Entenda o que é a ansiedade matemática

Entenda o que é a ansiedade matemática
Ansiedade e medo de cálculos afetam o aprendizado dos estudantes (Imagem: Stokkete | Shutterstock)

Alguns estudantes não possuem facilidade com a matemática, e outros apresentam uma fobia, repulsa, preocupação, desamparo, pânico, esquiva e medo diante de situações que envolvam a matéria. Esse medo exagerado é conhecido na literatura científica como ‘ansiedade matemática’, um sentimento negativo que pode modificar o estado cognitivo, fisiológico e comportamental do estudante, ocasionando desmotivação, desinteresse, abandono escolar e fuga de atividades que envolvam a matemática.

Causas da ansiedade matemática 

É improvável existirem fatores genéticos específicos para a ansiedade matemática. Vários aspectos podem contribuir para o problema, especialmente quando os estudantes apresentam crenças negativas quanto à sua capacidade, relacionada ao processo de aprendizagem, que interfere na condição subjetiva de bem-estar e pode afetar sua conquista de conhecimento. 

Alguns fatores estão relacionados ao ambiente como experiências passadas e motivação. Visto que, ainda hoje, infelizmente, perpetua a crença de que a matemática é para poucos, para pessoas mais habilidosas, que as áreas de exatas são estabelecidas para perfis racionais e destinadas aos homens.

Também é possível afirmar que a exposição a atitudes negativas de outras pessoas, como pais e professores, perante à matemática podem interferir no modo como os estudantes aprendem e lidam com os números. 

Situações que despertam a fobia 

A ansiedade matemática se manifesta perante a execução de algumas atividades relacionadas à prática, como: 

  • Resolução de problemas;
  • Avaliações;
  • Contato com livros didáticos matemáticos;
  • Ver uma equação na lousa ou em um papel;
  • Ouvir o nome do professor de matemática e, ainda, que é dia de aula de matemática.

Impacto da condição no cotidiano 

É importante enfatizar que a ansiedade matemática difere de outras formas de ansiedade, como transtorno de ansiedade, ansiedade geral e a ansiedade social. Entretanto, assim como as demais sensações, modifica o estado cognitivo, fisiológico e comportamental do estudante, trazendo implicações no contexto educacional ou cotidiano, como:

  • Estado cognitivo: falta de concentração, dificuldades de memória, problemas de atenção, raciocínio, bloqueio mental, menor eficiência cognitiva e falhas no processamento de informação;
  • Estado comportamental: medo, esquiva, agressividade, impotência, repulsa, irritabilidade, nervosismo, tristeza, depressão, angústia, preocupação, insegurança, estresse;
  • Estado fisiológico: dor de cabeça, insônia, dor estomacal, desarranjo gastrointestinal, hipertensão, mãos frias, paralisação, sudorese, tremor, sonolência, formigamento.
Pai e filha batendo as mãos e sentados no sofá
Comportamento, atitudes e encorajamento dos pais funcionam como apoio aos estudantes (Imagem: créditos: fizkes | Shutterstock)

Papel dos pais e professores no aprendizado 

O comportamento, as atitudes e o encorajamento dos pais funcionam como apoio aos estudantes e tem um impacto positivo relacionado à sua participação nas atividades educacionais de seus filhos, colaborando para interação familiar, auxiliando na organização dos estudos, influenciando nos comportamentos e atitudes das crianças e evidenciando a importância da relação nas atividades escolares e extraescolares.

Do mesmo modo, as atitudes dos professores incidem sobre os estudantes. A escola ainda utiliza o controle aversivo por meio de discursos intimidadores, com agressões verbais, suspensão e pontos negativos na média, podendo causar nas crianças e adolescentes estresse, frustração, fuga, desmotivação e medo do fracasso, influenciando diretamente no processo de aprendizagem da matéria.

Por meio de regras inadequadas, pela propagação de que a matemática é difícil, que só existe uma solução correta para as atividades propostas, uso de metodologias impróprias, agressividade verbal do professor e uso de controle aversivo, os educadores podem reforçar as emoções negativas dos estudantes diante da matemática.

Desse modo, quando a fobia não é identificada precocemente, pode se tornar uma bola de neve, levando estudantes a evitarem cursos e opções de carreira relacionadas.

Técnicas para ajudar os estudantes a vencerem a fobia 

No caso dos pais, o recomendado é ter expectativas reais, oferecer apoio e incentivo, monitorar o progresso da aprendizagem, demonstrar o uso positivo da matemática, como em hobbies, atividades domésticas, quebra-cabeças e jogos. Aos estudantes, cabe praticar a matéria todos os dias, usar técnicas de estudos, estudar de acordo com seu estilo, se concentrar em sucessos do passado e praticar métodos de relaxamento. 

Para os professores, algumas práticas podem ser inseridas na rotina, como:

  • Desenvolver habilidades fortes e uma atitude positiva em relação à matemática;
  • Relacionar o estudo à realidade;
  • Incentivar a aprendizagem ativa e o pensamento crítico;
  • Acomodar os variados estilos de conhecimento dos estudantes;
  • Colocar menos ênfase nas respostas corretas e na velocidade responsiva;
  • Promover grupos de estudos;
  • Oferecer apoio e incentivo;
  • Evitar colocar os estudantes em situações embaraçosas;
  • Nunca usar a matemática como punição;
  • Usar materiais manipulativos;
  • Utilizar a tecnologia;
  • Disseminar preconceitos errôneos;
  • Preparar o estudante para testes.

Por Ana Maria Antunes de Campos

Doutora em Educação Matemática, Mestre em Educação e especialista em Educação Matemática. Entre os livros lançados estão “Aprendizagem da Matemática – Da educação infantil ao ensino fundamental” e “Discalculia: superando as dificuldades de aprender matemática” (Wak Editora).

Redação EdiCase

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