Agorafobia: conheça as causas, os sintomas e os tratamentos

Agorafobia: conheça as causas, os sintomas e os tratamentos
A agorafobia tem como característica principal forte ansiedade (Imagem: Shutterstock)

A agorafobia tem como característica principal forte ansiedade que eclode no momento em que o indivíduo se encontra em lugares ou situações em que a fuga é dificultosa, iniciando assim, uma crise semelhante ao ataque do pânico. Pode acontecer em ambientes públicos ou lugares com grande aglomeração de pessoas, como nas praças públicas, shopping centers, dentro de bancos, shows musicais abertos ou fechados, elevadores etc.

Diferença entre agorafobia e transtorno de pânico 

Os leigos costumam confundir a agorafobia com o transtorno do pânico pela proximidade dos sintomas. É bom que saibamos que o transtorno do pânico pode ocorrer sem agorafobia, porém, a agorafobia sem pânico é incomum, embora existam raros casos relatados na área psiquiátrica. A agorafobia é uma condição exclusiva na qual as pessoas parecem ter medo de frequentar lugares abertos ou fechados desacompanhadas.

O que é a agorafobia?

A agorafobia é um dos distúrbios de ansiedade mais comuns dentre os transtornos ansiosos e, algumas vezes, se propaga como um raio de luz após incidentes de ataques de pânico.  O transtorno chega a alcançar por ano mais de 150 mil pessoas no Brasil. Trata-se de uma enfermidade persistente que pode se alongar durante anos, ou até mesmo, por toda a vida.

Sintomas da doença 

O medo e a clausura encontram-se sempre presentes entre as evidências e os sintomas mais habituais. O indivíduo com esse transtorno faz o possível para não se expor a determinadas localidades ou circunstâncias que possam manifestar outros episódios de crises de pânico, ou então, percepções de reclusão ou dificuldade de se retirar do local.

Impacto do transtorno no estilo de vida 

São demasiadamente incômodas as crises do transtorno de pânico quando ocorrem, todavia, não comprometem o estilo de vida como compromete a agorafobia, em que os portadores são diretamente dependentes de terceiros, no sentido de executar tarefas primordiais, como sair de casa para ir ao supermercado ou ir ao médico.

Esse transtorno também dificulta que o indivíduo aceite convites para festas, que saia de casa para trabalhar ou que compareça a eventos que envolvam aglomerações de pessoas, mesmo que esses eventos sejam para cumprimentos de protocolos ou formalidades. 

Tipos de agorafobia 

A agorafobia costuma se manifestar de duas formas, dependendo das ocorrências vinculadas ao transtorno: 

  • Simples: quando a situação ameaçadora é superada e tudo volta ao normal após uma psicoterapia;
  • Patológica: quando a situação ameaçadora não é superada e o indivíduo necessita  de medicação para amenizar os sintomas.
Mulher vestida de preto e branco dentro de um elevador
Entrar em elevadores pode ser perturbador para pessoas com agorafobia (Imagem: Shutterstock)

Fatores que desencadeiam a enfermidade 

Fatos considerados naturais para uma pessoa normal podem ser perturbadores para uma pessoa portadora da agorafobia. Exemplos: 

  • Voar em aviões; 
  • Atravessar pontes, túneis e passarelas; 
  • Adentrar em elevadores; 
  • Trafegar em ônibus, trens, metrôs e eventos musicais com aglomeração. 

O mais interessante de tudo isso é que esses tipos de bloqueios tornam-se amenos e vencíveis se o agorafóbico estiver acompanhado. Até mesmo a companhia de uma criança pode trazer melhor conforto às suas inquietações. 

Influência da autossabotagem

O comportamento de evitar locais e situações é um fator determinante para a concretização do diagnóstico. Na maioria dos casos, os lugares coincidem por se tratar de registros mentais fixados no inconsciente da pessoa afetada e, pela mesma razão, o agorafóbico desencadeia mal-estares vinculados ao receio de percorrer tais trajetos, manifestando, assim, crises de pânico ou sensações dos sintomas recorrentes. Por vezes, sua imaginação torna-se tão fértil que o leva a ter crises, mesmo que nada de concreto tenha ocorrido.

Relação da doença com eventos traumáticos 

As crises de pânico na agorafobia, mesmo que se manifestem intensas e prolongadas não devem ser confundidas com eventos traumáticos (no caso do TEPT – Transtorno do Estresse Pós-traumático), de modo que, nem todo ataque de pânico deve ser rotulado de agorafobia. 

Um indivíduo pode apresentar os mesmos sintomas somente imaginando que futuramente terá de atravessar uma ponte ou passarela, fazendo com que a possibilidade da eclosão dos sintomas venha à tona, mesmo sem sair de casa.

Prognósticos da Agorafobia: 

  • Medo ou a ansiedade quase sempre resultam da exposição à situação e estão fora de proporção com o perigo real da situação;  
  • O sujeito evita a situação, precisa de um parceiro para acompanhá-lo ou aguenta a situação, mas fica extremamente angustiado; 
  • A pessoa sente dificuldades significativas com situações sociais, trabalho ou outras áreas em sua vida por causa do medo e ansiedade. 

A fobia e o afastamento das situações de pânico geralmente duram seis meses ou mais.

Causas da doença

Um dos principais fatores da agorafobia é o biológico – compreendendo os caracteres de saúde e genética: índole, temperamento, estresse ambiental e experiências de aprendizagem podem desempenhar um papel no desenvolvimento da agorafobia. 

Ela desperta quando o sujeito que apresentou repetidos ataques de ansiedade adquire um medo terrível de que isso desencadeie circunstâncias reais. Este medo incontrolável é fundamentado pelo pensamento de que essa crise possa se repetir mais vezes e de que será mais complicado obter ajuda de alguém.

Duas mulheres sentadas conversando
Psicoterapia ajuda a reduzir os sintomas da agorafobia (Imagem: Shutterstock)

Maneiras de tratar  

O tratamento prático contra a agorafobia, de modo geral, envolve a psicoterapia e a medicação.  A Psicanálise, a Terapia Cognitivo-comportamental, a Terapia de Exposição (psicoterapia com auxílio de realidade virtual) estão entre os procedimentos que produzem mais efeitos sobre o transtorno. 

Técnicas preventivas 

Ainda não existe uma forma segura para a prevenção da agorafobia. Se o portador da agorafobia começar a sentir medos insignificantes sobre locais não confiáveis, seria aconselhável frequentar esses lugares uma vez ou outra antes que esse medo se torne incontrolável. É evidente que essa tarefa não é fácil, mas se não for possível solucionar por conta própria, vá em busca de um profissional habilitado, solicitando que um familiar ou amigo possa estar presente nesse momento. 

Mas, se você (portador da agorafobia) perceber algum sintoma ansioso em lugares que possam desencadear ataques de pânico, procure o tratamento médico e psicoterápico com rapidez. Evite que o quadro sintomático se agrave. A ansiedade na agorafobia, como em muitas outras categorias de transtornos ansiosos, pode ser mais difícil de cuidar se você prolongar essa ajuda.

Métodos alternativos para acalmar

Respire Profundamente

Se você estiver em meio a um ataque de pânico, é provável que comece a hiperventilar. Mesmo que não haja hiperventilação, a respiração profunda pode auxiliar na redução do estresse e facilitar no fornecimento de mais oxigênio ao cérebro para compensar o equilíbrio neuronal. 

Concentre-se no relaxamento

Em uma crise de pânico, os reflexos cerebrais podem ficar desordenados. É provável que você perceba diversos sintomas neste mesmo instante, o que contribui para uma tensão nervosa. Relaxe por um instante no intuito de abreviar o ritmo cardíaco e pulmonar, para ganhar harmonia com as experiências sensoriais. 

Liste os sintomas 

Logo após, fortaleça a ideia em sua mente de que essas manifestações são frutos da ansiedade e sintomas transitórios. Evite fiscalizar essas sensações, pois isso pode ativar o gatilho da ansiedade. Fique imóvel enquanto faz a listagem dos sintomas. Essa postura, com o passar do tempo, manipula o cérebro, ajudando-o a reconhecer que a circunstância não é tão nociva quanto parece. 

Por Paulo Velasco 

Psicanalista Clínico. Especialista em Estudos Psicanalíticos pelo Centro de Controle Mental e Parapsicologia. Autor do livro “Os Segredos da Mente Saudável”.

Redação EdiCase

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