Entenda a importância dos cuidados paliativos durante o tratamento do câncer
O câncer é caracterizado pelo crescimento exagerado e desordenado de células. Geralmente, é uma doença que compromete a qualidade de vida do indivíduo. Nesse caso, os cuidados paliativos podem ser indicados, pois oferecem uma série de benefícios para o paciente durante o período de enfrentamento da doença.
Mas ao contrário do que se acredita, esses cuidados são recomendados desde o início do tratamento. “Quando se fala o ‘paciente é paliativo’ denota-se que não existe mais nada do que pode ser feito. Mas é errado. Os cuidados paliativos somam-se aos tratamentos intensivos (como radio ou quimioterapia), para que o paciente tenha uma jornada mais leve e melhor qualidade de vida”, explica a oncologista Isabella Tavares. “E isso se estende a familiares e cuidadores”, completa a médica.
O que significa “paliativo”?
A palavra paliativo vem de paliar, que significa proteger. Tem origem no latim pallium, que remete ao manto de proteção que os cavaleiros das Cruzadas usavam para se amparar das tempestades. É esse o sentido que se evoca nos cuidados paliativos.
Tratamento e acompanhamento multidisciplinar
Os tratamentos podem incluir medicamentos, terapia nutricional, fisioterapia e técnicas de relaxamento, acompanhamento psicológico e ainda aconselhamentos emocional e espiritual. Na prática, os cuidados aliviam sintomas como náusea, dor, fadiga, além de ajudar a controlar o estresse do câncer e a lidar com o lado emocional da doença. Isso inclui uma equipe multidisciplinar, com médico, enfermeiro, assistente social, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, farmacêutico, dentista, por exemplo.
Procedimentos para controlar a doença e os sintomas
No caso de câncer de pulmão avançado, por exemplo, o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, explica que um tratamento sistêmico (quimioterapia, imunoterapia e terapia direcionada), radioterapia e cirurgia podem ser usados paliativamente para retardar a propagação da doença e controlar sintomas como dor ou falta de ar.
“Se houver um acúmulo de líquido nos pulmões, por exemplo, vários procedimentos podem drenar o líquido e ajudar a evitar que ele se acumule novamente”, afirma o médico, presidente do Instituto Oncoclínicas e da Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC).
O oncologista conta que o tratamento pode ser usado em qualquer estágio para melhorar a qualidade de vida do paciente, e não significa perder a esperança. “Na verdade, o tratamento paliativo pode ajudar algumas pessoas com câncer de pulmão avançado a viver vidas satisfatórias com sintomas mínimos por meses ou até anos”, afirma.
Benefícios dos cuidados paliativos
Isabella Tavares conta que pessoas que recebem cuidados paliativos têm menos dor, depressão, náusea e falta de ar, passam menos tempo em terapia intensiva e são menos propensos a voltar ao hospital. Esse foi um dos motivos que a levou a criar o Projeto Vencendo o Câncer, um curso com orientações e apoio para pessoas que estão vivendo e convivendo com a doença. “O conteúdo foi pensado para trazer informações seguras, de forma acolhedora, tornando o processo mais suave não só para o paciente, mas também para cuidadores, família e amigos”, diz a médica.
Indicação de cuidados paliativos
A indicação de tratamentos paliativos vem crescendo no mundo todo e vários estudos apontam que quem conta com esses cuidados têm uma jornada mais tranquila. Prova disso é que a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) recomenda que todos os pacientes com diagnóstico de câncer avançado sejam encaminhados para uma equipe de cuidados paliativos em até oito semanas após o diagnóstico.
Por Nice Castro