Conheça os benefícios da neuroarquitetura no ambiente de trabalho
A neuroarquitetura representa uma área de estudos da neurociência aplicados na arquitetura. Por meio da técnica, é possível analisar como a composição do ambiente físico impacta o comportamento do ser humano.
Levando em consideração os benefícios do método, cada vez mais empresas têm aderido ao recurso para favorecer o bem-estar, a integração e o conforto no ambiente de trabalho, uma vez que funcionários satisfeitos aumentam significativamente a produtividade.
“É comprovado que o ambiente físico pode impactar nosso cérebro, que trabalha a partir de estímulos externos. Por isso, é importante pensar em espaços corporativos mais humanizados, que contribuam com o bem-estar dos colaboradores, com melhora na qualidade de vida e trazendo ainda mais resultados”, explica a arquiteta Denise Moraes, diretora de criação da AKMX Arquitetura e Engenharia.
Importância da neuroarquitetura
O esgotamento mental de trabalhadores é uma preocupação mundial, tanto que a Organização Mundial de Saúde (OMS) classificou a síndrome de burnout como doença de trabalho. Isso, por sua vez, reforça a necessidade de iniciativas por parte das empresas focadas na saúde mental dos trabalhadores.
“A reclassificação da síndrome de burnout exige que as empresas tomem medidas para prevenir o desgaste de seus colaboradores, garantindo programas preventivos ao burnout”, explica a advogada Aline Cogo Carvalho, do GBA Advogados Associados.
Neuroarquitetura promove interação entre funcionários
A ONE (Ocean Network Express), companhia de transporte marítimo, é um exemplo de quem investiu de maneira significativa na melhoria dos seus ambientes de trabalho. E, ao promover, a partir de 2019, um processo de mudança cultural, na qual trocou o perfil formal por outro mais descontraído, a firma instalou até uma chopeira em sua remodelada área de convivência, chamada Ocean Lounge. A AKMX fez o projeto do local, que ficou com espaços mais arejados, funcionais e modernos.
Hermírio Inamura, gerente administrativo da ONE, destaca que a pandemia serviu como um impulso para promover uma revolução na empresa. “Surgiu a oportunidade de criarmos um novo conceito de escritório e mudar a forma de trabalhar. Como a empresa implementou o trabalho híbrido, pensamos na oportunidade de os funcionários virem ao escritório e terem mais contato uns com os outros. Assim surgiu a ideia do Ocean Lounge, que pode ser utilizado conforme as necessidades, seja de lazer ou trabalho”, afirma.
Ambientes provocam reações cerebrais
Segundo dados divulgados pela OMS em 2022, no Brasil, cerca de 19 milhões de pessoas possuem algum tipo de transtorno de ansiedade. No universo corporativo, questões emocionais desta natureza e o estresse afetam diretamente a produtividade dos trabalhadores. Ciente desta realidade, a AKMX desenvolveu o conceito Neuro-Bio_UX, que une a neuroarquitetura com a biofilia e a experiência do usuário, projetando ambientes capazes de provocar reações cerebrais positivas.
“Conhecer a rotina de um escritório, ouvir os funcionários, cuidar do bem-estar e valorizar a cultura de uma corporação são alguns dos ingredientes que usamos. Fazemos uma série de perguntas para saber a cultura da empresa e, assim, conseguimos quantificar salas e qualificar os ambientes. Transformamos isso em algo visualmente agradável que, somado à convivência de equipe, traz muitos benefícios”, destaca Denise.
Arquitetura biofílica como aliada
A arquitetura biofílica, por sua vez, faz a utilização de elementos como vegetação, madeira, bambu ou elementos que remetem à natureza. “Se aplicada em conjunto com cores mais neutras, a biofilia ajuda as pessoas a se conectarem com a natureza, proporcionando uma sensação de calma e leveza”.
Um estudo feito pela Universidade de Hyogo, no Japão, em uma empresa elétrica, mostrou que a frequência do pulso dos colaboradores, coletada em dois períodos distintos, variava após a colocação das plantas próximo a eles. Assim, concluiu-se que, com a diminuição dos batimentos cardíacos, reduziu também o estresse fisiológico e psicológico dos funcionários.
Por Rafael Franco