5 doenças autoimunes comuns e como tratá-las
Um sistema imunológico saudável defende o corpo contra doenças e infecções. No entanto, se ele não funciona bem, ataca acidentalmente células, tecidos e órgãos saudáveis. Quanto às doenças autoimunes, qualquer parte do corpo pode ser afetada, enfraquecendo a função corporal e, até mesmo, colocando a vida em risco. Ainda que a ciência não saiba o que exatamente as causam, é possível afirmar que alguns fatores envolvidos são genética, dieta, infecções e exposição a produtos químicos.
No geral, mais de 80 doenças autoimunes são conhecidas pela medicina. A seguir, a médica reumatologista da Ultrarticular, Dra. Karine Luz, lista as 5 principais e explica como elas se manifestam e suas formas de tratamento. Confira!
1. Lúpus eritematoso sistémico (LES)
É uma doença inflamatória crônica e autoimune, desencadeada por um desequilíbrio do sistema imunológico, que ataca os tecidos saudáveis por engano em vez de protegê-los. O lúpus pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém acomete, principalmente, mulheres entre 20 e 45 anos.
Diagnóstico da doença
Não existe um exame de sangue que seja exclusivo para o diagnóstico do lúpus. “A presença do chamado fator antinúcleo, conhecido como FAN, permite o diagnóstico da doença somente se o paciente apresentar manifestações típicas do lúpus”, explica a profissional. Assim, a detecção de um FAN positivo, na ausência dos sinais habituais da doença, não significa que a pessoa a apresenta.
Tratamento
O tratamento depende do tipo de manifestação apresentada e deve, portanto, ser individualizado. Os medicamentos que agem na organização do sistema imunológico no LES incluem os corticoides, a cloroquina e os imunossupressores. “É necessário uso dos fotoprotetores, que devem ser aplicados diariamente em todas as áreas expostas à claridade”, afirma a Dra. Karine Luz.
2. Artrite reumatoide
É uma doença autoimune que consiste numa inflamação crônica, denominada sinovite, que pode afetar várias articulações. Normalmente, tem início entre 30 e 40 anos e atinge duas vezes mais mulheres do que homens. O principal sintoma da doença é a presença de dor seguida pela presença de inchaço e calor em qualquer articulação, especialmente nas mãos e nos punhos. “A rigidez matinal é um outro sintoma comum da doença. A presença da inflamação crônica pode levar à destruição da cartilagem e à deformidade da articulação acometida”, contextualiza a médica.
Diagnóstico da doença
A descoberta precoce e o início rápido do tratamento são fundamentais para controlar a doença. Sendo assim, para estabelecer esse diagnóstico, é necessária a presença de alguns sintomas, bem como alterações do exame físico, exames laboratoriais e de imagem. Pode-se citar como exemplos a radiografia, a ressonância magnética e o ultrassom; dessa forma, é possível conferir o estado das articulações, como a inflamação, o aparecimento de erosões e outras deformidades.
Tratamento
O tratamento vai depender do estágio da doença e sua gravidade. Inclui anti-inflamatórios, como os corticoides, para dor e inflamação. A fim de controlar o processo inflamatório e evitar a destruição da articulação, é essencial o uso de drogas que modificam o curso da doença, que agem no sistema imunológico. Elas podem ser sintéticas ou biológicas, que se ligam de forma específica em estruturas celulares que atuam no processo inflamatório, neutralizando-as.
3. Síndrome de Sjogren
É uma doença crônica e autoimune que provoca a inflamação das glândulas produtoras de saliva e lágrimas, causando a secura dos olhos e da boca. A reumatologista alerta que pode acometer outros órgãos, como as articulações, a pele, os pulmões, os rins e o sistema nervoso. “Atinge, em 90% das vezes, mulheres acima dos 40 anos, e pacientes que apresentam artrite reumatoide e lúpus têm mais chance de desenvolver a doença”, pontua.
Sintomas e diagnóstico da doença
Os principais sintomas são a boca seca e/ou o olho seco. O paciente se queixa de sensação de areia nos olhos ou dificuldade para mastigar e engolir alimentos sólidos como pães e biscoitos. Quanto ao diagnóstico, ele é realizado a partir dos sintomas do paciente e exames solicitados pelo reumatologista. Também são solicitadas avaliações para medir a quantidade e qualidade de lágrimas e o fluxo salivar. “O ultrassom é um exame útil para identificar a inflamação e o aumento das glândulas salivares e avaliar a necessidade de realizar a biópsia da glândula”, diz a médica.
Tratamento
O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas e dar qualidade de vida ao indivíduo. No caso de secura nos olhos, colírios lubrificantes, conhecidos como lágrimas artificiais, podem aliviar o sintoma. Colírios anti-inflamatórios ou imunomoduladores também ajudam a controlar a inflamação. Para o tratamento da boca seca, beber pequenos goles de água em períodos curtos é uma medida paliativa que pode ajudar. “Alguns tratamentos imunobiológicos são úteis para o controle dos sintomas, mas também dos mecanismos da doença“, finaliza a profissional.
4. Espondilite anquilosante
Trata-se de uma doença inflamatória crônica que atinge as articulações do esqueleto axial, principalmente da coluna, porém também é comum o acometimento de grandes articulações como quadril, joelho, tornozelo e ombros. “É uma doença mais prevalente em homens entre 20 e 40 anos e pela presença do HLAB27, um marcador genético, e tende a ocorrer em famílias”, pontua a Dra. Karine Luz.
Sintomas da espondilite anquilosante
A principal queixa é a dor na coluna por mais de três meses, associada à rigidez matinal, que é pior à noite e diminui de intensidade ao longo do dia. A dor na região das nádegas, que pode se espalhar para a coluna, é outro sintoma comum no início da doença. Em casos mais graves, podem ocorrer lesões nos olhos (uveíte), no coração, nos pulmões e nos intestinos.
Diagnóstico da doença
A princípio, não existe um exame direto para diagnosticar a espondilite anquilosante, segundo a reumatologista. “É levado em consideração um conjunto de sintomas e realizados exames de imagem como raio-X ou a ressonância magnética da bacia e da coluna. O ultrassom também é um exame útil para avaliar a artrite e a entesite”, analisa. Desse modo, o médico, provavelmente, irá solicitar exames laboratoriais para identificar a presença do marcador genético (HLAB27) e para detectar a presença de inflamação, como a velocidade de sedimentação das hemácias (VHS) e a proteína C reativa (PCR).
Tratamento
Os objetivos do tratamento são aliviar os sintomas dolorosos e reduzir os riscos de deformidades. Para o alívio da dor, são utilizados medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais, analgésicos e relaxantes musculares. Também é orientado o uso de modificadores da evolução da doença, como a sulfasalazina, o metotrexato e a terapia biológica.
5. Artrite psoriásica
É uma doença inflamatória crônica relacionada à psoríase, que se caracteriza pela presença de lesões avermelhadas e escamosas na pele, as quais podem acometer qualquer região do corpo. Logo, a ocorrência da artrite pode iniciar antes, durante ou após a presença da lesão da pele.
A reumatologista alerta que a artrite geralmente acomete as articulações das mãos e dos pés, mas também pode ocorrer dor na coluna. “Além das articulações, os tendões e os ligamentos podem ser comprometidos pelo processo inflamatório, que pode levar à destruição da articulação. Atinge homens e mulheres na mesma proporção”, afirma.
Diagnóstico da doença
Para diagnosticar a doença, é preciso examinar a pele e as articulações. Alguns exames de sangue podem ser solicitados para avaliar a presença de inflamação, conforme explica a profissional, como a proteína C reativa e a velocidade de hemossedimentação. “Os exames de imagem, como radiografia, ultrassonografia e ressonância magnética, podem ser solicitados. A ultrassonografia mostrou ser um exame importante na avaliação das articulações, tendões, enteses e, recentemente, na investigação das lesões das unhas”, conclui.
Tratamento
O tratamento tem o objetivo de reduzir e controlar a inflamação. São usados anti-inflamatórios orais e infiltrações nas articulações que estão mais prejudicadas são realizadas. Por isso, é uma das formas eficazes para o tratamento. O uso de medicamentos que evitem a destruição articular, como as drogas modificadoras das doenças sintéticas ou biológicas, faz parte do arsenal terapêutico.