7 hormônios que interferem nas emoções
Os hormônios são substâncias químicas produzidas pelas glândulas do sistema endócrino, que atuam como mensageiros no corpo. Eles desempenham um papel importante na regulação das emoções, que são uma parte essencial do comportamento humano. Dessa maneira, o equilíbrio hormonal é vital para manter a estabilidade emocional.
“Apesar de vários fatores influenciarem o comportamento humano, sabemos que há uma forte influência hormonal. Os hormônios têm papel fundamental na regulação do humor, interferindo no funcionamento da mente. O sistema nervoso e o sistema endócrino enviam sinais elétricos ou químicos para o corpo todo constantemente para regular várias funções. Mas eles também se comunicam e um influencia o outro”, explica a Dra. Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).
Ação dos hormônios no corpo
Segundo a médica, os hormônios são substâncias que agem como mensageiros químicos e são produzidas pelo nosso sistema endócrino. “Cada hormônio tem uma função específica, influenciando no desenvolvimento, no comportamento e na forma como desempenhamos as atividades diárias. Existem hormônios que regulam o sono, outros, o crescimento, também temos hormônios ligados à memória, ao metabolismo, à cognição, à reprodução e ao nosso humor”, diz.
Ainda conforme a Dra. Deborah Beranger, os hormônios podem influenciar as emoções no cérebro de forma positiva e negativa. “Mensageiros apelidados como hormônios da felicidade, como as endorfinas, serotoninas, dopamina e ocitocina, promovem sensação de bem-estar quando são descarregados na corrente sanguínea e podem ser liberados por influência do ambiente, como quando beijamos alguém que amamos, comemos chocolate ou praticamos atividade física. Já em situações prolongadas de estresse, os níveis de cortisol são elevados e podem ficar desregulados, desencadeando crises de ansiedade e quadros depressivos a longo prazo”, explica.
Influenciando a liberação dos hormônios
Mas quem influencia os hormônios? Além do próprio ambiente em que vivemos, questões internas também podem gerar cenários com maior ou menor liberação. “Pessoas com maior propensão a desenvolver depressão, por exemplo, não contam com receptores de serotonina com um bom funcionamento no cérebro”, explica a médica.
Quanto aos fatores ambientais, a médica reforça que, para cuidar da saúde hormonal, os bons hábitos ajudam: modular o estresse, fazer atividade física, ter um sono reparador, alimentar-se bem e cultivar relacionamentos saudáveis são fatores que ajudam a saúde endócrina e mental.
Hormônios e emoções
Abaixo, a médica destaca como cada hormônio atua em suas relações com as emoções:
1. Estrogênio e progesterona
Esses dois hormônios são responsáveis pelas características sexuais secundárias das mulheres e atuam no controle do ciclo menstrual. “As mudanças desses hormônios da ovulação à menstruação provocam mudanças na disposição e no humor. Os hormônios funcionam bem sempre em equilíbrio: mulheres que possuem altas taxas de estrogênio se sentem mais ansiosas e irritadas; quantidades baixas estão mais ligadas à melancolia e mau-humor”, explica a endocrinologista.
2. Testosterona
Conhecida como hormônio masculino, mas presente também nas mulheres, a testosterona, quando baixa, pode afetar a motivação e o humor, com presença de quadros de ansiedade, segundo a médica.
3. Dopamina
Encarada como um hormônio neurotransmissor, a dopamina está sob a tutela do sistema endócrino e nervoso, com relação forte aos mecanismos de recompensa e busca pelo prazer. “Quando ouvimos um elogio ou temos uma pequena vitória, nosso organismo libera dopamina na corrente sanguínea, gerando uma sensação de felicidade e satisfação. O desequilíbrio dopaminérgico pode levar à dependência emocional e ao sofrimento”, explica a Dra. Deborah Beranger.
Segundo a especialista esse hormônio tem ganhado muita atenção atualmente por conta dos mecanismos de recompensa existentes nas redes sociais, que têm se mostrado, viciantes, justamente pelo excesso de estímulo para a liberação de dopamina que eles causam. Isso acaba gerando desequilíbrios, que podem culminar em ansiedade, inveja, sensação de fracasso e depressão.
4. Serotonina
Considerada por alguns autores como hormônio e por outros como um neurotransmissor, a serotonina é liberada a partir da prática esportiva e do consumo de alimentos (banana, nozes, chocolate e salmão) que aumentam sua síntese. “Desequilíbrios de serotonina estão relacionados a sentimentos de tristeza, tédio e solidão, além de quadros de ansiedade”, diz a Dra. Deborah Beranger.
5. Cortisol
Embora o cortisol seja imediatamente associado ao estresse, ele é mais do que isso. “Ele é um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais (que estão acima dos rins) e ajudam o organismo a controlar o estresse, no funcionamento do sistema imune, na regulação do metabolismo, na manutenção dos níveis de açúcar no sangue, assim como a pressão arterial”, explica a médica.
Por isso, segundo ela, o corpo humano precisa de algum nível de cortisol para manter um equilíbrio hormonal saudável. “Mas o atual estilo de vida é constantemente associado ao excesso da produção desse hormônio, o que resulta no estresse crônico e prolongado, que é altamente prejudicial”, diz a Dra. Deborah Beranger, que explica que as altas taxas desse hormônio estão relacionadas à maior ansiedade, raiva e tristeza.
6. Adrenalina
Conforme explica a médica, a adrenalina, ou epinefrina, é um hormônio neurotransmissor que nos deixa em estado de alerta. Sempre que passamos por uma situação de grande estresse, medo ou nos sentimos ameaçados, nosso corpo a libera na corrente sanguínea. “O seu desequilíbrio está ligado às chamadas crises de pânico, caracterizadas por hiperventilação, forte ansiedade e medo, que para algumas pessoas pode ser tão forte que as paralisam temporariamente”, explica.
7. Melatonina
Segundo a Dra. Deborah Beranger, o hormônio do sono auxilia na recomposição das células, mas seu desequilíbrio causa insônia, o que pode ter como consequência a ansiedade e a confusão mental.
Por Paula Amoroso