatores conjugados, como tendência genética, ganho de peso, alimentação errada e vida sedentária. A ingestão de doces contribui com o excesso de calorias, a verdadeira razão do ganho de peso.

“Mesmo que o paciente não consuma muitos doces, outros alimentos como pães, arroz, massa ou qualquer item rico em carboidrato tem o potencial de estimular o ganho de peso e, por consequência, favorecer o risco de desenvolver diabetes”, esclarece a endocrinologista.

Segundo ela, o consumo desses produtos em excesso aliado à tendência genética e ao sedentarismo, por exemplo, pode estimular a doença. Ou seja, o principal fator de risco para desenvolver diabetes tipo 2 ao longo da vida é o ganho de peso.

4. Todo produto diet é liberado para os diabéticos

Mito. É preciso entender a diferença entre produtos diet e produtos light. Os alimentos diet se destinam a grupos populacionais com necessidades específicas e significa que o produto é isento de um determinado nutriente. Geralmente, os produtos diet são livres de açúcar, mas é importante comprovar se o nutriente retirado foi mesmo o açúcar, e não gordura, sódio ou outro componente.

O produto pode, ainda assim, apresentar calorias, tornando seu consumo sujeito a restrições para diabéticos. Além disso, os produtos dietéticos sem adição de açúcar podem conter outras formas de carboidratos que também interferem na glicemia, como frutose, lactose, amido ou maltodextrina. “O mais importante é usar com moderação e ficar sempre de olho na quantidade de carboidratos contida no produto”, recomenda a endocrinologista.

Por sua vez, os alimentos light são direcionados a pessoas que buscam uma alimentação mais saudável. Eles apresentam redução mínima de 25% em determinado nutriente ou calorias, quando comparado ao produto convencional. “A redução de calorias pode vir da diminuição no teor de qualquer nutriente (carboidrato, gordura, proteína), mas não quer dizer que seja sem açúcar”, alerta a Dra. Tassiane.

5. Diabetes causa problemas nos rins, olho e coração

Mito. Essas complicações são geralmente resultado do controle inadequado do açúcar no sangue ao longo do tempo, mas é possível evitar que isso aconteça com bons hábitos de saúde e alimentares. “O bom controle da glicemia é capaz de evitar todas as complicações”, garante a especialista.

6. Estresse pode subir a glicose no diabético

Verdade. De acordo com Dra. Tassiane, o estresse pode levar ao descontrole glicêmico (açúcar alto no sangue) por vários motivos. “A primeira razão tem causa hormonal: o estresse crônico aumenta o nível do hormônio cortisol, que ocasiona, dentre outras coisas, o aumento da gordura abdominal, que, por sua vez, aumenta o risco de diabetes”, explica.

A segunda razão, de acordo com a médica, se revela justamente por meio do comportamento. “O estresse aumenta a fome, a gula e a ansiedade, o que faz o paciente ir em busca de alimentos ricos em calorias, como bolo, pizza, chocolate, massas, entre outros”, diz a especialista.

Ilustração de pessoa medindo o nível da glicemia no sangue
Uma rotina saudável combinada com acompanhamento médico previne o agravamento da doença (Imagem: TanushkaBu | ShutterStock)

Quem deve investigar se pode estar com diabetes?

Se você suspeitar que pode estar com diabetes, é importante procurar a orientação de um profissional de saúde para uma avaliação adequada. Veja as pessoas que podem estar na zona de risco:

  • Toda pessoa acima de 45 anos;
  • Pacientes com menos de 45 anos que apresentem sobrepeso (IMC > 25 Kg/m2);
  • Pessoas sedentárias;
  • Quem tem histórico familiar de diabetes tipo 2;
  • Pacientes HAS (Hipertensão Arterial Sistêmica), ou seja, pessoas com pressão alta;
  • Pessoas com DLP (Dislipidemia): colesterol e triglicerídeos;
  • Indivíduos com acantose nigricans, que é uma lesão na pele em forma mancha escurecida e aveludada no pescoço, virilha e axilas;
  • Crianças com sobrepeso e fatores de risco também devem ser investigadas.

Como faz para diagnosticar a doença?

O diagnóstico de diabetes envolve geralmente a realização de testes para medir os níveis de glicose no sangue. Confira alguns dos principais métodos de diagnóstico:

  • Teste de glicemia em jejum;
  • Teste oral de tolerância à glicose (1 copo com 75g de glicose): medir a glicemia 2 horas depois;
  • Hemoglobina glicada: exame que fornece a média da glicemia dos últimos 3 meses e se torna um excelente parâmetro para avaliar se o diabetes se encontra ou não bem controlado;

Aos pacientes que usam medicação, a Dra. Tassiane pede atenção: “O ideal é usar um remédio que controle o açúcar, mas que também ajude o paciente a emagrecer”, diz ela, ao pontuar que a obesidade é um dos grandes fatores fortalecedores da doença.

A médica explica que a medicação deve, ainda, ajudar na diminuição da circunferência abdominal (barriga), no controle da pressão arterial e dos níveis de colesterol e triglicerídeos, além de diminuir a chance de infarto e AVC.

5 dicas fundamentais para o tratamento de diabéticos

O tratamento eficaz do diabetes envolve uma abordagem abrangente que aborda diferentes aspectos da saúde. Conheça os principais deles:

1. Alimentação saudável

Adote uma dieta equilibrada, controlando a ingestão de carboidratos, proteínas e gorduras. Monitore o consumo de alimentos processados e açúcares, priorizando opções nutritivas.

2. Atividade física

Incorpore exercícios regulares na rotina para ajudar no controle do peso, melhora da sensibilidade à insulina e para promover a saúde cardiovascular. Inclua tanto atividades aeróbicas quanto de resistência.

3. Medicação correta

Utilize medicamentos conforme prescritos pelo médico, que podem ser insulina ou outros medicamentos orais. Mantenha a aderência ao tratamento para controlar efetivamente os níveis de glicose.

4. Parceria médico-paciente visando um controle da saúde global

Crie uma conexão com seu médico e com a equipe de saúde. Isso envolve consultas regulares, ajustes no plano de tratamento, monitoramento de parâmetros de saúde além da glicose e participação ativa nas decisões relacionadas ao tratamento.

5. Equilíbrio entre estresse e felicidade

Reconheça a importância do equilíbrio emocional na gestão do diabetes. Controlar o estresse, buscar apoio emocional quando necessário e cultivar momentos de felicidade podem influenciar positivamente a saúde global.

“Você pode escolher o bom controle dessa doença todos os dias, não só nesta data. Plantar um estilo de vida saudável para colher saúde e qualidade de vida é uma decisão diária”, finaliza a Dra. Tassiane Alvarenga.

Por Michelly Souza

Redação EdiCase

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